Os dois últimos anos têm sido, para a Náutica de Recreio em geral, tempos de prosperidade mas com grandes incertezas ao nível das matérias primas, capacidade de produção e cadeias de distribuição.
Pensámos que seria importante auscultar, junto dos principais protagonistas nacionais, como está o mercado, como pensam que vai evoluir e, por fim, colocámos a questão sobre a presença ou não na edição de 2023 do certame Nauticampo. Não conseguimos obter os depoimentos de todas as empresas que contactámos mas, as que responderam são um panorama representativo do sector em Portugal.
Nautiser Centro Náutico e Marina Setúbal / Eugénio Martins
“ O ano 2022, foi em ambas as empresas a continuidade de 2021, com bastante procura por parte de “já nautas” e novos. A dificuldade residiu na disponibilidade de barcos novos e usados.
Para 2023, prevejo ser um ano mais calmo em termos de procura e que por outro lado, a oferta comece a aumentar”.
Em relação à presença na Nauticampo 2023 (8 a 12 de Fevereiro), “ Caso a política comercial da FIL continue da mesma forma, as empresas Nautiser e Marina Setúbal, não pretendem estar presentes no certame 2023.
A FIL tem que entender que o conceito feiras alterou e terá de acompanhar essa política. Bem sei da necessidade da própria FIL ter de fazer feiras mas não pode ser a qualquer custo”.
Grow Iberia / António Gaspar
“ Tendo em conta os atuais constrangimentos nas cadeias de abastecimento, e o galopante aumento da inflação durante 2022, não poderíamos fazer melhor avaliação dos resultados da Grow Iberia, uma vez que estamos no final do mês de Agosto e em termos acumulados, a crescer cerca de 30% face ao volume de negócios de 2021, onde já tínhamos também registado um aumento de 25% no volume de vendas. Têm contribuído para estes resultados, não só a venda de motores fora-de-borda Honda e Tohatsu, mas também a venda de embarcações novas das marcas Lomac e Saver. Não menos importante, tem sido o negócio da Grow Iberia em Espanha para onde já temos um volume de exportação superior a 2 milhões de Euros.
Antevemos no entanto, que a degradação do clima económico provocada pelo aumento das taxas de juro, provoque um abrandamento da procura no mercado da Náutica a partir de Setembro”.
Desafios e ameaças para 2023
“ A continuação do abrandamento da economia que se antevê para 2023, irá inevitavelmente causar uma retração no consumo, potenciando por um lado a estabilização das cadeias de abastecimento na área náutica, e por outro lado, um abrandamento no ritmo das vendas. A Grow Iberia estando presente no mercado Espanhol e Português, conta conseguir atenuar estes impactos na área das vendas, mas teremos evidentemente que estar atentos ao comportamento do mercado, e na medida dos possíveis, antecipar medidas de âmbito comercial por forma a manter o interesse e a procura por parte dos nossos potenciais clientes. A evolução da atividade turística em 2023, terá também um papel muito relevante no comportamento do mercado náutico, pois é sempre uma importante alavanca para este sector, pelo que se a tendência de 2022 se mantiver, poderá atenuar o impacto negativo das condições económicas”.
Nauticampo 2023
“ A nossa participação na edição 2023 da Nauticampo, ainda não está decidida, pois dependerá de diversos fatores que não controlamos, nomeadamente a evolução do mercado náutico durante o ultimo trimestre do ano e a continuação do aumento da procura ou não. A Grow conta tomar uma decisão sobre a sua participação até ao final do ano”.
Hydrosport / Eddy Joahansen
“ Ora bem, o ano acaba em alta, mas com umas nuvens negras no horizonte. Normalmente nesta altura do ano temos algumas encomendas para entregar até ao Natal. Este ano temos já trabalho até meio da primavera 2023. Continuamos com muitos contactos de potenciais clientes, levando-nos a crer que se isto continuar assim, antes do Natal temos a produção toda até o final do Verão 2023 ocupada.
Em 2022 aumentamos a produção cerca de 40% em relação ao ano 2021, acabando com mais de 50 barcos vendidos. Cerca de 50% para fora e 50% para Portugal.
