Texto e Fotos: Lobo do Mar
A aposta no Turismo Náutico parece ser o grande desígnio nacional e temos assistido, um pouco por todo o Portugal, a simpósios e encontros versando esta temática. Uma das ideias comuns que tenho observado nestes encontros é a preocupação com a construção de infra-estruturas, na água, como principal motor de desenvolvimento da área do Turismo Náutico. Claro está que as infra-estruturas são muito importantes mas não é tudo e, na Barragem do Maranhão deparei-me com um caso inédito de desenvolvimento sustentado de um investimento turístico com base numa actividade desportiva, o remo de alta competição: o Avizaqcua Team Center, na Herdade da Cortesia.
O início
Tudo começou com Luis Ahrens Teixeira, um dos melhores remadores portugueses de sempre. Com 19 anos foi medalhado em Indianapolis, onde fazia parte do quadri-scull ligeiro que conquistou a primeira medalha Mundial para o remo português. Foi várias vezes campeão Nacional em skiff, double e quadri, e mais recentemente, 2004, foi medalhado em duas provas da Taça do Mundo de 2004.
Na década de 90 e, à imagem do que os clubes de Lisboa faziam, começou a treinar na barragem do Maranhão. Mais tarde e com o aumento da exigência da competição de alto rendimento e de ter remado em diversos locais do mundo consciencializou-se que Avis possuía condições naturais excelentes para a prática da modalidade: pouco vento, ausência de barcos a motor, três braços de água e três opções de treino (quando está mais vento num braço haverá um outro que estará mais abrigado). Um outro factor importante tem a ver com a ausência de casas e estradas nas margens da barragem que faz com que os níveis de concentração dos atletas sejam superiores.
Em 1997 foi desafiado pelo amigo Alec Beerten (praticante de remo mas com uma vertente mais de lazer) a criar um centro de estágios em Avis para receber atletas. Na altura não deu seguimento mas, a ideia ficou na sua cabeça.
A actividade competitiva manteve-se e, em 2004 com o seu treinador norte-americano, foi treinar para o Vale do Gaio, na barragem do Torrão. O treinador ficou encantado com local mas, rendeu-se quando viu Avis
Luis Teixeira falou-lhe da sua ideia de criar um centro de estágios e obteve um apoio categórico.
O ano de 2004 foi importante na vida de Luis Teixeira pois, encontrava-se numa situação em que era necessário encontrar um novo rumo para a sua vida devido a ter optado por deixar de ser atleta de alta competição. Pedro Veiga, seu cunhado, foi desafiado a vir a Avis e ver de perto o potencial da região. Ficou rendido e estava encontrado um parceiro
O projecto
Com as novas alianças, Luis Teixeira começa a desenvolver a ideia e a criar um projecto mais concreto. Em Setembro de 2004 e, após um conversa tida numa prova na Polónia, a equipa dinamarquesa prontifica-se a apoiar o projecto e vem para Portugal. Em Janeiro de 2005 começam a receber os primeiros estrangeiros em Portugal
Na altura, tudo era feito de uma forma simples pois as infra-estruturas eram muito diminutas. Organizavam os estágios e tratavam de toda a logística (alugavam quartos, carros e combinavam o serviço de refeições com o restaurante). Se os meios eram precários, as condições naturais e o saber receber suplantavam de forma categórica.
O fluxo de atletas e equipas foram aumentando ao longo dos anos e, era fundamental, criar outras condições de funcionamento.
Ainda numa primeira fase e após a constituição de uma empresa unipessoal, Pedro, Luis e Alec vieram a Avis apresentar o projecto (esboço e com o local ideal para a implementação) à autarquia. A reacção foi a melhor e, desde o início, o apoio foi total tendo o responsável autárquico falado, na altura, da existência de um plano de pormenor na Herdade da Cortesia que previa a construção de um hotel. Por coincidência estavam a falar do local que tinham apresentado como o ideal para a implementação do projecto
Chegam à fala com o proprietário e, no final, ganham um novo sócio para o empreendimento.
Nesta conjuntura favorável o financiamento foi aprovado, o projecto arquitectónico foi desenvolvido por Pedro Veiga, arquitecto de formação e, em Dezembro de 2007, têm início as obras. Após 13 meses de trabalho temos um hotel de concepção contemporânea, integrado na paisagem e com uma componente ecológica importante, implantado numa área de 47 hectares. O orçamento para o projecto, na sua totalidade, foi de 5,5 milhões de euros.
Valências
Esta unidade hoteleira de quatro estrelas possui valências que vão para além da simples prática do remo. Ainda na vertente náutica tem dois barcos a motor que permitem aos visitantes poderem navegar nas águas calmas da Barragem do Maranhão. A criação de cavalos e a existência de uma pista abre portas ao turismo equestre.
O projecto tem ainda, uma componente social através de acções de formação aos jovens de Avis. Estes têm a possibilidade de se iniciarem no remo e conviverem com atletas de alta competição vindos de todo o mundo.
Para saber mais: www.avizaqcua.com/ e www.herdadedacortesia.com