Uma frota de 87 iates já está preparada para entrar na regata Rolex Sidney Hobart Yacht Race, que este ano começa no dia 26 de Dezembro. O favorito, o Wild Oats XI de Bob Oatley, vencedor em tempo corrigido do ano passado e o recordista da regata, estará presente para tentar fazer novamente história.
Este ano, a tarefa não parece nada fácil. O Wild Oats terá de defrontar o Skandia turbo de Grant Wharington, um anterior vencedor, e o Maximus neozelandês de Bill Buckley e Charles St Clair Brown, que faz a sua estreia na competição. Caso consiga vencer, será o primeiro iate depois do Astor, em 1964, a conseguir duas vitórias consecutivas na regata.
Maxis, Volvos 70 e ABN AMRO
O maxi de 30 metros de Bob Oatley conseguiu um feito histórico nas competições. Com menos de duas semanas para se preparar, venceu o troféu JH Illington na linha de chegada e a copa Tattersall, onde conseguiu o primeiro lugar.
Nesta competição estarão também dois Volvo 70, que irão testar pela primeira vez aos percalços que tornam famoso o estreito de Bass e o mar da Tasmânia. O estreito, por exemplo, tanto pode estar extremamente calmo como difícil e escarpado, caso haja ventos fortes. No caso dos maxis, com uma linha de água comprida, há a possibilidade de serem criadas ondas, o que pressiona o barco, equipamento e tripulação. Tanto podem cair bruscamente no mar, como em cima da onda seguinte.
Estes obstáculos não se irão colocar tão facilmente aos Volvos, nascidos para este tipo de condições. A corrida oceânica Volvo, para a qual foram construídos, preparou-os para os oceanos mais duros. Em condições difíceis, os Volvo 70 são difíceis de bater, admite o skipper do Wild Oats XI, Mark Richards.
O Maximus de Charles St Brown está a ser promovido com um orçamento apertado, o que dificulta a sua adaptação a todas as situações, ou a contratação de uma tripulação profissional, mas o empresário acredita que o barco está preparado. Se os ventos estiverem fortes e os mares escarpados, o ABM AMRO provou ser incrivelmente rápido, porque todas as condições estão previstas por barcos especializados.
O skipper Grant Wharington, pelo contrário, não acredita que os Volvos constituam uma grande ameaça. Se for uma corrida como a de 99 (em que o Volvo 60 esmagou o recorde anterior), então eles serão competitivos; mas se estivermos perante uma regata Hobart tradicional, contra o vento, não acredito que eles consigam acompanhar os barcos de 30 metros, afirmou.
Juntamente com o designer Don Jones, o skipper tem trabalhado para tornar o barco mais forte e alterou-o de forma a melhorar o seu desempenho contra o vento, nomeadamente retirando algum chumbo, encurtando a popa e adicionando uma área de direcção de oito metros com uma forma diferente.
O ABM AMRO é também um forte opositor do Wild Oats XI, Skandia e Maximus. Por trás deste barco estará Mike Sanderson, recentemente nomeado velejador do ano pela ISAF Rolex, e que venceu a corrida oceânica Volvo. A sua equipa conseguiu puxar o barco ao limite de 628 milhas náuticas.
O único Volvo 70 a ter sido modificado foi o Ichi Ban, mais conhecido como Jones 70, que será conduzido por Matt Allen. A primeira oportunidade que teve para testar as suas modificações foi o challenge para grandes barcos CYCAs, no porto de Sidney, e o troféu Rolex Rating Series. O ABN e o Maximus só estarão em Sidney mais tarde, até porque precisam de ser reassemblados e testados. Por isso, é provaável que os cinco candidatos ao título apenas se encontrem no Boxing Day.
A Austrália em peso na competição
As regras de regata impuseram penalizações aos iates com quilhas com inclinação e armazenagem de energia, o que vai colocar os favoritos numa corrida dentro da corrida, enquanto o resto da frota vai estar a competir pelo mais recente prémio para os velejadores: a Copa Tattersall. Um dos muitos barcos vintage em competição pode vir a ser bem sucedido nesta área. Três antigos vencedores, Ray White Koomooloo, Love & War e Illusion vão juntar-se ao Terra Firma (vencedor em 95) e ao vencedor de 1996 e 2000 Ausmaid, cujo skipper é actualmente Trevor Taylor.
O vencedor absoluto pode estar entre barcos mais modernos, como o Corby 49 Flirt de Michael Hiatt, os dois Cookson 50, Living Doll e Quantum Racing, o Reichel/Pugh 55 Yendys de Geoff Ross ou o Reichel/Pugh de Stephen Ainsworth. Este último teve uma excelente performance na corrida Hamilton Island.
Os vários estados australianos, bem como o território da capital estarão devidamente representados no evento. O estado de Vitória colocou 16 candidatos, incluindo o skipper de 23 anos Chris Lewin, que vai competir na Hobart pela segunda vez com o seu Sydney 38. Do oeste australiano virão o Tasmania Three e o Queensland four, enquanto do sul apenas virá o Hardys Secret Mens Business de Geoff Boettcher.
Do território da capital virá David Kent, com o seu Gillawa, que acabou em último lugar em 2004 e 2005. Mesmo que não consiga chegar a Hobart no dia 31 de Dezembro, o Gillawa poderá ter a companhia de Maluka, o mais velho e mais pequeno barco da competição que está a ser restaurado por Sean Langman.
Entradas internacionais
A nível internacional, contam-se as presenças do Canadá (Kinetic de David Sutcliffe), da Holanda (ABN AMRO) e da Itália (DSK Comifin de Danilo Salsi), que estarão na regata pela primeira vez em muitos anos. A Nova Zelândia terá dois barcos: o Maximus e o Compass Point de Phil Chisholm; e o Reino Unido contará com três: o Jazz de Chris Bull, o Capriccio of Rhu de Michele Colenson, que está a circum-navegar o mundo e a velejar para sul no Boxing Day a favor do cancro da mama, e um antigo barco BT, o Adventure, que terá como tripulantes membros da corporação britânica Armys Royal Signals A.
A regata começa no dia 26 de Dezembro e quem vai disparar o sinal de aviso será o vencedor absoluto (por cinco vezes) da Rolex Sidney Hobart, Trygve Halvorsen. Às 1255 horas, John Powell, que venceu a regata em 1950 como tripulante do Nerida, vai disparar o sinal de cinco minutos. Por último, às 1300 horas, o antigo tripulante na Sidney Hobart de 1947 (agora com 90 anos), vai disparar o canhão que vai mandar a frota deste ano para o sul.
Barcos com história na regata
O Challenge do vitoriano Lou Abraham venceu duas vezes a regata, em 1983 e 1989, e está a preparar-se para a sua 44.ª competição com o Sidney 38 Challenge. Caso cumpra a missão, o skipper de 79 anos vai conseguir igualar o recorde de John Bennetto, da Tasmânia. Nigel Stoke vem celebrar o 40.º aniversário da sua vitória na regata com o Fidelis de 61 pés. Destaque último para o Foote Witchdoctor do Rum Consortiums Phillip, que vai passar este ano o recorde de Mark Twain, já que vai alcançar as 25 participações completas da regata Rolex Sidney Hobart. A tripulação já contabiliza mais de 160 entradas em corridas Hobart.