Mútua dos Pescadores solidária para com os Armadores e Pescadores da doca de Pedrouços – Lisboa

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A pedido dos armadores e pescadores que operam a partir da doca de Pedrouços, em Lisboa, a Mútua dos Pescadores promoveu uma reunião no local para se inteirar da real situação que hoje afeta cerca de 40 a 50 pessoas que trabalham diariamente, e alguns há décadas, a partir da referida doca. Ou seja, são 40 a 50 famílias que dependem daquele espaço para assegurar a sua subsistência.

Para além de constatar o avançado estado de abandono e deterioração de um espaço que já significou o epicentro do setor piscatório nacional, a Mútua dos Pescadores foi informada de que se encontra em curso um processo de despejo dos profissionais do seu local de trabalho, onde guardam todos os apetrechos de pesca e demais meios indispensáveis ao desenvolvimento da atividade.
Segundo o que nos foi transmitido na referida reunião, a Administração do Porto de Lisboa (APL) comprometeu-se com a Câmara Municipal de Lisboa (CML) em retirar estes pescadores dos armazéns do antigo edifício da lota, tendo em conta que a CML tem em curso um projeto, com recurso a financiamento do PRR (o que determina prazos extremamente apertados de execução), visando a instalação de um centro de investigação científica para aquele local – “Ocean Campus”.
Como alternativa imediata, estão a ser disponibilizados contentores que não oferecem condições de temperatura e espaço para albergar todo o material existente nos armazéns, sem casa de banho, sem iluminação suficiente, e sem segurança.
Estes profissionais da pesca nada têm contra a instalação deste novo equipamento que tem o mar como base de estudo e de investigação, apenas reclamam uma alternativa credível, adequada e definitiva para que se possam instalar, armazenar os seus materiais, e desenvolver normalmente a sua atividade. Nada disto lhes estará a ser assegurado.
Desta forma, reclama-se a inclusão das necessidades destes pescadores e armadores naquilo que for o “desenho” final do projeto em curso, da responsabilidade da CML. Investigar o mar expurgando aqueles que com ele se relacionam diariamente, acumulando camadas de conhecimento empírico, parece-nos um erro estratégico.
Outra questão preocupante, é a forma como a pesca e os seus profissionais estão a ser tratados aos longo das últimas décadas, num país que é tão só o 3º maior consumidor de pescado do mundo e o maior da União Europeia.
Temos assistido a uma deriva de desinvestimento nas infraestruturas de apoio, reconfiguração abrupta das economias regionais mais dependentes da pesca, desvalorização social das profissões ligadas ao setor, diminuição do seu peso económico, cultural e político.
Desta forma, e tendo em conta o que este caso especifico de Pedrouços pode ter de exportável para outros portos e para outras comunidades, a Mútua dos Pescadores, enquanto cooperativa de utentes de seguros, perseguindo a resolução dos problemas de ordem económica, social e cultural dos seus cooperadores, bem como das suas comunidades, demonstra toda a solidariedade para com estes armadores e pescadores, que viram na Mútua um parceiro determinante e uma base de apoio para a resolução dos seus anseios e preocupações.
Porque nos parecem ser reivindicações justas, poderão sempre contar com a experiência e o peso institucional da Mútua dos Pescadores para encontrar as mais adequadas formas de resolver estes e outros processos que careçam da nossa intervenção.

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