No final do mês de Abril, foi lançada a tão esperada segunda série de dados da missão Gaia da ESA, fornecendo informações sobre uma fenomenal cifra de 1,7 mil milhões de estrelas – o catálogo de estrelas mais rico até hoje.
Para contextualizar esse vasto número, se contasse “apenas” até um milhar de milhão a uma taxa de uma contagem por segundo, levaria mais de 30 anos. Os novos dados manterão, certamente, os astrónomos ocupados por mais tempo.
O conjunto de dados já revelou detalhes sobre a composição da população estelar da Via Láctea e sobre como as estrelas se movem, informações essenciais para investigar a formação e evolução da nossa galáxia.
O tesouro de dados também inclui informações sobre estrelas além da nossa própria galáxia. Um exemplo encontra-se ilustrado nesta imagem, que se concentra numa das galáxias mais próximas da nossa Via Láctea, a Grande Nuvem de Magalhães, ou LMC (Large Magellanic Cloud).
Esta imagem combina a densidade total de estrelas detetadas por Gaia em cada pixel, com informações sobre o movimento adequado das estrelas – a sua velocidade através do céu – que é representada como a textura da imagem, dando-lhe uma aparência de impressão digital.
Ao medir o movimento apropriado de vários milhões de estrelas na LMC, os astrónomos puderam ver uma impressão das estrelas a girar no sentido horário, ao redor do centro da galáxia. A impressão do movimento é evocada pela natureza ondulante da textura da linha.
Os astrónomos estão interessados em derivar as órbitas de aglomerados globulares – antigos sistemas de estrelas unidos pela gravidade e encontrados no halo da Via Láctea – e galáxias anãs que giram em torno da Via Láctea. Isto fornecerá informações importantes para estudar a evolução passada da nossa galáxia e o seu ambiente. Fonte: ESA
Agradecimentos: Consórcio de Análise e Processamento dos Dados de Gaia (DPAC); A. Moitinho/A. F. Silva/M. Barros/C. Barata, Universidade de Lisboa, Portugal; H. Savietto, Fork Research, Portugal; P. McMillan, Observatório de Lund, Suécia.