Mesmo assim não queremos entrar em euforias, não acreditamos que isto vá continuar assim para sempre, com o aumento de juros e a ameaça de recessão por toda a Europa. Ou seja, pensamos que quando entrarmos em 2023, a coisa vai acalmar um pouco. De qualquer modo estamos tranquilos, somos uma equipa pequena, temos um controlo de custos muito grande e temos algumas reservas para um dia de chuva.
Penso que já é conhecida a nossa posição geral em relação à Nauticampo e a gestão da mesma. Duvido que venhamos a participar com stand próprio, mas é possível que venhamos a estar presentes com um importador de motores”.
Limatla / Rui Ferreira
“ O balanço do ano 2022 é muito positivo. Embora tivesse sido um ano com muitas dificuldades pelos atrasos nas entregas e aumento de custos. Tanto na matéria prima como nos custos de transporte que, logicamente, se refletiram no preço final das embarcações. Tivemos algumas ruturas de stock e alguma dificuldade em satisfazer algumas encomendas. Mas quando enquadrados numa situação de pós-pandemia e com a guerra, ainda a decorrer, penso que poderemos dizer que até correu muito bem. No sentido geral, os clientes, este ano, usaram e desfrutaram muito as suas embarcações o que abre caminho para novos clientes e fazem com que os atuais proprietários pensem num possível up-grade.
Em relação a 2023, a meu ver, vai ser muito incerto. Precisamos de sinais positivos e de confiança, na escalada de preços e no fim da guerra. Para a Limatla, com parte da sua gama, a ser importada dos EU e com a desvalorização do euro em relação ao dólar será um ano menos bom. Para 2023 e seguintes temos neste momento um grande problema que é a falta de lugares nas Marinas e Cais. Temos muitos potenciais clientes compradores que não tem alternativa para atracar as embarcações, o que inviabiliza à partida a aquisição de um barco. Mas temos que encarar com positivismo a situação e acreditar que tudo vai melhorar.
A Nauticampo foi sem dúvida um certame muito importante para a Náutica. Nos últimos anos a organização não tem estado em sintonia com as empresas ligadas ao setor náutico o que tem provocado um enfraquecimento do certame. As datas, os horários e os incentivos não vão ao encontro das expectativas dos expositores. A Limatla conta estar presente na Nauticampo de 2023 e espera que a organização faça um esforço para reunir o máximo de participantes e que o certame volte a ter o protagonismo que merece. Temos de credibilizar o certame e atrair, novamente, os clientes existentes e os potencias clientes. Não será fácil, pois a edição de 2022, deixou bem presente uma péssima imagem, mas com grande esforço de todos, penso que será possível”.
Motolusa / Francisco Sales Galhoz
“ Prevíamos que o ano 2022 e após o fim do confinamento fosse um ano de recuperação económica e de reconquista de clientes, mas este ano está a ser marcado por um conjunto de fatores imprevisíveis tais como o aumento galopante das matérias primas nomeadamente combustíveis, a invasão da Ucrânia, a inflação e a desvalorização do euro, também estão a contribuir para um balanço do ano, abaixo do previsto. Por outro lado acreditamos que a seca e a falta de água, tornou os caudais dos rios e barragens pouco atrativos fazendo baixar a procura, nomeadamente no nosso público alvo, não convidando a compras de produtos náuticos quer a clientes finais, quer na Marítima Turística, esta última ainda a acusar a instabilidade da procura turística. Por fim a falta de disponibilidade das fábricas fez criar stocks desnecessários e desajustados em alguns produtos para a procura existente”.
Desafios e ameaças para 2023
“ Provavelmente, ainda vamos estar fortemente condicionados à instabilidade sentida em 2022. Os fatores externos continuam a ser o pêndulo da nossa economia. Se a inflação continuar aos níveis de 2022, teremos um ano de pouca procura. A seca pode continuar ou mesmo agravar-se e ser mais uma vez um fator desencorajador. Os distribuidores são obrigados a respeitar os acordos com as marcas e desta forma continuar a aumentar os seus stocks, criando crises de tesouraria. O Turismo vai crescer em 2023 e provavelmente será este o sector que pode por ventura gerar alguma procura adicional de embarcações, motores e motos de água.
