Calor, bom tempo, animação, visitantes e agentes económicos satisfeitos assim se pode caracterizar a edição de 2014 do Salão Náutico Internacional de Barcelona, em Espanha.
Texto, fotografia e vídeo: Vasco de Melo Gonçalves
Foi este o ambiente que encontrámos em Barcelona com as empresas mais animadas fruto de contactos e visitas mais efetivas por parte dos visitantes. Os recentes números avançados pela ANEN revelam que o sector estar a sair da estagnação e começa a existir crescimento nas vendas e nos registos de embarcações.
O que tenho vindo a reparar é que com esta crise, o potencial utilizador de barcos mudou a forma de encarar a Náutica de Recreio e, confirmei essa minha ideia em contacto com outras realidades europeias. Penso que o nauta gosta de experiências ligadas ao mar mas, já não paciência para ter um barco! As legislações, as manutenções, o estacionamento, o sentido de posse, o pouco uso que dão aos barcos, a incerteza económica fazem com que as pessoas se decidam mais pelo aluguer. O futuro dirá se tenho razão ou não mas, estou preocupado porque vejo alguns dos agentes económicos a atuarem perante a crise como ela fosse apenas uma crise económica e mal ela passe irá voltar tudo à mesma como era dantes apenas com um ritmo mais lento e sem tanta euforia.
A Furuno Ibérica assumiu, recentemente, a responsabilidade do mercado português.
O construtor espanhol Rodman continua a apostar no segmento da náutica de recreio e apresentou o renovado Muse 44.
Depoimentos
António Batista, responsável pela marca San Remo, fala sobre o seu novo modelo de barco – Blue Sky 860 – apresentado no Salão Náutico de Barcelona 2014.
José Augusto é o responsável da empresa Sea Way que representa, em Portugal, o fabricante de barcos Lagoon. No Salão Náutico de Barcelona falou sobre o novo modelo MY630.
Rui Ferreira é o responsável pela empresa Limatla que representa a marca norte-americana de barcos a motor Monterey. No Salão Náutico de Barcelona falou sobre as novidades 2015.
Salão Náutico reflete os sintomas de recuperação do sector
O Salão Náutico Internacional de Barcelona confirmou a tendência de recuperação do sector. Durante cinco dias, o certame, que apresentou 120 novidades e exibiu mais de 650 embarcações, registou um importante volume de negócios e uma grande afluência de público.
O presidente do salão Luís Conde afirmou que esta edição respirou mais otimismo, os expositores receberam mais visitas, receberam mais consultas e efetuaram mais contactos e vendas do que nas edições anteriores. Nesse sentido, assegurou que se constatou uma vez mais que o certame é um reflexo do setor, que pela primeira vez em seis anos registaram-se cifras positivas no número de registos de embarcações, com um crescimento de 12,8% até setembro.
Por sua parte, o diretor do Salão Náutico, Jordi Freixas, salientou que foi uma das edições mais animadas dos últimos anos e destacou uma certa mudança no perfil do visitante: Nesta edição não só compareceram mais compradores interessados em adquirir uma embarcação bem como conseguimos atrair mais público jovem e famílias que experimentaram as diferentes propostas que concebemos para disfrutar do mar. Uma das que teve mais êxito foi a piscina geradora de ondas instalada nas águas do porto, uma iniciativa pioneira na Europa, onde mais de 400 pessoas se atreveram a surfar.
A edição de 2014 do Salão Náutico Internacional de Barcelona registou mais de 54 000 visitantes e a próxima edição decorrerá de 14 a 18 de Outubro de 2015.
O sector náutico em Espanha
Os registos de embarcações de recreio cresceram 12,8% de janeiro e setembro de 2014 em relação ao mesmo período do ano passado (até setembro registaram-se 3 756 unidades), segundo dados fornecidos pela ANEN. Andaluzia, Catalunha e Baleares são, por esta ordem, as três comunidades autónomas que lideraram o mercado neste período de tempo.
As embarcações de menos de 8m de comprimento são as mais escolhidas: durante os nove primeiros meses de 2014 representaram 90,2% dos registos, incluindo motos de água.
Em 2014, o segmento das embarcações de maior comprimento registaram os maiores crescimentos. As embarcações com comprimentos superiores a 16m aumentaram 48% (25 registos nos primeiros nove meses de 2013 contra os 37 deste ano). Também as embarcações de 12 a 16m de comprimento subiram 28,8% (66 registos em 2013 contra 85 este ano).
Em relação a tipologias, os barcos a motor continuam a dominar o mercado e representam 42% do total de registos. Todos os segmentos registaram crescimento, desde os pneumáticos transportáveis (50%) às embarcações à vela (21%).
O mercado de aluguer de embarcações cresceu 56% de janeiro a setembro de 2014, em relação ao mesmo período de 2013. Nos primeiros nove meses as embarcações de aluguer alcançaram as 353 unidades. Esta cifra supera incluso, as de 2007, último ano com resultados positivos para o sector antes da crise.