Livro “Chora e Feijão Assado” retrata o legado gastronómico da Faina Maior

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No âmbito da comemoração do Dia Nacional do Mar, realizado no passado sábado, no Museu Marítimo de Ílhavo, a Câmara Municipal lançou o livro “Chora e Feijão Assado – A Gastronomia de Bordo na Pesca do Bacalhau”, que recria receitas de bordo dos bacalhoeiros da Faina Maior e que, ainda hoje, influenciam a culinária e o património gastronómico ilhavense, com algumas recriações contemporâneas inspiradas nos ingredientes e receitas tradicionais.

“Chora e Feijão Assado” é a edição de estreia da coleção “A Nossa Mesa”, trilogia gastronómica das gentes de terra, do mar e da laguna do Município de Ílhavo. Tem a sua origem no Festival Gastronomia de Bordo, um evento que surgiu em 2018 apoiado no Projeto “Territórios com História: o mar, a pesca e as comunidades – programação cultural em rede dos municípios de Ílhavo, Peniche e Murtosa”, liderado pela Câmara Municipal de Ílhavo e cofinanciado pelo CENTRO2020, Portugal 2020 e União Europeia através do FEDER. Cada um destes territórios desenvolveu a sua gastronomia de bordo, sendo que Ílhavo se dedicou ao secular património da pesca do bacalhau por mares do Atlântico Norte, projetando para os dias de hoje a gastronomia tradicionalmente produzida a bordo das embarcações de pesca longínqua. Aos outros territórios caberia a gastronomia das embarcações de pesca costeira (Peniche) e lagunar (Murtosa).
O livro apresenta-se como uma homenagem à cozinha tradicional bacalhoeira praticada, durante décadas, a bordo dos navios de pesca do bacalhau, suportada nos sabores e nas restrições vividas nos mares gelados do Norte. Exemplo disso é a famosa Chora, uma sopa feita com a cabeça do bacalhau que deu mote a alguns ditos entre os homens nos navios: “quem come chora, tem de cá voltar!”.
Ao longo dos largos meses de viagem, eram servidos pratos como feijão assado com peixe frito, feijoada de chispe, caldeirada de espinhas de bacalhau, bacalhau frito, bacalhau da pana ou o “queque dos domingos”, entre outros, comida retemperante para climas hostis e mares inóspitos enfrentados por valentes pescadores.
Esta edição conta com uma investigação inédita de Pedro Miguel Silva (investigador do CIEMar-Ílhavo, da Câmara Municipal) que nos apresenta uma retrospetiva histórica da gastronomia dos navios de pesca do bacalhau, traçando a vida alimentar a bordo.
Como curadora do próprio festival, a chef Patrícia Borges trabalhou as receitas a partir de fontes escritas e sobretudo orais, com as memórias e registos pessoais de três antigos cozinheiros: Manuel Sousa, José Pascoal e José Ribeiro. Desse trabalho de recolha, resultaram dezoito receitas de gastronomia de bordo que podem ser confecionadas em qualquer cozinha, oferecendo sempre notas de sugestão e de recriação, mas respeitando sempre a essência memorial do património gastronómico da comunidade do mar.
“Chora e Feijão Assado” tem o preço de venda ao público de 18,00 euros e encontra-se disponível no Museu Marítimo de Ílhavo, nos Postos de Turismo de Ílhavo e da Costa Nova e na Loja Online do Município de Ílhavo (https://loja.cm-ilhavo.pt/)

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