Restauro do Farol-Capela de São Miguel-o-Anjo

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A intervenção de conservação e restauro do Farol-Capela de São Miguel-o-Anjo, no Porto, deverá arrancar brevemente.

A empreitada está orçada em cerca de 180 mil euros, e será custeada – em partes iguais – pela Direção Regional de Cultura do Norte, Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo – APDL e Associação Comercial do Porto, entidades envolvidas na gestão daquele espaço.

Esta intervenção junta-se à requalificação da Estação Salva-Vidas da Cantareira, dando seguimento ao Protocolo de Cooperação entre o Ministério da Defesa Nacional/Marinha Portuguesa e a Direção Regional de Cultura do Norte, celebrado em 2015, visando a salvaguarda e valorização do Farol-Capela de São Miguel-o-Anjo.

Pretende-se proceder à conservação e restauro do Farol-Capela de São Miguel-o-Anjo, tendo como finalidade última a abertura ao público e criação de um pequeno núcleo expositivo que enquadre historicamente o sítio e o monumento.

De acordo com o referido Protocolo a DRCN está autorizada a utilizar a área de 71m², da Estação Salva-Vidas da Cantareira, necessária para criação do Núcleo Interpretativo do Farol/Ermida de São Miguel-o-Anjo, inserido no projeto global de recuperação e requalificação deste local emblemático da cidade do Porto.

A área a utilizar pela DRCN permanece no domínio público militar e as obras necessárias ao cumprimento do fim pretendido serão efetuadas sob a responsabilidade da DRCN, entidade a que compete, igualmente, articular com as entidades envolvidas na remodelação e conservação da área que irá constituir a Estação Salva-Vidas, recuperação da Estação Semafórica e adaptação dos espaços interiores para o Núcleo Interpretativo do Farol/Ermida de São Miguel-o-Anjo.

Sobre o Farol/Capela de São Miguel-O-Anjo
O Farol-Capela de São Miguel-O-Anjo, no Porto, é uma peça de arquitetura marítima de valor singular no panorama patrimonial, primeiro farol construído de raiz em território nacional.

Classificado em 1951 como Imóvel de Interesse Público, o Farol encontra-se fechado e em muito mau estado de conservação, devido à salinidade do ar, ao desgaste natural de quase 500 anos de vida, às mutilações provocadas pelo encosto dos outros edifícios e por usos espúrios.
O objetivo geral da intervenção a realizar pela Direção Regional de Cultura do Norte visa, conforme referido, a conservação/restauro do edifício do Farol e a sua valorização, incluindo-se nesta a abertura ao público e a criação de um núcleo expositivo.

O Farol/Capela foi construído por volta de 1528, por iniciativa e a expensas de D. Miguel da Silva, embaixador do rei junto do Papa, Bispo de Viseu e Abade Comendatário do Mosteiro de Santo Tirso.

O Mosteiro de Santo Tirso detinha desde o séc. XII a jurisdição do Couto de S. João da Foz, o que explica a relação territorial e de interesses.
D. Miguel, na qualidade de embaixador do rei de Portugal em Roma, conheceu de perto o refinamento cultural que se respirava nas cortes italianas de cinquecento. No regresso a Portugal trouxe consigo Francisco Cremonês, na qualidade de arquiteto privado, o qual foi responsável pelo risco das várias obras empreendidas pelo prelado, dentro das quais se inscrevem a Igreja de S. João da Foz e anexo Paço Abacial, bem como o Farol de S. Miguel-O-Anjo e dispositivos escultóricos da entrada da Barra do Douro.

O Farol foi desativado nos meados do séc. XVII, mantendo-se ao uso apenas como Capela. Mas o isolamento e a própria implantação foram alterados.

À estrutura quinhentista adossaram-se dois edifícios: o dos Pilotos da Barra do Douro, construído em 1841 e a Torre Semafórica ou Telégrafo, levantada poucos anos mais tarde, por iniciativa da Associação Comercial do Porto. E os rochedos onde fundava o farol ficaram afundados no molhe construído nos finais de oitocentos, no âmbito das obras de beneficiação da Barra.

Instrumentos de medição foram entretanto associados, aproveitando a plataforma do molhe: o marégrafo e o anemómetro, o primeiro para a altura das marés e o segundo para a velocidade dos ventos. Por último, foi adossada à plataforma uma rampa de acesso, destinada a barcos de pesca e de socorros a náufragos. Fonte: Direção Regional de Cultura do Norte

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