Gares marítimas do porto de Lisboa selecionadas pelo World Monuments Fund

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As Gares Marítimas de Alcântara e Rocha do Conde d’Óbidos foram selecionadas pelo programa Watch 2022, do World Monuments Fund (WMF), como um dos 25 lugares com importância cultural extraordinária, que enfrentam desafios globais e requerem uma preservação urgente e vital para as comunidades locais. A seleção do projeto português, apresentado pelo Porto de Lisboa, atesta o alcance mundial do seu valor histórico e artístico.

A convocatória para a edição de 2022 do WMF resultou em mais de 225 candidaturas, que passaram por uma ampla revisão interna e externa pelo Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS) e um painel independente de especialistas em património internacional, que foram responsáveis ​​pela lista da seleção final de 25.
As Gares Marítimas de Alcântara e Rocha Conde de Óbidos constituem um património ímpar que testemunha a condição multicultural profundamente arraigada na população de Lisboa. Como espaço de inter-relação com outras culturas, a construção destes edifícios na área portuária de Lisboa coincide com o fim da Segunda Guerra Mundial.
O World Monuments Fund vai trabalhar com o Porto de Lisboa, não só na conservação dos murais de Almada de Negreiros, mas também na estruturação de uma estratégia de gestão cultural das gares, prevendo a sua abertura ao público e a sua programação cultural, dentro e fora de portas, em colaboração com as empresas da área e outras instituições culturais que se pretendam associar ao projeto.
Ricardo Medeiros, administrador do Porto de Lisboa destaca que «a inclusão das Gares Marítimas na seleção de 2022 do World Monuments Fund é motivo para grande satisfação e orgulho para a Administração do Porto de Lisboa. Uma distinção que irá contribuir para o apoio na conservação dos murais e na reabilitação destas estruturas que outrora serviram de porta de entrada marítima em Lisboa».
O mesmo responsável do Porto de Lisboa adianta que «a revitalização destes edifícios do Porto de Lisboa contribuirá para que se contem histórias e reencontrem memórias que, ao longo dos anos, foram passando ao lado das narrativas oficiais: interessam-nos as Gares que assistiram às vagas migratórias do século XX, ao embarque dos soldados para África, à chegada de refugiados ou ao regresso das populações portuguesas no pós-descolonização. Trata-se também de uma grande oportunidade para estreitar relações com as múltiplas culturas com quem partilhamos uma história e uma língua em comum».
O Projeto será desenvolvido por uma equipa constituída pela Administração do Porto de Lisboa, o World Monuments Fund Portugal, a Associação ANSA (Almada Negreiros Sarah Affonso), a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa nomeadamente o Instituto de História de Arte e o Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais, o Laboratório Hércules, no âmbito também do Projeto O desvendar da Arte da Pintura Mural de Almada Negreiros, a Faculdade de Arquitectura de Lisboa e a empresa Nova Conservação.
A candidatura contou ainda com o apoio da DOCOMOMO, da Fundação Oriente e da Freguesia de Alcântara.

A intervenção do World Monuments Fund não se limita à angariação de fundos, a organização assume total responsabilidade pela realização dos seus projetos. A sua abordagem prática, que parte de pressupostos de grande rigor, quer do ponto de vista científico quer de gestão financeira, tem resultado num fator de credibilidade e de confiança junto de diversas instituições, de especialistas e dos mecenas que continuadamente a têm apoiado, na certeza de uma administração transparente e tecnicamente competente dos fundos angariados.
Para a realização desse objetivo congregam-se contributos financeiros internacionais angariados pelo World Monuments Fund em Nova Yorque, contributos de mecenas privados nacionais e internacionais e o apoio do Estado Português.
Criado em 1965, o World Monuments Fund (WMF) é uma organização independente dedicada a proteger património de relevo em todo o mundo, para enriquecer a vida das pessoas e construir pontes de entendimento mútuo entre culturas e comunidades.
Desde o seu início, o programa Watch tem sido uma ferramenta de sensibilização para o património que concede proteção e apoio para a sua preservação. Até ao momento, o WMF já contribuiu com mais de 110 milhões de dólares para projetos, em mais de 300 lugares, e a visibilidade concedida pelo Watch ajudou as comunidades locais a alavancar 300 milhões de dólares adicionais, de outras fontes.
A filial portuguesa do WMF foi criada em 1993 como uma instituição sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública, que tem como objetivo a conservação do património histórico e artístico português. Desde 1994 conduziu já a grandes obras de conservação e restauro, de alguns dos mais emblemáticos monumentos de Portugal, tais como a Torre de Belém, o Mosteiro dos Jerónimos, a Estátua Equestre de D. José I, os Jardins do Palácio de Queluz, entre outros.

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