Pesca Artesanal foi tema do 1.º Encontro “Tertúlias sobre o Tejo”

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Realizou-se no passado dia 24 de Novembro o Encontro “A Pesca Artesanal no Estuário do Tejo”, integrado no Ciclo de Encontros “Tertúlias sobre o Tejo“, evento que reuniu cerca de cinco dezenas de pessoas nas instalações da Associação Naval Sarilhense (ANS). A iniciativa, organizada por esta associação em parceria com o Instituto de Dinâmica do Espaço (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa – FCSH/UNL), contou com uma palestra do Professor Doutor Henrique Souto (e-GEO – Centro de Estudos de Geografia e Planeamento Regional, FCSH-UNL) e com os testemunhos de dois antigos pescadores do Montijo: José António Aranha e José Maria dos Santos. As especificidades ecológicas e a riqueza biológica das áreas de estuário, as várias comunidades piscatórias do Estuário do Tejo, as artes de pesca utilizadas neste estuário e a dura vivência da faina da pesca foram temas em destaque neste encontro.
Para além da sua constituição como um fórum de discussão, a organização pretende que este Ciclo de Encontros se assuma como um instrumento de difusão do conhecimento e de sensibilização da comunidade para a especificidade das áreas de estuário, nas suas múltiplas dimensões de natureza física e humana.
Ainda no âmbito deste Encontro teve lugar a entrega dos Prémios e Certificados de Participação do 2.º Concurso de Fotografia “Olhares sobre o Património Ribeirinho”.

Estarreja quer preservar património da construção naval
A Câmara Municipal de Estarreja celebrou a escritura de doação do estaleiro tradicional em madeira de construção naval, situado na Ribeira da Aldeia, freguesia de Pardilhó, e destinado ao domínio privado do Município. Com a colaboração da Junta de Freguesia, a autarquia está empenhada em preservar o património da construção naval tendo ainda recolhido o espólio do Mestre Henrique Lavoura.
“Sinto-me bem porque sei que assim a coisa não morre”, afirmou José Duarte da Silva, conhecido na terra por José Pitarma, mestre construtor naval, que ajudou a edificar o estaleiro da Ribeira da Aldeia em 1956. Desde então, esta tem sido a sua “segunda casa” onde, ao longo dos últimos 56 anos, foram talhadas artesanalmente dezenas de embarcações. Hoje, com 82 anos, ainda se dedica a algumas reparações e arranjos de barcos. “É um vício, se passar um dia sem ir lá dar uma volta, parece que não é dia, portanto continuo a ir lá um bocado e vamos passando os dias da vida”, contava dando conta da sua satisfação e agradecendo “a iniciativa ao presidente da Junta de Freguesia e ao presidente da Câmara”.
Ao aceitar o antigo barracão, doado por José Duarte da Silva e pela família de Diniz Tavares de Matos, o Município assume a missão de conservar e preservar a história local, neste caso relacionada com a atividade da construção naval, tão marcante para a Ria de Aveiro e consequentemente para o concelho de Estarreja abraçado por inúmeros canais e esteiros. Recorde-se que foi fixada em Pardilhó em 1937 a delegação distrital do Sindicato Nacional dos Operários da Construção Naval.
O presidente da Câmara, José Eduardo de Matos, deu conta da determinação em “não deixar cair” aquele espaço e da obrigação de “tentar manter a toda a força” um património significativo para as gentes ligadas à ria e representativo da proximidade à zona ribeirinha. “Será um encargo para nós, mas é um bom encargo porque é uma memória”, salientou o autarca que evidenciou a “boa vontade e abertura dos proprietários”, comprometendo-se “a encontrar uma solução para o barracão”.
Reunido o espólio do mestre Henrique Lavoura
A Câmara Municipal e a Junta de Freguesia de Pardilhó, liderada por Manuel Nascimento, uniram ainda esforços para recolher o espólio de Henrique Lavoura, nome de referência na história da construção naval tradicional da Ria de Aveiro que já não exerce a atividade e cujo estaleiro se situa na Rua Joaquim Maria Resende, de acesso à Ribeira da Aldeia. Foi com Henrique Lavoura que se iniciaram na arte os mestres António Esteves e Felisberto Amador, ainda em atividade em Pardilhó.
Assim sendo, encontram-se na posse do município, por doação do mestre Lavoura e família, todos os utensílios usados na construção das embarcações tradicionais da Ria de Aveiro, que inclui ferramentas como o pau de pontos, onde estão gravadas as medidas das embarcações, a serra de mão, o enxó ou a gata que serve para erguer peças na embarcação. Após a realização de trabalhos de inventariação e descrição das peças, o Município pretende expô-las na freguesia. Fonte: C.M.Estarreja

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