PASSEIO / De Sines a Porto Covo

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A nossa proposta de trajecto pode dar uma falsa sensação de facilidade mas para a sua efectivação deverá ser feita uma análise por parte dos pilotos. Este passeio deverá ser feito sempre em grupo e com um nível de conhecimento semelhante isto porque, o estado do mar nem sempre quer colaborar. Por vezes a saída é com bom tempo mas, entretanto, a nortada entra com força e pode fazer estragos e criar dificuldades aos menos preparados e conhecedores. A navegação não é difícil (no início e com os depósitos cheios, as motos têm uma tendência para afundarem mais a proa) e o trajecto a favor da onda e do vento é mais agradável e dá para ir apreciando as belezas da costa e das inúmeras praias existentes e, a vertente mais industrial e portuária junto a Sines. A entrada em Porto Covo tem de ser efectuada com alguma cautela e a sua dificuldade aumenta se maré estiver fazia. O regresso a Sines foi um pouco mais penoso devido ter sido efectuado contra o vento e a ondulação. Requer uma atenção redobrada e uma boa preparação física pois, a ondulação convida aos saltos e consequentes impactos na água…
Mas quanto ao passeio propriamente dito ficou bem patente que o equipamento pessoal é muito importante. Os utilizadores de motos de água não devem facilitar neste ponto, é prioritário o uso de fato, colete, luvas e botas (neste caso o uso de óculos é recomendável devido aos salpicos provocados com o embate nas ondas). O passeio foi feito com sol mas, devido ao estado do mar os pilotos estavam sempre molhados e se não estivessem bem equipados o arrefecimento do corpo seria muito rápido e obrigaria à anulação do passeio. É necessário a verificação se toda a palamenta e documentos se encontram a bordo pois, é quase certo que quando voltarem a Sines têm a GNR a fazer verificações.


A colocação das motos na água é fácil devido a uma boa concepção da rampa.

Em relação às infra-estruturas de apoio, o Porto de Sines possui todas as condições para a colocação das motos na água. A rampa é larga e com a inclinação certa e o custo é de 12 euros (no final do passeio utilizámos o balneário de boa qualidade para tomar um duche de água quente). Em Porto Covo as condições são outras pois, trata-se de um porto pesqueiro sem grande condições para a náutica de recreio. Existe uma rampa e a possibilidade das motos utilizarem temporariamente uma poita.

Sines
A história de Sines tem sido enformada pelo mar. Da Pré-História aos dias de hoje foram o mar e os seus recursos que definiram a economia, a cultura, a composição e até o carácter das suas gentes.


Há evidências da existência de populações humanas na área no concelho desde a Pré-História. Vestígios de alguns desses povoamentos estão hoje a descoberto em estações arqueológicas como a Palmeirinha e a Quitéria.
Os Celtas e Púnicos também terão andado por Sines. A presença celta é apenas uma hipótese, mas a púnica é uma certeza: é púnico o Tesouro do Gaio, descoberto numa herdade do concelho em 1966 e actualmente à guarda do Museu de Sines.
Com os Romanos, o concelho define-se pela primeira vez como centro portuário e industrial. A baía de Sines é o porto da cidade de Miróbriga. O canal da Ilha do Pessegueiro está ligado a Arandis (Garvão). Sob o poder de Roma, Sines e a Ilha são pólos do fabrico de salgas de peixe. A segunda hipótese de etimologia de Sines é também romana: “sinus” – baía ou “sinus” – seio, que é a configuração do cabo de Sines visto do Monte Chãos.


Visão de Sines uma povoação que conseguiu manter um equilíbrio arquitectónico.

A Alta Idade Média, em que a região teve ocupação por Visigodos e Mouros, é o período mais escuro da história de Sines. Há no Museu de Sines cantarias visigóticas que atestam a existência de uma basílica do século VII. Durante a ocupação árabe do sul da península, Sines é praticamente abandonada.
Povoação da Ordem de Santiago de Espada a partir o século XIII, Sines adquire autonomia administrativa em 24 de Novembro de 1362. Dom Pedro I concede carta de elevação de Sines a vila interessado na sua função defensiva da costa, colocando como condição a construção do Castelo, onde Vasco da Gama poderá vir a nascer, em 1469.
A vida do município na Idade Moderna continua a ser marcada pelas funções marítimas. A fundação de Porto Covo, por Jacinto Bandeira, acontece no final do século XVIII, no pressuposto de aí virem a ser construídos dois portos.
No século XIX, com o Liberalismo, o concelho deixa de pertencer à Ordem de Santiago e acaba mesmo por ser extinto, em 1855. Mas a segunda metade do século é, paradoxalmente, de crescimento.


