MERCADO EUROPEU

0

Fonte: BVWS – Bundenverband Wassersportwirtschaft (German Marine Federation)

Ventos favoráveis sopram na indústria náutica europeia
Numa perspectiva global, o mercado com maior potencial de crescimento é sem dúvida o mercado da União Europeia:
– Vinte dos estados membros têm zonas costeiras;
– A costa da União Europeia é sete vezes mais longa do que a dos Estados Unidos;
– Muitos dos países têm um sistema de águas interiores bem desenvolvido;
– 60% da população da Europa vive a 15 km de vias navegáveis.

Estas são condições vitais que vão fazer com que a indústria náutica continue florescente.


Neste contexto e tal como esperado, a indústria expandiu a uma média anual de 6 a 8% nos anos recentes. Nos próximos 5 anos está previsto um crescimento anual na ordem dos 5 a 6%. Também a Europa é líder no segmento dos super iates, dos veleiros bem como na construção à medida do cliente, total ou parcial.

O total das vendas da indústria náutica no seio da União Europeia em 2005 estima-se em 23,4 biliões de Euros, ganhos por cerca de 37.200 empresas com uma força de trabalho na ordem das 272.000 pessoas.

Cerca de 48 milhões europeus entusiastas dos desportos náuticos patrocinam actualmente esta indústria.

A venda de novos barcos é responsável por 1/3 (7 biliões) de Euros) do total do mercado de equipamentos e serviços. Em 2004 os estaleiros europeus encontraram 200.000 proprietários para os seus barcos. No topo das preferências estão os barcos a motor que representam 72% do total em termos de unidades vendidas. Quase 90% dos veleiros e dos barcos a motor estão na categoria das embarcações abaixo dos 7,5 m de comprimento e estão com preços que acabam por ir ao encontro duma grande fatia da população.


Federação Náutica Alemã e a Boot em Düsseldorf
A Federação Náutica Alemã representa a indústria desde 1961 e integra cerca de 440 empresas activas que abarcam todos os sectores dos desportos náuticos. Esta é uma organização que também dá cobertura a uma série de associações mais pequenas. Esta Federação é assim considerada como o principal veículo de promoção dos interesses do sector.

Desde o início a Federação tem dado um forte apoio à organização da Boot Düsseldorf, sendo que esta é uma cidade com uma localização privilegiada não só na perspectiva alemã mas também do ponto de vista europeu.

Uma rede de transportes permite que 30 milhões de pessoas que vivem num raio de 150 kms de Düsseldorf aqui cheguem com rapidez e facilidade. Se este raio aumentar para 500 kms estamos a falar duma área que abarca 148 milhões de pessoas, por isto mesmo não é de estranhar que este salão tenha atingido o lugar cimeiro a nível mundial no que diz respeito aos salões náuticos. Em Düsseldorf é possível atingir um mercado que vai muito além do mercado alemão. Cerca de 50.000 visitantes internacionais formam uma clientela adicional muito atractiva. Nesta perspectiva nenhum outro salão pode competir com o alcance internacional e as correspondentes oportunidades de entrada no mercado europeu que se encontra no Boat Show de Düsseldorf.


O mercado da Náutica de Recreio na Alemanha
De acordo com estatísticas da Federação das Indústrias dos Desportos Náuticos, 9,2% da população na Alemanha (6.3 milhões de pessoas) vão à água com regularidade, o que não surpreende dado que é uma área de actividade que oferece o que as pessoas querem realmente, designadamente: diversão, oportunidade de carregar baterias, descanso, ficar em forma e convívio. Em contraste com outras actividades recreativas, os desportos náuticos na Alemanha têm um potencial de crescimento muito forte. Por cada skipper de veleiro ou barco a motor, existem mais 5 pessoas que gostariam de ter este passatempo. O potencial de crescimento cifra-se assim na ordem dos 56% (3.3 milhões de alemães). As 70.000 licenças oficiais atribuídas anualmente para a condução de barcos desportivos demonstram bem o interesse, particularmente nos desportos náuticos motorizados que se mantêm imbatíveis.

