Os golfinhos comuns são uma presença constante no estuário do rio Tejo. O veleiro não será o barco mais rápido para acompanhar estes mamíferos marinhos mas, é silencioso e mais amigo do ambiente.
Em segundo plano temos uma das edificações mais recentes da margem norte do rio. O Centro de Investigação para o Desconhecido da Fundação Champalimaud é um projeto de autoria do arquiteto goês Charles Correa. Foi inaugurado a 5 de outubro de 2010.
Os momentos de espera são também interessantes pois temos tempo de observar a paisagem e analisar alguns indicadores (aves marinhas a sobrevoar ou agitação na água) da possível presença dos golfinhos.
A empresa Terra Incógnita celebra os seus 25 anos de atividade e lança um novo projeto de visitação no rio Tejo. Na conversa que tivemos com Bernardo Queiroz, fundador da empresa, ficámos a conhecer um pouco melhor as linhas de orientação desta nova vertente do negócio com preocupações ambientais e de transmissão de conhecimentos e vivências às gerações mais novas.
A beleza do estuário do rio Tejo é algo que não deixa ninguém indiferente. Na nossa saída, a bordo de um catamarã à vela com 46 pés, impressionou-nos a luz, a arquitetura das margens e, agora, os golfinhos comuns que se alimentam e passeiam pelas águas do Tejo criando, desta forma, um novo fator de atração.
Delphinus delphis
Nomes comuns: Golfinho-comum, Delfim, Golfinho-comum-de-bico-curto
O golfinho-comum é uma espécie pelágica comum em águas temperadas a tropicais de todo o mundo. Esta espécie pode oscilar entre os 1,6 a 2,4 metros de comprimento e entre 100 a 200 kg de peso, sendo que as fêmeas são ligeiramente menores que os machos.
Apesar do declínio de várias populações, esta continua a ser uma das espécies mais abundantes, o que lhe confere, desde 1996, o estatuto de “Pouco preocupante”, segundo a IUCN.
Reproduzem-se provavelmente durante todo o ano mas com maior incidência na Primavera e no Verão. As fêmeas atingem a maturidade sexual entre os 2 a 8 anos de idade e os machos entre os 3 a 12 anos de idade. A época de reprodução é sazonal e a gestação pode durar de 10 a 11,7 meses. Os eventos reprodutores ocorrem com diferenças de pouco mais de 1 ano. As crias nascem com 80 a 93 cm de comprimento. A longevidade é de cerca de 50 anos no máximo, tanto em machos como fêmeas.
Bernardo Queiroz
À conversa
Nesta nossa saída tivemos a possibilidade de conversar com Bernardo Queiroz, o fundador da Terra Incógnita, sobre a empresa e a sua evolução no mercado bem como projetos futuros.
A Terra Incógnita é uma escola de vela que foi criada, em 1996, por dois jovens universitários (Bernardo e André) que se separam um pouco mais tarde. Para Bernardo Queiroz a escola, ao longo dos anos, tem vindo a crescer, tem evoluído na forma de trabalhar nas áreas de negócio onde está inserida. O enfoque no cliente e na prestação de um serviço de qualidade e rigoroso, têm sido fatores de sucesso da escola, assentes numa equipa de colaboradores que o têm ajudado nesta missão de democratizar a vela e levar este desporto a mais pessoas.
25 anos parece muito tempo mas para Bernardo Queiroz ainda muito vivo na sua memória, o início com barcos First Class 8, as regatas para Sesimbra e as velejadas míticas. Este desenvolvimento e aprendizagem têm sido acompanhados por patrocinadores de qualidade que o ajudaram a crescer!
Estes 25 anos marcam também um ponto de viragem e de continuidade. As preocupações ambientais e com a biodiversidade do estuário do rio Tejo e com o Mar, em geral, estão na linha da frente para Bernardo Queiroz que quer retribuir ao Mar todo o prazer que ele lhe tem proporcionado.
O rio Tejo e o seu estuário bem como o Canhão de Lisboa são locais de uma grande riqueza ao nível da fauna (golfinhos – comuns, roazes e orcas – tubarões martelo e azuis, etc.) e flora marinha. A Terra Incógnita está empenhada em mostrar esta realidade através de saídas de barco para observação através do projeto Dolphin Wacht. Este projeto é mais do que uma área de negócio e, por isso, estabeleceu uma parceria com a WWF com a finalidade de sensibilizar as crianças (ir com biólogos às escolas falar desta realidade) e a comunidade piscatória, bem como os nautas em geral.
Para os seus colaboradores, a Terra Incógnita vai proporcionar experiências de mergulho com a finalidade de dar a conhecer a biodiversidade que está submersa.
Por fim temos a experiência de saídas num catamarã à vela. Bernardo Queiroz costuma passar as suas férias a bordo e, as fotografias de sítios de sonho ou as grandes vivências a bordo provocando a “inveja” de muitos! Por isso decidiu criar programas que replicam essas suas saídas, a preços acessíveis mas não de graça, para que as pessoas possam passar um dia ou uma semana a bordo e vivenciarem toda uma experiência da observação cetáceos, da navegação à vela entre portos mantendo sempre a mensagem da preservação da Natureza. Quem vive o Mar fica sensibilizado para a sua proteção!
Nos momentos de procura podemos ficar a conhecer, um pouco melhor, as edificações marcantes existentes no rio Tejo. Na imagem, o Forte e Farol do Bugio cuja construção teve início no século XVI.
