Onze anos depois da vitória em Múrcia, Espanha (1997), João Rodrigues tornou-se Campeão Europeu de prancha olímpica, culminando uma prestação fantástica na competição que terminou no passado dia 10 de Maio em Brest, França.
João Rodrigues foi o grande vencedor do Europeu disputado em Brest. |
Extremamente contente, era assim que definia o seu estado de espírito o velejador madeirense depois de saber que se havia sagrado Campeão da Europa, mesmo sem ter ido à água, já que a falta de vento no campo de regatas de Brest não permitiu que tivesse lugar a Regata das Medalhas, onde estariam os 10 melhores da frota de ouro na luta pelo título. Sendo assim, o olímpico português que liderava a classificação geral à entrada para a grande final, concluiu este Campeonato Europeu no 1º lugar, com um total de 15 pontos, superando o francês Julien Bontemps que ficou a 3 pontos, e o polaco Przmyslaw Miarczynski a 12 pontos.
Esta vitória sabe muito bem, sobretudo depois da Semana Olímpica de França, em Hyères, em que andei mal, referiu João Rodrigues, declarando ainda que acabou por ser uma surpresa chegar aqui e andar tão bem.
Vinha de uma prova há duas semanas que não correu nada bem e onde fui 14º, afirmou o velejador, referindo ainda que o plano de água de Brest é diferente do de Hyères, adaptando se melhor às minhas características, ao meu peso, à minha forma de navegar e de competir e isso reflectiu-se nos resultados desta semana excepcional. Com condições lhe eram favoráveis, nomeadamente a persistência de vento fraco, com muitas oscilações, com recurso a muita táctica e em que era preciso analisar o vento, aliado à boa velocidade que conseguiu sempre demonstrar as coisas acabaram por ser mais fáceis, declarou. Apesar desta aparente facilidade, João Rodrigues não esqueceu a última vez que liderou um Mundial até à fase final (2002) e depois acabou por ser um desastre e esse espectro veio-me à cabeça, mas consegui manter-me lúcido e ontem, no apuramento para a Regata das Medalhas, correu tudo muito bem.
O podím composto por João Rodrigues (1º), o francês Julien Bontemps (2º) e o polaco Przemyslaw Miarczynski (3º). |
Explicando um pouco dos segredos desta vitória, o Campeão madeirense contou que mudei completamente o meu equipamento, pondo de parte o que usei em Hyères e recorri ao que usei no Mundiais do ano passado e deste ano, foi só tirá-lo da prateleira, e foi em cheio!… pois o que eu estava a precisar era de mais velocidade e trabalhando muito a afinação das velas isso foi possível e no fim tudo correu bem. Fiz boas largadas, cometi poucos erros e também tive sorte com os erros de alguns dos meus colegas de competição e o que é que há-de dizer mais? que foi tudo muito bom e acabei por ganhar e essa sensação é muito boa, declarou o novo Campeão Europeu de RS:X.
Na sexta-feira a primeira regata foi excepcional e ganhei, já na segunda acabou por ser mais difícil pois acabou por ficar muito frio e o percalço do rasgão na vela condicionou um pouco, pois estava a ver que não conseguia chegar ao fim, referiu o olímpico português, concluindo que as coisas correram bem e aqueles metros no final deram-me vantagem.
Animado com o resultado alcançado ontem e que lhe permitia partir para a fase final na liderança, João Rodrigues sabia que tinha que dar tudo e ontem e hoje estive a preparar-me para esta final, embora não fosse fácil, pois não é nada bom estarmos 5 ou 6 horas à espera do vento para irmos para o mar, mas desta vez, felizmente, as coisas correram a meu favor. E assim foi, mesmo sem entrar na água, no dia 10 de Maio, João Rodrigues escreveu, aos 36 anos, mais uma página brilhante no seu vastíssimo currículo, sagrando-se Campeão Europeu pela terceira vez (2008, 1997 e 1996 em Mistral), que junta ao título de Campeão do Mundo (1995 e Mistral) e ao apuramento para os Jogos Olímpicos pela quinta vez consecutiva e as inúmeros triunfos e lugares de destaque em inúmeras provas internacionais.
Referindo que as coisas aconteceram e já está.. (risos), João Rodrigues afirmou ainda de que daqui para a frente o que posso prometer é continuar a trabalhar para dar o meu melhor, na certeza de que o método de trabalho e os parceiros que escolhi para esta fase são efectivamente os mais adequados.