Ria de Aveiro: Um destino de Pesca…

A pesca lúdica é um dos fatores de atratividade da ria de Aveiro para pescadores de todo o país. Cria uma dinâmica económica na região, quer através da criação de empresas de Marítimo Turística, quer pela procura de lojas especializadas, alojamento e restauração.

A Ria de Aveiro possibilita uma diversidade de atividades que a tornam num local único. Com uma profundidade média de um metro e uma máxima de quatro a sete metros, as águas da laguna são habitat de várias espécies piscícolas que sustentam muitos pescadores profissionais e fazem as delícias dos pescadores amadores. Entre estas espécies contam-se a dourada, a solha, o sável, o linguado, o robalo, o rodovalho, a lampreia e a enguia, sendo esta última uma das iguarias mais procuradas nos restaurantes da região. Também abundam o berbigão e o caranguejo, fáceis de apanhar na maré baixa, e numerosas espécies de algas. Esta abundância proporciona um cardápio apetitoso para as muitas espécies de aves que aqui vivem ou que procuram a Ria de Aveiro para se alimentar, nidificar e descansar.
Há locais privilegiados para pescar à linha nas margens da ria. O molhe de São Jacinto, por exemplo, é o mais acessível e, por isso, também mais frequentado. É possível capturar exemplares de bom porte, embora seja necessário lançar o isco a distâncias entre 60 a 80 metros. O molhe das Vacas, em frente ao anterior, é apenas acessível de barco e permite pescar em maior profundidade, uma vez que se situa junto a um local de passagem de navios. O chamado molhe dos Reformados é acedido, preferencialmente, de barco mas, sendo uma zona um pouco mais rochosa e profunda, aconselha-se a aumentar o calibre da linha e apostar em lançamentos por volta dos 40 metros.
Apenas acessível de barco, o Triângulo é, segundo muitos, o mais desafiante dos pesqueiros. Implica a utilização de materiais mais robustos e mais resistência física e mental, pois os fundos são rochosos e existem redes enterradas perto das margens que prendem as linhas. É o local ideal para pescar em qualidade e não em quantidade, já que os exemplares pescados costumam compensar a paciência. Fonte: Turismo do Centro

Pedro Tavares

Opinião
Pedro Tavares é um pescador lúdico com vasta experiência de pesca na ria de Aveiro e foi com ele que conversámos durante uma das nossas deslocações à região.
NP – Que espécies podemos capturar na ria de Aveiro?
Pedro – O mais vulgar é o robalo e a dourada. Mais no Inverno podemos capturar solhas, safios e linguados.

NP – Quais as principais zonas da ria para pescar?
Pedro – No que diz respeito à pesca embarcada e do robalo, a zona do triângulo e os esteiros em S. Jacinto. Entre S. Jacinto e a Torreira dá bom peixe!

NP – Existe algum tipo de técnica específica da região?
Pedro – Normalmente fazemos uma pesca à rola com vinil para capturar o robalo.

Um belo robalo

NP – Na ria a pesca é sazonal?
Pedro – Sim e com especial incidência no Verão, essencialmente de Março a Outubro/Novembro. Depende muito das condições meteorológicas pois, se a chuva chega mais cedo, podemos deixar de pescar em Outubro, por exemplo…

NP – Ao nível das infra-estruturas de apoio à pesca lúdica qual é a situação na região?
Pedro – É fácil meter um barco na água. Temos muitas marinas e rampas bem como, diversos clubes com guinchos. As rampas são gratuitas, nos guinchos podemos pagar entre 10 a 20 Euros para colocar o barco na água.

Na pesca à rola deveremos ter 2 a 3 pescadores por barco

NP – Qual o tipo de barco ideal para a pesca na ria?
Pedro – Definitivamente um barco open com consola central e auto-escoante. É o barco de eleição aqui em Aveiro!

NP – Para quem não tem barco é fácil vir à pesca na região de Aveiro?
Pedro – Para a pesca na ria não existe nenhuma empresa que se dedique ao aluguer de barco ou a levar pessoas à pesca. No tipo de pesca que fazemos o máximo de pessoas, por barco, deverá ser de 3, o que não torna muito rentável a saída!
Na pesca de mar a situação é diferente e devem existir mais de 10 empresas de Marítimo Turística dedicadas à pesca.

NP – Quais as espécies mais capturadas em mar?
Pedro – Sargo, besugo, goraz, faneca, carapau e pargo (é um troféu).

NP – De onde são oriundos os pescadores que aqui pescam?
Pedro – A sua grande maioria vem do norte de Portugal (Viana, Guimarães, Gaia) mas também temos de Lisboa e Figueira da Foz. Penso que de fora são cerca de 70% entre apeados e embarcados.

O barco
Na nossa atividade de pesca utilizámos o modelo Isonautica 550 Master, um barco com 5,53 m de comprimento e equipado com um motor Suzuki DF70 ATL Preto. O conjunto mostrou ser mais do que suficiente para o tipo de pesca e para a zona possuindo um preço justo de 21 445,00 Euros (c/IVA).

O Isonautica 550 Master é um barco de consola central com motor fora de borda com diversos espaços para arrumos distribuídos ao longo do barco (à proa, na consola, no banco da consola e junto ao painel de popa). A consola é envolvente, equipada de pega-mão em todo o seu redor e com uma dimensão que protege apenas o piloto. Dispõe de espaço suficiente para a instalação de sistema de som, equipamentos de ajuda à navegação e de controlo do motor. O banco da consola não é regulável em altura, possui encosto móvel e, no seu interior tem um espaço para arrumo.
O poço é adaptável ao programa de navegação do proprietário. Caso seja pesca lúdica temos diversos espaços para isco vivo mas, se o programa é passeio o construtor disponibiliza mesa e estofos para os diversos bancos.
Ao nível da circulação a bordo ela faz-se com grande facilidade e por ambos os lados da embarcação.

A navegar
Também a navegar o conjunto 550 Master / Suzuki DF70 ATL mostra qualidades idênticas às dos 570 Açor/ Suzuki DF90 ATL. A boa relação peso/potência permitiu um arranque ainda mais rápido do que com o 570 Açor. Com três adultos a bordo, planámos em apenas 1,53 segundos e atingimos as 5000 rpm em 6,44 segundos a fazer 25.5 nós. A boa capacidade de manobra, a sensação de segurança mesmo em curva e a velocidade, fazem deste conjunto uma boa opção para quem gosta de navegar.
No que diz respeito à posição de pilotagem gostámos mais da de pé em relação à sentada (é uma questão mais pessoal), talvez com um banco regulável a opinião fosse diferente. Face à dimensão do barco a distribuição do peso a bordo é importante mas não determinante.