A Motolusa, ciente destas possíveis ameaças, vai realizar um Weekend Show, em Novembro de 11 a 13, onde iremos apresentar uma nova dinâmica, com produtos alternativos, novas soluções lúdicas, novas soluções de motorização elétrica, novas embarcações, assim como iremos dar ênfase a soluções de financiamento”.
Nauticampo 2023
“ Se o modelo da Nauticampo continuar como nos últimos anos, a Motolusa não deverá estar presente. O organismo responsável pela Nauticampo, tem de compreender que a forma de realizar eventos para as pessoas, mudou radicalmente. A organização, baseia-se ainda no número de expositores para alcançar o sucesso, mas o sucesso do evento assenta na variável público e tem de explorar os canais disponíveis a tempo e horas para atrair esse público e, porque não, criar atrativos extra. O sucesso do evento está no número de visitantes e quantos mais visitantes, mais hipóteses dos expositores conseguirem os seus intentos”.
Nautel / Nelson Lima
“ Em 2022, a Nautel continuou na sua trajetória de crescimento do volume de negócios, e rentabilidade. Apesar de numa parte do ano os efeitos da pandemia ainda estarem presentes, e outros riscos terem surgido no horizonte internacional, felizmente cumprimos os objetivos traçados no início do ano, e com as encomendas em carteira, o ano terminará dentro do planeado.
No que respeita ao segmento marítimo foram as marcas Furuno (Japão) , Quick (Itália) e Dometic Seastar que mais contribuíram para o reforço de faturação.
De realçar a Furuno que até há cerca de 5 anos atrás era uma marca adormecida no mercado, e desde que passou para a Nautel, e com as suas modernas gamas, alcançou desde então uma penetração significativa também em Portugal . A Furuno é uma marca premium que se destaca de todas as outras
Por outro lado, como empresa da área das tecnologias eletrónicas e elétricas, a mais dinâmica e vanguardista de todas, a empresa continuou a arriscar na introdução de sistemas inovadores e de vanguarda que exigem o máximo das suas competências.
Estes novos produtos serão a base da sustentabilidade do crescimento para 2023.
As perspetivas para 2023 estão condicionadas à evolução da relação cambial €/USD, inflação, e assim uma eventual contração no consumo privado, que afetaria mais a náutica de recreio.
Os custos económicos para o país, Europa, e todo o mundo estão a ser significativos.
Como estratégia a Nautel apostará na diversificação de produtos e servir mais mercados de exportação”.
Nauticampo 2023
“ No ano em curso já a Nautel foi a única empresa do seu ramo a estar presente na Nauticampo. Fazemos votos que se ultrapassem as razões que levaram à feira ser talvez a mais pequena de sempre, nos seus mais de 40 anos. Esperamos que o protocolo habitual com a ACAP/APICAN se mantenha para assim confirmarmos a nossa presença e todos em conjunto construirmos um certame melhor”.
Nautiradar / António Inglês
“ Apesar de ainda faltarem 3 meses para completar o ano, poderemos afirmar que foi um ano mais complicado que os últimos anos. As dificuldades existentes nas cadeias de fornecimento fizeram-se sentir muito mais, o que implicou um maior investimento em cerca de 30% em stocks do que tem sido habitual, de forma a podermos corresponder positivamente e sem ruturas às solicitações do mercado. Em termos de resultados e até ao final do ano, esperamos concretizar o objetivo traçado para 2022 que assentou na estabilidade e um crescimento de pelo menos 5% em relação a 2021. O facto de termos tido uma mudança de instalações nos primeiros meses do ano, obrigou-nos a um esforço suplementar de toda a equipa de forma a adaptarmo-nos a um novo espaço, criando num período reduzido de tempo, todas as condições necessárias ao normal funcionamento da nossa estrutura comercial e técnica”.
