O último ano tem sido difícil para a vela nacional e o culminar desta burrasca foi a suspensão de atividade dos velejadores olímpicos. No passado dia 13 de Junho, os velejadores emitiram um comunicado.
Os velejadores que integram a equipa do Projecto Londres 2012 vêm por este meio dar conhecimento da presente situação da vela nacional, nomeadamente referente ao Projecto Londres 2012.
Terminada a 6ª etapa da ISAF World Cup Sail for Gold que se realizou em Weymouth Inglaterra, de 5 a 11 de Junho, onde os Velejadores Olímpicos tiveram de adiantar verbas próprias para poderem estar presentes em mais uma regata de preparação para os Jogos Olímpicos de Londres 2012, os mesmos informam que:
1 A actual situação da Federação Portuguesa de Vela, não permite aos Atletas competir em situação de igualdade com os países que irão estar presente nos Jogos Olímpicos de Londres 2012;
2 As verbas destinadas à preparação olímpica dos Velejadores, a que estes têm direito por obtenção de resultados de mérito desportivo, e formalmente contratualizadas, não estão a chegar aos Atletas e por esse motivo torna-se impossível competir ao nível internacional;
3 Os Velejadores Olímpicos fizeram um grande esforço financeiro para estarem presentes na regata Sail for Gold, pois consideraram que era de extrema importância competir no local onde irão ser disputadas as regatas olímpicas. Importa referir que Portugal era o único país em competição que não tinha qualquer treinador, à excepção de João Rodrigues e Rita Gonçalves que fizeram questão de financiar a actividade dos seus treinadores. Os Velejadores também não tiveram acompanhamento de um director de Equipa Olímpica para ajudar na logistica que a participação numa prova deste grandeza exige;
4 Neste momento, não existem mais condições financeiras por parte dos Atletas para continuarem a adiantar verbas, por forma a poderem competir em provas Internacionais;
5 Os Velejadores Olímpicos não irão participar no Campeonato da Europa de Classes Olímpicas, importante prova Internacional, e que é também uma prova de integração / renovação dos Atletas que estão neste momento integrados no Projecto Olímpico Londres 2012;
6 A Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto (SEJD) e o Comité Olímpico de Portugal (COP) poderiam ter evitado mais este interregno na actividade dos Velejadores Olímpicos, mas não o fizeram, penalizando assim uma vez mais os Atletas;
7 Pelos motivos acima referidos, os Velejadores Olímpicos decidiram parar a sua actividade, a partir de hoje, 13 de Junho, até que a situação se resolva, sob pena de não conseguirem assim apurar Portugal para estar presente nos Jogos Olímpicos de Londres 2012, qualificação que se realizará em Perth Austrália no próximo mês de Dezembro;
* – Local onde se realizará as regatas dos próximos Jogos Olímpicos de Verão, Londres 2012.
Velejadores Olímpicos
Álvaro Marinho (470); Miguel Nunes (470); Gustavo Lima (Star); Rúbrio Basílio (Star); Afonso Domingos (Star); Frederico Melo (Star); Jorge Lima (49er); José Luis Costa (49er); Bernardo Freitas (49er); Francisco Andrade (49er); João Rodrigues (RS:X); Sara Carmo ( Laser Radial); Rita Gonçalves (Match Racing); Diana Neves (Match Racing); Mariana Lobato (Match Racing)
Entretanto a Federação Portuguesa de Vela emitiu também um comunicado, a 14 de Junho, que publicamos na integra.
Bons ventos para a vela nacional
1) A Direcção da Federação Portuguesa de Vela congratula-se pela publicação em Diário da República do Despacho nº 8207/2011, de 14 de Junho de 2011, exarado pelo Senhor Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Dr. Laurentino Dias, que revoga a suspensão da Utilidade Pública Desportiva à instituição.
2) Ultrapassado o calvário, que durante um ano penalizou a Vela nacional, fica repos-ta a normalidade e pode agora a modalidade retomar o seu rumo, que tem garan-tido inúmeros sucessos ao desporto português.
3) Foram doze meses de enormes sacrifícios para todos os que, de forma abnegada, permitiram que o calendário nacional fosse cumprido na íntegra e as participações internacionais se saldassem em medalhas e títulos.
4) As centenas de velejadores que competiram nas provas nacionais e internacionais, os treinadores que os acompanharam, os clubes que organizaram os campeonatos e subsidiaram os seus atletas sem receberem os respectivos subsídios, os oficiais de regata e juízes que cumpriram as suas funções sem receberem, os pais que foram obrigados a suportar as despesas de deslocações ao estrangeiro, os funcio-nários da FPV com 12 meses de salários em atraso, contribuíram de forma decisiva para que a Vela não parasse e continuasse o seu caminho. Todos merecem uma palavra de louvor, pela dedicação e brio.
