Apesar dos baixos índices de confiança, portugueses não são excepção.
A edição de 2008 do estudo O Observador Cetelem analisa os mercados para melhor os compreender e poder antecipar as expectativas dos consumidores europeus. Apresenta ainda as intenções de consumo e de poupança de diversos países, bem como os hábitos de compra.
A melhoria do moral dos consumidores europeus prevista pelo O Observador Cetelem há um ano confirmou-se. Influenciado pela melhoria económica do ano de 2006, o moral dos consumidores europeus, medido no Outono de 2007 regista um aumento em relação ao ano transacto. Avaliado numa escala de 1 a 10, atinge actualmente 4,9 contra 4,7 de 2007. A Bélgica mantém-se o país mais optimista, apesar da situação política conturbada. A Alemanha, que implantou reformas pesadas nestes últimos anos, tem agora uma boa dinâmica, com uma nota que progride desde há 3 anos. Em Portugal, na Hungria, na Sérvia e na Polónia, o moral é inferior à média europeia, mas com tendência para melhorar em 2008. Em Portugal, a luta pela redução do défice entre 2005 e 2006 obrigou a cortes nas despesas sociais e a crise está instalada já há alguns anos, o que originou uma diminuição comprovada do poder de compra e a quebra dos índices de confiança dos portugueses.
No que respeita ao balanço entre consumo/poupança e à semelhança do que aconteceu no ano anterior, as famílias belgas e britânicas apresentam os níveis de propensão para o consumo mais elevados. Apesar dos países da Europa Ocidental continuarem a liderar as intenções de compra, o dinamismo encontra-se, este ano, mais a Leste, sobretudo na Eslováquia e na Rússia. Nestes dois países, as famílias ostentam um optimismo que se concretiza em intenções de compra em plena fase de expansão. Uma vez mais, a posição dos europeus face ao balanço consumo/poupança não deixa dúvidas, verifica-se uma explosão das intenções de consumo mas – fenómeno novo -, as intenções de poupança mantêm-se praticamente estáveis comparativamente às do ano anterior. As intenções de poupança progridem, mesmo nos países mais confiantes. O saldo entre intenções de consumo e intenções de poupança é positivo em todos os países este ano.
Em 2007, as intenções de consumo por produto dos portugueses aumentaram apenas nos telemóveis. Para 2008, a vontade de compra de telemóveis também cresce, mas de forma mais ténue. Aumentam ainda as intenções dos portugueses em comprar electrodomésticos, equipamento para bricolagem/jardinagem, computadores pessoais e motos/scooters. As obras em casa, os móveis e os automóveis mantêm níveis de intenções de compra semelhantes aos do ano anterior. O lazer e as viagens, o desporto e o imobiliário registam diminuições. Estes resultados mostram que a prioridade dos portugueses, para 2008, se concentra no conforto do lar.
Todos os consumidores on-line europeus são unânimes em afirmar que a Internet lhes facilita a vida e que o comércio electrónico favorece o consumo. Há ainda alguns obstáculos ao pleno desenvolvimento das compras na Internet, mas que serão resolvidos a curto prazo, com o crescente acesso das pessoas a este meio. Até 2010, mais de 50% dos europeus terão acesso à Internet e, até 2015, o comércio electrónico representará 1/4 do comércio total.
Optimizando a relação entre o consumidor e os produtos ou serviços de que necessita, a Internet contribui para apoiar o consumo. Verifica-se uma explosão das vendas on-line nos mercados de consumo europeus, com taxas de crescimento correspondentes a dois algarismos. Actualmente, 70% do volume de negócios das vendas on-line europeias está concentrado no Reino Unido, na Alemanha, em França e na Bélgica.
Portugal apresenta uma taxa de ciber-compradores das mais baixas dos países em análise. Apenas a Rússia apresenta um valor inferior. Tal como acontece em todos os países, o perfil do ciber-comprador português apresenta uma dominante masculina. A grande fatia dos compradores on-line portugueses têm menos de 35 anos, sendo o caso de todos os países em análise, mas a percentagem é muito baixa nas faixas etárias superiores aos 65 anos.
A procura de informação faz parte do processo da compra on-line. Verifica-se, sobretudo, nos produtos mais procurados on-line (viagens/lazer, produtos culturais, electrodomésticos) mas também em produtos pouco comprados na Internet. O automóvel é um exemplo perfeito: a grande maioria das aquisições de veículos novos faz-se nos concessionários e, no entanto, 49% dos ciber-compradores europeus informam-se na Internet antes de realizarem a compra.
A pesquisa de informação pelos portugueses na Internet é semelhante à europeia, mas com algumas diferenças. Os automóveis novos ultrapassam os electrodomésticos e a electrónica de consumo. Os produtos financeiros são também menos pesquisados do que artigos de desporto e mobiliário, ao contrário do que se passa na maioria dos países em análise. Para a quase totalidade dos produtos, as compras na Internet progrediram relativamente ao ano anterior, destacando-se um trio que lidera no conjunto dos países europeus: viagens/lazer, produtos culturais, electrodomésticos e TV/Hi-Fi/vídeo.
A edição deste ano do Observador Cetelem, além de conter dados relativos aos grandes mercados europeus, apresenta uma análise do comércio electrónico e dos hábitos de consumo relacionados com a Internet. Quem são os consumidores electrónicos europeus, como consomem e o que consomem, são algumas das questões abordadas. Para a elaboração do Observador Cetelem 2008 foram entrevistadas mais de 12.500 pessoas, em 13 países europeus, em colaboração com a consultora BIPE. Criado em França em 1989, o sucesso deste estudo levou a que o mesmo se estendesse rapidamente a outros países do Grupo, tendo chegado a Portugal no ano 2000.
A edição de 2008 do estudo Observador Cetelem em Portugal é constituída por quatro cadernos:
Caderno 1 Barómetro Europeu, que inclui um inquérito sobre a percepção económica e a análise do comércio electrónico na Europa;
Caderno 2 Os Grandes Mercados, com resultados sobre os mercados em Portugal e na Europa nas principais áreas de consumo (mobiliário, electrodomésticos, electrónica, informática e bricolagem). Este caderno apresenta, ainda, dados a nível distrital sobre mercados e consumo em Portugal;
Caderno 3 Mercados automóveis: ponto de situação e perspectivas (lançamento em Abril);
Caderno 4 – Dossier Especial Os Portugueses e as energias renováveis (apresentado em Março).