Desafios e ameaças para 2023
” Penso que a prudência será a ordem do dia. Os sinais macroeconómicos para 2023 não são risonhos e já se fala numa potencial recessão. Esperamos que consigamos superar todos esses sinais, e mantermos o mesmo nível de desempenho que temos vindo a prestar no nosso mercado. Já passamos por anos mais complicados que outros e nunca deixámos de acreditar. Nós faremos um papel responsável enquanto agente económico deste setor”.
Nauticampo 2023
“ Boa questão, mas respondo com uma pergunta. O que está a organização da Nauticampo a fazer para nos levar a participar?
Se pensarmos que a Nauticampo é uma feira de nível nacional, o que está a organização a planear para levar o público a visitá-la? A feira não será um evento de confraternização entre expositores. É necessário que exista um plano de divulgação e promoção do evento que leve o público a visitar. Para isso é necessário que se invista em publicidade etc. Hoje em dia o público não precisa de ir a feiras para se informar. A informação está à distância dum simples clique. O cliente hoje quando visita uma feira já possui um nível de conhecimento elevado e precisa apenas de algo diferenciador para o levar a decidir etc. O nosso investimento na participação numa feira tem sempre de nos dar algo. Novos contactos, novos clientes, novas oportunidades de negócio etc. Caso contrário continuaremos a desenvolver o nosso negócio pelas vias normais e em especial através do nosso marketing para as marcas e produtos que representamos e distribuímos.
A feira realizada este ano nunca deveria ter sido organizada nas condições que assistimos. Poucos expositores, imagem descuidada, e uma autentica desilusão para o público que a visitou e se sentiu totalmente defraudado. Por isso o esforço em trazer esse público de volta é uma tarefa árdua que implica uma estratégia séria e concreta. A nossa decisão em participar está dependente do conhecimento antecipado destas condições e de percebermos que o setor se faz representar minimamente e com dignidade”.
Neptune Pirate / Rúben Fernandes
“ Não considerando ainda terminada a época 2022, considero bastante positiva para a Neptune Pirate, a projeção aliada à sustentabilidade do nosso negócio têm sido seguidas conforme planeado. A expansão da Neptune Pirate desde 2021, com a implementação de uma sucursal no Algarve veio a confirmar-se uma aposta ganha, permitindo estar no mercado de igual para igual com outras marcas”.
Desafios e ameaças pra 2023
“ Desafios existem vários, muito interessantes mas que ainda não podem ser revelados. Mas o maior desafio será mesmo a consolidação da nossa presença em Portugal e Espanha, uma vez que garantimos já a distribuição das nossas marcas nesse território.
Vejo duas ameaças, uma já conhecida que já vivemos nos dias de hoje e que temos nos adaptar constantemente, nomeadamente à falta de componentes, barcos (que não podem ser terminados nas fábricas por atraso dos fornecedores), motores, motos de água … a Neptune Pirate tem vindo a prever este cenário já há algum tempo e na realidade não sentimos isto como uma ameaça muito significativa até ao momento, mas efetivamente o cenário pode vir a piorar e a complicar. A segunda ameaça e sim mais preocupante para o segmento de entrada e médio (até os 80/90Mil euros) é, efetivamente, o aumento exponencial de preços.
O foco nos produtos equipamentos de qualidade, aliado a um serviço exclusivo, farão concerteza a diferença”.
Nauticampo 2023
“ Ainda é cedo para tomar essa decisão, há vários fatores em cima da mesa:
– como disse atrás, há desafios interessantes a serem negociados e que não nos permitiram ainda essa tomada de decisão.
– a proximidade da Boot em Dusseldorf…
– a disponibilidade de barcos e motores, também será um fator a ter em conta.
A Neptune Pirate além destes dois eventos acima referidos tem a intenção de estar presente com as suas marcas em outros boatshows fora e dentro de Portugal…portanto, todas estas decisões estão a ser ponderadas, porque o investimento é igualmente sempre grande”.
Porti Nauta / Alessandro Balzer
2022 foi um ano muito positivo para o Grupo Angel Pilot e Alessandro Balzer perspetiva um 2023 em linha com o que se tem passado nos últimos dois anos.