5) Com este Despacho do Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, a gestão do Projecto Olímpico Londres 2012 regressa também à FPV. Um facto assinalável e que releva ainda mais a extemporaneidade do comunicado ontem assinado pela Equipa Olímpica. A Direcção da Federação Portuguesa de Vela lamenta a decisão dos velejadores, considerando que distorce a realidade, é precipitada e injusta. Ainda mais, dadas as declarações públicas, nos últimos dez dias do Dr. Laurentino Dias, do Comandante Vicente Moura (Comité Olímpico de Portugal) e do Dr. Luís Sardinha (Instituto do Desporto de Portugal), que apontavam para a que a situa-ção se resolvesse em poucos dias, tal como veio a acontecer. Apesar de tudo, a FPV está confiante numa participação bem-sucedida nas Olimpíadas de Londres 2012.
José Manuel Leandro
Presidente da Federação Portuguesa de Vela
A 15 de Junho os atletas olímpicos voltam a emitir um comunicado.
Os velejadores da Equipa Olímpica de Vela vêm por este meio esclarecer o seguinte:
– As posições assumidas pela Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto (SEJD) e pelo Comité Olímpico de Portugal (COP) no passado recente, foram de fulcral importância para a continuidade da Vela no Projecto Olímpico de Londres 2012 aquando da suspensão dos Estatutos de Utilidade Pública (EUPD) da Federação Portuguesa de Vela (FPV). Facto que os velejadores reconheceram e agradeceram pessoalmente no dia em que foi comunicado o despacho do Sr. Secretário de Estado, Dr. Laurentino Dias.
– A gestão do Projeto Olímpico foi assim assumida pelo COP desde Janeiro de 2011 até ao dia 18 de Maio do presente ano, e garantiu as condições minimas para a continuidade do mesmo. Os velejadores da Equipa Olímpica foram apanhados de surpresa ao serem informados da cessação da gestão por parte do COP apenas no próprio dia em que esta tomou efeito (19 de Maio de 2011), sem qualquer aviso prévio e com total desconhecimento da possibilidade desta mesma acção;
– À data de 18 de Maio de 2011, havia velejadores que se encontravam em competição e/ou em estágios no estrangeiro, e que viram os seus financiamentos suprimidos, sendo assim obrigados a adiantar verbas próprias para a continuação das suas funções, verbas estas que os Velejadores não tem capacidade para financiar, nem devem os Atletas se substituir às obrigações da FPV no que a este tema toca;
– A Equipa Olímpica de Vela não entende porque é que a Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto e o Comitê Olímpico de Portugal sabendo previamente que o dia 18 de Maio era a data estabelecida para o término do despacho, nao se pronunciaram perante os velejadores para informar e tentar evitar esta situação.
– Nenhum atleta integrado no Projecto Olímpico tem o dever ou a obrigação de adiantar verbas próprias para o pagamento da difícil logistica que uma modalidade como a Vela exige. A participação na 6ª etapa da Taça do Mundo, Sail For Gold Regatta, que teve como palco o mesmo local da realização dos próximos Jogos Olímpicos, foi totalmente suportada pelos velejadores, não tendo estes recebido até à data, por parte das entidades competentes, quaisquer montantes relativos a esta deslocação. Ainda assim, e praticamente sem apoio técnico, é de realçar que todas as classes representadas neste evento conseguiriam o apuramento de Portugal para estarem representados nas olímpiadas de Londres 2012, caso se tratasse do Campeonato do Mundo que qualificará os países que irão competir em Londres.
– A opção de suspender a actividade por parte dos velejadores, deve-se a que esta é uma situação recorrente, insustentável, na medida em que nenhum Velejador consegue subsidiar a sua própria campanha, drámatica, uma vez que estamos a poucos meses da qualificação para os Jogos Olímpicos de Londres 2012, intolerável e imperativa na obtenção de uma solução definitiva;
– Consideramos ser de extrema importância, para a rápida resolução deste grave problema, que a FPV e o COP se entendam o mais rapidamente possivel e encontrem uma solução viável para o retomar da nossa actividade;
– É também grande preocupação da Equipa Olímpica de Vela, que haja total garantia que as verbas destinadas à preparação dos Atletas integrados no Projecto Olímpico Londres 2012, sejam aplicadas na mesma e não em destinos de outro foro;
– Os velejadores consideram assim que até a situação estar totalmente resolvida não retomarão a actividade.