Prestige 50 Fly

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Texto: Vasco de Melo Gonçalves Fotos: Estaleiro e VMG

A Jeanneau durante as jornadas de testes, em Barcelona, apresentou aos jornalistas internacionais a sua estratégia a curto e médio prazo. Para os responsáveis do estaleiro, o Grupo Bénéteau, do qual a Jeanneau faz parte, está forte ao nível financeiro apesar dos pequenos ajustes que teve de fazer para se adaptar à nova realidade económica. Esta saúde financeira permite continuar a política de expansão que a Jeanneau tinha delineado.
Em Barcelona dói comunicado que a gama Prestige vai-se autonomizar e passar a ser uma marca própria dentro do grupo. Esta nova estratégia, resulta do grande sucesso que a Prestige tem tido ao longo dos últimos anos e, visto a marca ter a necessidade de uma política e uma estratégia de desenvolvimento própria.

Na sequência desta nova estratégia foi apresentada a grande novidade para o ano de 2010, o Prestige 58. Com 18,50 m de comprimento, os designers tentaram implementar todos os novos conceitos de visual exterior e de conforto interior. Na harmonia de linhas é notória a influência italiana mas, Michael Peters tem ambições para esta sua nova criação ao conceber um casco clássico com um V profundo, característico dos grandes barcos e, com uma transmissão IPS. A escolha deste sistema tem como finalidade conciliar a performance com a boa capacidade de manobra e um consumo de combustível reduzido.
Em relação ao Prestige 50 Fly, nesta nova unidade vê-se que existe uma ligação, ao nível do conceito mas, muito mais contemporâneo e sofisticado. Mas o Prestige 50 Fly tem argumentos mais do que suficientes para se impor: 3 cabinas equipadas de camas duplas; 3 casas de banho; janela lateral a estibordo na cabina central; cabina de tripulação com casa de banho; cozinha separada do salão mas com comunicação; posto de pilotagem muito ergonómico; plataforma de banhos espaçosa (1,40 m); cockpit espaçoso e bem protegido; cabina de tripulação independente.

NAVEGAR
Suave e marinheiro
Um modelo preparado para todo o tipo de mar

O vento soprava forte, em Barcelona e, provocava uma ondulação não muito grande mas curta e chata. Se, nos outros modelos mais pequenos da Jeanneau que tive de experimentar, estas condições foram um problema no Pretige 50 Fly só deu para potenciar as características marinheiras do modelo.

A manobra dentro da marina é fácil devido à conjugação dos dois motores com o motor auxiliar de proa. Devido às condições atmosféricas efectuamos a nossa prova no posto de pilotagem principal no interior da embarcação. O seu posicionamento a um nível superior em relação ao convés permite que tenhamos uma visão periférica de boa qualidade. Ao nível ergonómico, nada a apontar pois possui uma boa colocação do volante e respectivos comandos dos motores. A leitura dos instrumentos é fácil e, em relação aos equipamentos de ajuda à navegação, a evolução tecnológica permite a aglumeração de informação em apenas um display, o facilita a vida a quem está aos comandos.


A navegar matêm-se os mesmos níveis de qualidade com qualquer tipo de mareação. Devido às condições de mar mantivemos uma condução produtente para não danificar material e para não causar mal estar aos passageiros. Um dos pontos fortes que reti, deste conjunto, foi a quase ausência da utilização de flaps e trim para manter uma navegação estável. A resposta dos motores às solicitações é boa tendo em conta o peso e o volume da embarcação aliado, a um vento forte. A Jeanneau mantém a sua ligação ao fabricante de motores Volvo e, o modelo Prestige 50 Fly vem equipado com dois D9 de 575 Cv cada.
O motor Volvo D9 de 6 cilindros em linha foi desenvolvido a partir do último desenho em tecnologia diesel. O motor incorpora um bloco de cilindros robusto, sistema de injecção de grande pressão, quatro válvulas por cilindro, turbo compressor de duas etapas e aftercooler. Possui ainda uma unidade de processamento EMS ( Electronic Management System) que permite um maior rendimento do consumo de combustível e uma menor emissão de escape.
Ao nível do consumo temos que cada unidade, às 2500 rpm, tem um consumo de 110 L/h.

INTERIOR
Requintado
A decoração e um lay-out de qualidade

O salão fica junto à entrada e num plano inferior em relação ao posto de pilotagem. É composto por duas zonas de estar distintas, a bombordo temos um pequeno sofá para três pessoas com a televisão embutida por detrás. Ao lado e junto à porta temos dois armários com o quadro eléctrico e um pequeno frigorífico de apoio. A estibordo temos um sofá em forma de C com uma mesa rebatível. Esta zona tem capacidade para albergar oito pessoas. Os interiores dos bancos são reservados para arrumos.