Em relação à Nauticampo 2023 refere, “… A Nauticampo já teve interesse quando havia muitas empresas envolvidas e quando havia algo de novo a apresentar. Tendo em conta que é a última ou penúltima feira da Europa e agravada pela redução dos dias não faz sentido, para nós, há já alguns anos. Também devido aos custos exorbitantes de transporte, pessoal, etc . O que se vai apresentar em Fevereiro já está mais do que visto noutros salões ou na net .
Por outro lado, ultimamente só temos ouvido apaixonados da náutica reclamar devido à tristeza que tem sido a Nauticampo. Para nós, se a Nauticampo for nos moldes dos últimos anos é preferível não existir mais!
Se todos os agentes náuticos se conseguissem juntar para um evento digno, teremos todo o gosto de participar”.
Touron Portugal / Carlos Costa Santos
“ Com a pandemia, muitos descobriram a náutica como porto seguro e espaço de liberdade e segurança para descansar, relaxar e desfrutar da família.
2022 foi o culminar da grande procura da náutica e terá sido, para todos os players, um ano excecional de volume de negócios. A Touron Portugal não foi exceção, sendo que 2022 foi o melhor ano de sempre da empresa em termos de faturação.
Mas, no caso da Touron Portugal, foi muito mais. 2022 consolidou a empresa como o maior distribuidor náutico em Portugal. Cresceu muito acima do mercado, com ganhos significativos de quota de mercado em todos os segmentos, com maior relevância para os motores fora de borda Mercury e as embarcações Quicksilver e Bayliner.
Muito deste crescimento deve-se à grande aposta de desenvolvimento tecnológico e inovação das marcas que representa, havendo a destacar a Mercury que, nestes últimos 3 anos, reforçou o estatuto de líder mundial em motores fora de borda com a renovação de toda a sua ampla gama, com os novos V6, V8 e, sobretudo, o novo V12 de 500 e 600 CV. 2022 trouxe também a apresentação da nova gama de motores fora de borda elétricos, a Mercury Avator. E a evolução não ficará por aqui, o início de 2023 trará novas e emocionantes surpresas.
Mas, não se enganem os que puderem pensar que 2022 foi um ano de facilidades. Tivemos todos que enfrentar um cenário muito complexo de aumento de procura num ambiente geral de escassez de produto e aumento exponencial de custos (sobretudo matérias-primas e transportes).
No caso particular de Portugal, tivemos de enfrentar também a penosa máquina burocrática que continua a emperrar o desenvolvimento da náutica no nosso país. Incompreensível para uns, inacreditável para muitos. Registar um barco em Portugal chega, nalguns casos, a demorar mais de 3 meses. É mais simples e rápida a escritura dum imóvel de vários milhões de euros do que registar um semi-rígido de 4 m no valor de 3.000 euros. Se da parte das instituições governamentais a falha é óbvia, não deixa a própria náutica de ter a sua quota parte de culpa já que não consegue ter uma associação empresarial competente, credível e capaz de a representar dignamente, sobretudo na apresentação, defesa e implementação de soluções eficazes junto das entidades governamentais.
O cenário macroeconómico global para 2023 não é nada positivo. A inflação galopante que estamos a viver e o consequente aumento das taxas de juros poderão vir a provocar uma situação de resseção mundial, sobretudo na Europa.
Nenhum sector de atividade estará imune, pelo que a náutica não deixará de sentir as repercussões. Qual será o seu efeito? Qual será a sua dimensão? Conseguirá a náutica aproveitar a onda de crescimento nascida na pandemia e estar, mais uma vez, em contraciclo, ou pelo menos atenuar os efeitos duma eventual recessão global? São questões para as quais ninguém terá, neste momento, respostas. Tal exigirá de todos uma gestão cautelosa e atenta.
Na Touron Portugal acreditamos que possa haver motivos de preocupação para 2023, mas estamos responsavelmente confiantes no que concerne ao futuro, sobretudo apoiados na grande mais-valia das marcas que representamos.
2023 trará, em princípio, o regresso da Touron Portugal à Nauticampo. Mais por uma questão de tradição e “amor” a uma feira tão marcante em Portugal do que por questões comerciais e de notoriedade. No futuro, teremos de analisar seriamente o interesse em participar.