Em meados do século XIX, um jovem médico algarvio escreve a primeira monografia de Sines conhecida, “Breve Notícia de Sines”. A Sines de Francisco Luís Lopes é uma vila com problemas, mas aberta e tolerante.
O século XX começa praticamente com a restauração do município, em 1914. A indústria da cortiça, a pesca e alguma agricultura e turismo constituem a base da vida de Sines até ao final da década de 60, quando, além da proximidade do mar, Sines pouco se distingue do resto do Alentejo.
O grande complexo industrial criado pelo governo de Marcelo Caetano em Sines, em 1970, muda o concelho. A população explode e diversifica-se, a paisagem ganha novas configurações e a comunidade luta para manter a sua integridade e a qualidade de vida, mitigando os impactes negativos da instalação das novas unidades e aproveitando os positivos.

Fundação de Porto Covo
Apesar de não tanto quanto no período romano, a Ilha do Pessegueiro manteve algum interesse portuário até à Idade Moderna.


A povoação de Porto Covo é deslumbrante cheia de recantos interessantes.

No final do século XVI há o projecto de um grande porto artificial na ilha. Comandado por Filipe Terzi, ao serviço de Filipe I de Portugal, previa que o movimento do futuro porto motivasse a construção de uma cidade naquela arriba.
Problemas na construção do paredão e o estorvo constante dos corsários ingleses provocaram o abandono da obra, de que ainda se podem ver marcas (grandes cubos de pedra) na Ilha.
Na última década do século XVIII, o ancoradouro natural volta a motivar interesse.
Jacinto Bandeira, membro da burguesia mercantil, funda Porto Covo no pressuposto de ali vir a serem construídos um grande porto de pesca e outro de comércio.
Na segunda metade do século XIX, as pirites exploradas nos sítios de Pias e Moinho dos Paneiros (Sines) e o minério do Cercal são escoados pelo pequeno porto da ilha. O minério chega em carros de bois e, através de um pontão, é transportado para barcos que o levam a navios fundeados na ilha. Junto à foz do ribeiro do Pessegueiro ficou abandonada uma acumulação de minério.

Ilha do Pessegueiro
A falésia litoral, especialmente a sul do Porto Covo, onde afloram dunas consolidadas e a Ilha do Pessegueiro, é uma das áreas mais valiosas do concelho do ponto de vista ecológico e paisagístico. A ilha é, além disso, um local de dormitório e nidificação de aves (gralha, gaivota, corvo-marinho, etc.), algumas delas ameaçadas de extinção.
Situada a 15 km a Sul de Sines e apenas a 250m da costa, esta ilha de arenito dunar conserva alguns vestígios da Idade do Ferro, predominando no entanto as estruturas da época romana imperial, datadas do séc. I ao séc. IV. Para além de vestígios de habitações e armazéns, são visíveis diversas fábricas de conservas piscícolas. No séc. IV é edificado um balneário de pequenas dimensões, que funcionou até finais do séc. IV ou inícios do séc. V ainda com parte da estrutura do hipocausto.


A ocupação humana da ilha deveu-se às boas condições para fundear embarcações no canal entre a ilha e terra, baseando-se na pesca, na indústria de conserva desse pescado e sua comercialização, bem como na exportação do minério proveniente principalmente da Serra do Cercal e no comércio marítimo, parecendo ter constituído um importante entreposto comercial, como atesta a diversidade de origens dos materiais cerâmicos nela encontrados.


Merecem igualmente referência as ruínas do forte que coroa a ilha, cuja construção se iniciou em 1588, segundo projecto de Filipe Terzi, para protecção de um porto artificial que a administração filipina planeou edificar, unindo a ilha a terra com um pontão construído com grandes blocos de pedra, de que não restam vestígios devido à destruição provocada pela força do mar, apenas ficando a pedreira rasgada na parte norte da ilha, onde ainda são visíveis alguns blocos não utilizados). Em terra permanece um outro forte (Forte do Pessegueiro) edificado na mesma época.

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