O projeto FreePyro Igniter, em que participa o Departamento de Engenharia Mecânica (DEM) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), está a desenvolver um iniciador mais seguro e amigo do ambiente para ser utilizado na iniciação de artigos de pirotecnia.
Os resultados deste projeto são bastante promissores, tendo já sido desenvolvido e testado com sucesso um protótipo, que funciona com o sistema de disparo também criado pela equipa de investigadores do DEM. Este novo produto pode ser utilizado para iniciar diferentes tipos de componentes pirotécnicos.
De acordo com Ricardo Mendes, o responsável pelo projeto na FCTUC, a ideia é «desenvolver um iniciador mais sustentável e mais seguro, que não contenha substâncias consideradas explosivas, nem substâncias nocivas e que possa ser manipulado com toda a segurança. Na sua maioria, os iniciadores tradicionais são baseados em composições que contém chumbo ou mercúrio, matérias que têm um impacto negativo no meio ambiente e são também classificadas como perigosas, devido ao elevado risco na sua manipulação e utilização», explica o professor do DEM.
A grande diferença na composição deste novo produto, continua o investigador, «é que mesmo com uma iniciação em massa não produz explosão, porque não produz gases. Portanto, num incêndio, nunca haverá uma explosão. Por oposição, os iniciadores tradicionais, que são compostos por outro tipo de substâncias que geram temperaturas altas, mas também gases, podem originar explosões suscetíveis de causarem danos significativos», ressalva.
Apesar do objetivo estar cumprido e o conceito provado, «há necessidade de dar continuidade ao projeto, que termina ainda este ano, até porque este novo iniciador vai exigir que os sistemas utilizados para a iniciação desses artefactos tenham mais energia, ou seja, terá de ser desenvolvido também um sistema de disparo compatível com este iniciador», afirma Joana Quaresma, investigadora da Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial (ADAI) da FCTUC.
Segundo a equipa de investigadores, este novo produto terá vantagens a nível ambiental, de segurança e económico, uma vez que «contém substâncias com menor impacto no meio ambiente, tem a potencialidade de ser reutilizável, o transporte, o armazenamento e a utilização serão mais seguros e ainda, poderá evitar, no futuro, a importação deste tipo de produtos», conclui.
No projeto, financiado pelo programa Portugal 2020, participam cinco investigadores do DEM, ligados à ADAI e ao Laboratório de Energética e Detónica (LEDAP), nomeadamente Ricardo Mendes, Joana Quaresma, José Carlos Góis, Bianca Sterbling e João Pimenta.