Numa manhã de Inverno mas com muito sol fomos navegar pela ria de Aveiro à procura de produtos endógenos com uma utilização na gastronomia.
Na ria de Aveiro têm surgido diversos projetos ligados a produtos endógenos, mas o da Ilha dos Puxadoiros chamou à atenção pela diversidade de produção e pela oferta complementar de um turismo de natureza sustentável.
Colocámos o barco na água na grua do Clube Naval de Aveiro (um bom serviço e grande eficiência) e fomos navegar um pouco pela ria pois, o acesso à Ilha dos Puxadoiros está um pouco condicionado pelas marés. Navegando calmamente entre os esteiros labirínticos chegámos ao cais que dá acesso à ilha onde fomos recebidos pelo senhor Henrique Dias um dos 11 sócios que, numa sardinhada, decidiram criar este excelente projeto.
Ilha dos Puxadoiros
A Ilha dos Puxadoiros, com cerca de 40 hectares, toma o nome da Marinha dos Puxadoiros, cuja primeira notícia data de 1433 e é a última das 8 marinhas que existiam nesta Ilha… A Ilha, que está localizada no coração da Ria de Aveiro, pertence ao Grupo Norte do salgado aveirense. O acesso faz-se a sul pelo Esteiro de Sama ou dos Frades e a norte pelo esteiro das Brasalaias.
Na Ilha dos Puxadoiros há a ambição de criar valor num ambiente de usufruto sustentável e em harmonia com o ecossistema da Ria de Aveiro.
Em condomínio com a fauna, a flora e a cultura das comunidades locais, tem-se como ambição desenvolver, de forma integrada e inovadora, um conjunto de atividades económicas baseadas nos recursos e capacidades endógenas e tradicionais da Ilha dos Puxadoiros.
Reconhece-se que a preservação e manutenção da Ilha depende da capacidade para manter e preservar o ecossistema e simultaneamente gerar o valor que lhe dará sustentabilidade.
Valorizam-se os produtos endógenos da Ilha, sem qualquer tratamento químico ou mecânico, desenvolvendo-se cinco grandes áreas de negócios:
– o Sal e a Flor de Sal – produzidos por métodos artesanais;
– a Salicórnia e outras plantas halófitas – fresca, em conserva, em pó e em sementes;
– produção de algas (alface do mar);
– as Ostras e a Aquicultura – com a produção de ostras Crassostreia Gigas, em tanques adaptados das antigas marinhas de sal, em complemento com a amêijoa, o linguado e o robalo numa abordagem multitrófica.
– o Turismo – de natureza e de baixa intensidade, com visitas guiadas à produção de sal, aos campos de salicórnia e de descoberta da fauna e da flora da Ria, com programas de degustação de ostras e de salicórnia e dos produtos típicos da Região da Ria de Aveiro.
Os produtos são comercializados maioritariamente em Portugal sendo que 10% da produção da ostra vai para França. Já o sal e a flor do sal tem uma distribuição por todo o mundo.
Grande parte do trabalho de investigação e implementação de espécies tem sido feito em estreita colaboração com a Universidade de Aveiro. Ao nível das visitas (marcação prévia) a empresa está preparada para receber escolas e particulares sendo o embarque feito num cais em Aveiro.
Conheça o projeto em http://www.ilha.ilhadospuxadoiros.pt
Onde Comer
No final da manhã solarenga mas fria de Inverno, após a visita à Ilha dos Puxadoiros, fomos almoçar ao restaurante Terminal, em São Jacinto, mesmo junto ao cais. O restaurante tem uma localização magnífica pena é, que o cais de utilização pública esteja ocupado ilegalmente a tempo inteiro não permitindo que um barco atraque, em condições, para vir a terra…
Nesse final de manhã saboreámos uma magnífica caldeirada de peixe com raia, pescada, garoupa, red fish com batata, tomate e pimento. Para os mais “atrevidos” um molho adicional mais potente com piripiri! A caldeirada foi acompanhada com um agradável vinho branco do Dão, o Cabeça do Mocho de 2017.
O serviço é bom e onde se destaca a simpatia e a eficiência.
Restaurante Terminal, Avenida Marginal, São Jacinto, Aveiro, Portugal
O barco
Nesta nossa jornada pela ria de Aveiro utilizámos um novo modelo barco do construtor português Obe & Carmen. O Fisher 625 é um barco a motor com 6,25 m de comprimento, possui uma consola central envolvente, uma borda alta, cala muito pouco (ideal para navegar nos canais da ria) e a sua motorização é fora de bordo.
O seu layout interior contempla diversas zonas de estar, distribuídas ao longo do convés. É possível uma navegação estável e agradável para quem quer apreciar a Natureza e queira observar a fauna existente na ria. A grande capacidade de arrumos permite encarar uma saída de um dia sem qualquer problema.
A navegar e equipado com um motor Yamaha de 115 Cv o conjunto teve um bom comportamento dinâmico e transmite uma sensação de segurança.
O construtor tem a capacidade de personalizar o barco, seja ao nível de layout seja do equipamento, em função da utilização do mesmo.