A Nauticampo, ao contrário de outras feiras internacionais, sempre se caracterizou pela forte componente direcionada para o público e promoção de vendas. Tem sido esta característica diferenciadora o motor do seu sucesso. Ora uma feira com estas características, num mundo que funciona à velocidade dum click, terá de realizar-se próxima da época náutica (final de Março/Início de Abril) e não no início de Fevereiro. Ou, em alternativa, a Nauticampo poderá assumir-se como mais uma feira de apresentação e lançamento de produto, competindo com as grandes feiras internacionais que se realizam entre Setembro e Janeiro. Mas, neste caso, Fevereiro já é um pouco tarde. A continuar em Fevereiro, a Nauticampo “não será carne nem peixe” e corre o sério risco de simplesmente deixar de ter expositores e visitantes”.
Yamaha Portugal / Pedro Nunes
“2022 foi um ano de grande crescimento das nossas vendas, principalmente no produto motores fora de borda, mas também de crescimento nas vendas das motos de água.
Até ao momento, e baseado nos números ICOMIA do mercado até Agosto, o mercado total também cresceu consideravelmente, muito alavancado pelas vendas da Yamaha, resultado num crescimento também da nossa posição líder do mercado.
Esse crescimento do negócio da marca, resultou obviamente no fortalecimento generalizado do negócio dos concessionários, não só em termos de vendas, mas também de serviço e melhoria de condições de atendimento dos clientes, como as novas lojas Yamaha Marine com mais exposição de produto.
Fortalecimento e expansão também das parcerias denominadas “Empowered by Yamaha” com estaleiros e marcas de barcos importadas por Concessionários/Dealers ou “Authorized Boat Package Dealers”, ou seja importadores dessas marcas, que resulta numa maior e melhor oferta ao cliente final de uma variedade de barcos, e também aumento de tamanho, com motorização Yamaha.
Desafios para 2023
“ O principal desafio é a manutenção e se possível continuação do crescimento do negócio que envolve a Yamaha Marine e os seus concessionários e parceiros e das vendas de unidades Yamaha, tais como motores fora de borda e motos de água.
Sendo que o desafio maior será o de contornar a propagada crise internacional, gerada pela inflação pós pandemia e a guerra na Europa e crise energética.
A manutenção de índices de crescimento do turismo, de novos clientes em resultado de novos habitantes de outras origens e já com cultura náutica, poderá ser importante para a continuação de resultados positivos na náutica em geral.
Tendo em conta a previsão de “normalização” da pandemia e vida em sociedade, pretendemos regressar ao contacto mais frequente e mais aberto (e não só em modo restrito ou privado, como nos adaptamos durante a pandemia) com os clientes finais, através de eventos da marca ou dos seus parceiros”.
Nauticampo 2023
“ Infelizmente a feira realizou-se em 2022, sem a qualidade mínima desejável e praticamente sem expositores de produtos náuticos, diria mesmo à revelia do desejo da maioria dos “players”, da associação do setor (ACAP/Apican) e também sem a presença da Yamaha, que recomendou o adiamento em resultado da situação pandémica que se viveu no início de 2022.
Como resultado da ultima edição fracassada, a imagem da feira junto do público ficou muito prejudicada, sendo necessário uma reflexão e relançamento conjunto do boat show nacional. No entanto a marcação da feira novamente à revelia do setor, ainda mais numa data pouco apropriada, logo após o maior boat show Europeu em Dusseldorf, que pode inviabilizar a presença de novidades por exemplo, e também ainda mais cedo (início de Fevereiro), quando o setor preferiria a feira novamente em finais de Fevereiro ou em Março, como já aconteceu no passado.
Em resultado desta situação nada confortável, de uma feira novamente proposta sem auscultar os expositores (pelo menos, expresso em relação à Yamaha), com grande incerteza da recetividade do público após a ultima realização e sem haver a motivação mínima dos nossos parceiros de negócio, a Yamaha não irá participar na edição agendada para Fevereiro de 2023, esperando que o setor e a organização desses eventos se mobilizem para trabalhar em conjunto e edificar um Boat Show Nacional com qualidade, que seja do agrado do público e que a náutica Portuguesa merece”.