Passamos à parte superior através de dois degraus e, a bombordo, desenvolve-se uma zona de estar composta por um sofá em U e uma mesa quadrada. Esta área permite que o piloto não esteja isolado visto encontrar-se na mesma quota. A estibordo e por detrás do posto de pilotagem, temos um espaço de apoio composto por um balcão equipado com lavatório, frigorífico e armário para copos. O posto de pilotagem tem espaço para duas pessoas. O banco não possui afinação mas é confortável e com espaço para a colocação dos pés. Ao nível da instrumentação tem tudo o que é necessário e, ainda, um equipamento multi-funções que no caso era um Raymarine E-120. Junto ao posto do co-piloto temos um pega-mãos que também dá serventia à escada de acesso à cozinha e cabinas.

A cozinha fica a bombordo e está muito bem equipada. Em forma de L, possui balcão de trabalho, fogão com exaustor e lavatório duplo. Temos ainda, muito espaço de arrumação quer ao nível inferior como superior. Ao nível do equipamento temos um frigorífico e uma máquina de lavar loiça. A circulação de ar é assegurada através de uma vigia. Toda a zona é muito luminosa fruto das inúmeras janelas existentes no salão.
No interior, o grande destaque vai para a cabina do proprietário que ocupa toda a largura da embarcação, é luminosa e possui uma decoração muito agradável e de grande qualidade.

EXTERIOR
Inteligente
O conforto ao nível do interior

O Prestige 50 Fly é um barco com um visual moderno mas, sem grandes rasgos de design apostando em linhas sóbrias.
Numa análise sectorial a zona do poço e do flybridge são as mais relevantes devido a uma concepção acima do nível.

O poço tem uma boa disposição, temos um sofá em semi-círculo, junto à plataforma de banhos, com a capacidade para três pessoas. Na posição do meio temos uma passerelle extensível e a estibordo temos o acesso à cabina da tripulação (espaçosa e com casa de banho). No convés temos acesso aos compartimentos dos motores e de arrumos através de duas aberturas independentes. É ainda do poço que acedemos à plataforma de banhos através de uma pequena porta (é prática e segura) a bombordo. A plataforma é ampla, com diversos cofres e com a capacidade de se instalar uma moto de água.

O acesso ao flybridge faz-se através de uma escada segura com corrimão de ambos os lados. Como já tinha referido este é um espaço de excelência devido à sua dimensão e concepção. O segundo posto de pilotagem é central desenvolvendo-se para vante, uma zona de solário e para ré um espaço de estar com mesa. O posto de pilotagem possui banco duplo e, ao nível da instrumentação, é bastante completo. No que diz respeito a visibilidade em relação ao barco, ela é boa. A circulação no flybridge é boa e segura (quando o barco está parado).

As passagens de acesso à zona são de ambos os lados da embarcação, são espaçosas e seguras (temos passa-mãos da parte interior e o próprio varandim do barco). A zona da proa é espaçosa com um solário e um espaço de trabalho seguro para as manobras de fundear (possui guincho eléctrico).
A finalizar esta análise do exterior, achei que o Prestige 50 Fly possui uma concepção que permite trabalhar em segurança durante o período das manobras devido à boa circulação a bordo.

OPINIÃO
Uma aposta ganha
Numa gama que ganha a sua independência

Faz todo o sentido a tomada de posição, por parte da Jeanneau, em tornar independente a gama Prestige. Estamos perante um leque de modelos que possui identidade própria e que justifica um tratamento exclusivo em relação aos outros modelos a motor do construtor francês. A Prestige está vocacionada para produzir modelos de barcos para uma utilização no Mediterrâneo e, está previsto que parte da sua produção venha a ser feita num estaleiro pretencente ao Grupo Bénéteau, em Itália.


Estou convencido que a marca irá ter sucesso num mercado exigente por três ordens de razão: os barcos são elegantes e com um visual moderno; possuem características marinheiras e, finalmente, a decoração é de grande qualidade. Aliada a estas características temos um preço de comercialização competitivo. Este sucesso só pode estar ameaçado pela actual conjuntura económica que afecta toda a gente e, em especial, a classe média-alta que é o potencial cliente de barcos com estas características.

Em relação a este modelo concreto foram diversos os pontos que me encantaram. Um poço muito bem concebido permite uma boa circulação e é um óptimo sítio para se estar. No interior, a decoração, o lay-out e a qualidade do mobiliário criaram um ambiente muito agradável e onde apetece estar. Por fim, o flybridge que possui um lay-out inteligente e que é sóbrio no que diz respeito à decoração e racional no que diz respeito à quantidade de mobiliário.


Ficha técnica
Modelo Prestige 50 Fly
Origem França
Construtor Jeanneau
Comprimento 16,16 m
Comprimento do casco 14,98 m
Boca 4,36 m
Calado 1,07 m
Deslocamento 14 540 kg
Capacidade combustível 1 650 L
Capacidade de água 640 L
Motorização 2 x Volvo D9 575 Cv
Preço base 550 000€
Comercialização Marítima


Ficha do motor
Modelo D9
Origem Suécia
Fabricante Volvo
Potência 575 Cv
Cilindrada 9,4 L
Peso 1 075 kg

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Acerca do Autor

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