Desenvolvendo o seu negócio em diferentes áreas ligadas à Náutica de Recreio, o Grupo Siroco tem conseguido ultrapassar as dificuldades procurando, de forma criativa, avançar acreditando no seu potencial. Falámos com Salete Novaes e José Augusto, os rostos de uma tripulação cada vez numerosa que teima em descobrir soluções e rasgar novos horizontes.
Texto e fotografia: Vasco de Melo Gonçalves
Náutica Press (NP) – Gostaria de saber quais são os grandes objetivos para o ano de 2016 do Grupo Siroco?
Grupo Siroco (GS) – No segmento dos equipamentos – Siroco Equipamentos – estamos a desenvolver o conceito de central de compras, algo que já fazíamos com as empresas do Grupo mas que estamos a alargar para empresas fora das do Grupo Siroco. Criámos uma forma de fornecimento de equipamento e de soluções para as necessidades das empresas náuticas que nos procuram (pequenas e médias). Trabalhamos com dezenas de catálogos sendo que a maior referência é a Plastimo com cerca de 60% do movimento. É uma área de negócio interessante com potencial de crescimento e para a qual criámos uma estrutura comercial e administrativa. Com a central de compramos atuamos maioritariamente no mercado nacional mas, também trabalhamos com o mercado internacional.
No que diz respeito à venda de usados, no ano de 2015 tivemos um crescimento razoável em relação a 2014. As nossas vendas situaram-se nas 67 unidades face às 59 realizadas em 2014. Das 67 unidades vendidas, 31 destinaram-se à exportação sendo o mercado inglês o mais relevante com 8 barcos. Notamos que a nossa empresa já começa a estar referenciada no mercado internacional e isso, é muito bom! Como resultado desta realidade quase todas as semanas recebemos contactos, via internet e físicos, de potenciais clientes estrangeiros.
O ano de 2016 começou bem e, em apenas dois meses e meio, temos já vendidos 12 barcos o que nos leva a pensar que este ano será uma superior, em vendas, a 2015.
NP – Como é feita a angariação dos barcos?
GS – Hoje em dia já são os clientes que nos procuram e, na sua grande maioria, são nacionais mas também temos alguns estrangeiros. Praticamente já não procuramos barcos!
NP – A que se deve este sucesso?
GS – Essencialmente a muito empenho e trabalho. Muito conhecimento do mercado, saber arquitetar a venda, saber vender o sonho e encontrar o barco ideal para o cliente. É essencial que o cliente fique satisfeito e saiba concretamente o que está a comprar. Para além disto é importante ter uma boa equipa para dar apoio ao processo de venda.
Este bom desempenho nesta área vai-nos a obrigar a procurar novas instalações ainda este ano! Estamos satisfeitos com o negócio mas começamos a sentir falta de barcos usados, no mercado nacional, para vender. A falta da venda de novos dos últimos anos está a refletir-se atualmente.
NP – A propósito de novos como está o negócio para o Grupo?
GS – Neste momento comercializamos a marca francesa Lagoon mas vamos ter nova marca. Estamos a ultimar os pormenores, por isso não posso revelar muito, para vir a comercializar uma marca de barcos que produz barcos a motor e à vela.
Em relação à Lagoon, desde Setembro de 2015, já vendemos 8 barcos (dois 39, três 400, dois 450 e um 630) o que significa que já ultrapassámos os objetivos a que nos tínhamos comprometido com o estaleiro. A marca Lagoon pertence ao Grupo Bénéteau e, este nosso desempenho foi reconhecido internamente tendo o Grupo oferecido a marca CNB para nós trabalharmos o mercado português.
Ainda na marca Lagoon, a prestação de assistência internacional também tem sido importante para a nossa imagem externa e, em 2015, prestámos os nossos serviços a 82 barcos que fizeram escala em Portugal. Para além da assistência este tipo de serviço gera também negócio para os nossos parceiros de assistência.
NP – O setor do charter como está a evoluir?
GS – Essa vai ser uma área em que vamos evoluir com a criação da empresa SeaSky Portugal Charter. Sentimos a necessidade de fazer algo mais profissional no setor do charter. A experiência, enquanto SeaWay, ao longo de alguns anos assim o determinou. Já adquirimos um Lagoon 400 com quatro cabinas que deverá estar a operar no próximo mês de Junho. Vamos ter também um barco a motor (Fairline Squadron 56), em exclusivo, e mais dois barcos a motor de clientes.
Vamos operar em três bases nomeadamente, Lisboa, Algarve e Tróia, a base principal. A comunicação ao mercado está a ser preparada e, durante a Nauticampo (6 a 10 de abril), as pessoas já poderão ver no nosso stand as nossas quatro realidades de negócio.
Para este ano de 2016 temos ainda um novo projeto onde, o nosso envolvimento é menor mas que achamos muito interessante – o Sun Concept (ver apresentação em http://www.nauticapress.com/sun-concept-a-aposta-nas-energias-amigas-do-ambiente/).
Vamos fazer a comercialização dos barcos a nível europeu e, mais tarde, talvez mundial. É um projeto ambicioso que poderá ter uma grande procura devido às restrições ambientais e por serem barcos movidos a energia elétrica e solar.
NP – Mudando o rumo à nossa conversa gostaria de saber se para vocês faz sentido a existência de Salões Náuticos?
GS – Os salões náuticos são fundamentais mais não seja, para criar a vontade de! Se não houver um salão náutico, as pessoas não pensam no barco ou só pensam quando o veem passar… Os salões são motivadores e, neles, fechamos negócios. Temos o exemplo de Düsseldorf, um salão realizado em Janeiro e com frio mas que é uma referência para os nautas e que tem uma grande adesão do público. É uma festa!
Os salões não são a única forma de comercialização. Os clientes estão mais informados/esclarecidos e, quando se deslocam a um salão sabem bem o que querem e são mais exigentes. A importância de ver o barco “ao vivo” é muito importante.
Em relação à realidade portuguesa, a Nauticampo funciona como um local de encontro do setor, de troca de experiências e de reencontro com os clientes. Um encontro de pessoas que gosta de náutica e isso é muito importante.
NP – Como acham que vai evoluir a Náutica?
GS – Ultrapassada a questão do financiamento pensamos que haverá espaço para a venda de barcos novos. A evolução da situação económica também vai ajudar e a nossa experiência com a Lagoon confirma o que acabamos de dizer. O conceito de barco catamarã é uma aposta ganhadora tanto no mercado nacional como internacional. Ao nível das decorações e de layout assistimos a uma evolução enorme. Os materiais, os equipamentos, a conceção são muito diferentes do que era a realidade de há poucos anos atrás.
Pensamos que ainda temos algum trabalho pela frente no desenvolvimento do sonho de estar no Mar a bordo de um barco.
NP – Para finalizar como definem o atual utilizador de barcos?
GS – O velho marinheiro já não existe! O novo marinheiro aceita o clássico mas quer sentir o conforto da modernidade. O grau de exigência alterou-se e o programa de utilização também é diferente. A experiência da vivência num barco tem que acrescentar valor.