Para além dos 250.000 barcos e iates (excluindo os semi rígidos) registados na Alemanha, existem 35.000 registados em nome de alemães nos Países Baixos, bem como mais 80.000 ao longo da costa do Mediterrâneo. Esta é uma frota que gera a correspondente procura de serviços e produtos náuticos.

A actividade desportiva está mais concentrada no interior do país (65%). A distribuição dos entusiastas por esta actividade também é curiosa: 21,7 % (1,4 milhões) vivem no a norte do Reno em Vestefália, percentagem superior à soma de todos os estados alemães com zona costeira.

A economia alemã na actualidade.
O estado da economia e o ambiente politico na Alemanha contribuíram para abafar a aquisição de novas embarcações à vela e a motor no ano de 2005. A percentagem de empresas que consideram a situação no sector dos barcos mais branda que no ano anterior atingiu os 54,7% – com uma subida significativa relativamente aos 30,8 % do ano anterior. No sector da vela esta opinião é partilhada por 45,2% dos intervenientes. No total a indústria antecipa vendas na ordem dos 1,68 biliões de Euros.

O número de importações que são um pouco o espelho do desenvolvimento do mercado interno, após uma recuperação em 2003 (6.595 unidades importadas), desceu para 5.725 em 2004. Na primeira metade de 2005 mantém-se esta tendência. Se compararmos com o mesmo período do ano anterior, foram registadas menos 1.333 unidades (descida de 33%) entradas na Alemanha. O golpe mais forte foi no segmento abaixo dos 7,5 m de comprimento.

Contrastando com este panorama a indústria dos mega iates continua de vento em popa. Nos últimos anos este segmento tem-se caracterizado por um crescimento de dois dígitos. Em paralelo são os fornecedores de equipamentos, para além dos estaleiros que beneficiem deste boom.

As exportações dos estaleiros na Alemanha subiram 5 vezes o seu valor entre 1998 e 2003. Após uma descida de 20% em termos de valores em 2004, as exportações voltam a subir em 26% na primeira metade de 2005. Os estaleiros alemães estão no entanto a antever tempos menos favoráveis. Mesmos os mercados mais robustos como o inglês e o italiano estão a assistir a uma curva de crescimento que está a aplainar ligeiramente. Os resultados dos primeiros Salões de Outono confirmaram já esta tendência. Ao invés de se trocaram barcos usados por novos, os proprietários estão a optar por investir na sua embarcação melhorando-a e tentando prolongar o seu tempo de vida. Esta tendência vem beneficiar os sectores dos acessórios e equipamentos bem como os estaleiros que fazem manutenção e melhoramentos. As vendas de equipamentos aumentaram 5% em 2005.

O que começa a ser um “must-have” passa por qualidade de navegação acrescida, sistemas de comunicação muito avançados e equipamentos de luxo. Os iates privados são cada vez mais casas de férias de luxo onde os proprietários não cedem no que diz respeito ao conforto. Os sistemas de aquecimento refrigeração e as cozinhas são os elementos que se encontram no topo da lista de compras destes proprietários.

Com esta opção pela qualidade de vida, os aspectos desportivos da vela e do motor tem sido relegados para 2º plano em relação ao turismo náutico.

Acompanhando esta tendência a Messe Düsseldorf e a BVWS juntaram esforços com a Associação Automóvel Alemã na edição do Guia do Turismo Náutico on-line, um guia em alemão e que engloba todas as infra estruturas marítimas alemães na forma de mapas com possibilidade de zoom e que possibilitam transformar o planeamento de qualquer passeio numa actividade muito fácil e precisa. Mesmo antes de levantar ferro, os turistas náuticos já estão na posse de dados e números sobre as marinas de destino e as suas ofertas, regulamentos, pontos de assistência bem como ofertas turísticas em terra.

Para consultar este guia visite: www.adac.de (Reise Service)

Parecer final
Apesar de ligeiramente abafada pela recente economia, a indústria náutica está confiante em 2006. Apesar das dificuldades 57,4% dos inquiridos esperam manter a estabilidade do seu negócio ou mesmo melhorá-lo na próxima época.

Partilhe

Acerca do Autor

A redacção da Náutica Press prepara artigos e notícias do seu interesse, mantendo-o ao corrente do que se passa no universo da náutica de recreio e da náutica em geral, em Portugal e no Mundo.

Deixe Resposta