SB Oceans decorre de 14 a 16 de novembro. Empresários, investigadores e ativistas apresentam projetos referência de preservação da vida marítima. Alexandra Cousteau é uma das oradoras
Pela sua ligação histórica ao mar e aposta crescente na economia azul, Portugal foi o país escolhido pela Sustainable Brands – comunidade constituída por empresas e organizações que tem como objetivo fomentar a partilha de práticas inovadoras de cariz sustentável – para a realização do seu primeiro projeto temático dedicado aos oceanos. A SB Oceans decorre de 14 a 16 de novembro, na Alfândega do Porto.
Atualmente, existem quatro triliões de toneladas de plástico no mundo, sendo que 150 milhões de toneladas estão no mar. Em 2050, haverá mais plástico nos oceanos do que peixes. Contudo, não é esta única preocupação quando falamos na sustentabilidade dos oceanos (até porque há milhares de outros poluentes). A SB Oceans defende que é urgente debater a pesca excessiva, e de que forma é possível proteger as espécies e restaurar os oceanos, assim como as ferramentas de educação colocadas ao serviço das comunidades, o impacto das alterações climáticas, entre muitas outras temáticas.
O evento conta com a participação de cerca de 90 oradores nacionais e internacionais, entre empresários, investigadores e ativistas, e pretende revelar exemplos de boas práticas nas mais diferentes áreas – ciência, moda, desporto, cultura, banca, turismo, educação, transportes, meios de comunicação social e até mesmo influencers – que contribuem para a preservação nos oceanos. Além das palestras, o programa contempla atividades paralelas, como masterclasses, workshops e projeção de filmes.
Alexandra Cousteau e o futuro dos oceanos em 2050
Alexandra Cousteau, que segue o legado do avô Jacques Cousteau e da família na defesa dos oceanos, abre o SB Oceans no dia 14 de novembro. A ativista e cineasta defende que os oceanos são resilientes quando recriamos condições que lhes possibilitam reflorescer e que ainda vamos a tempo de reabilitar zonas mortas, reconstruir habitats marinhos e combater a acidificação oceânica. Essa nova política de florestação, alargada à escala mundial, permite reter o dióxido de carbono, criar milhões de novos empregos na economia azul e aumentar o número de peixes nos oceanos, de forma a responder às necessidades da população mundial. Alexandra Cousteau acredita que estes objetivos podem ser atingidos em 2050.
Plastic Bank: Acabar com o plástico com uma resposta social
No dia 15 de novembro, um dos testemunhos em destaque é o da Plastic Bank, cuja missão é acabar com o plástico nos oceanos. O projeto é desenvolvido em comunidades com graves dificuldades económicas que vivem em zonas contaminadas pelo plástico, como o Haiti. Aqui, o plástico recolhido pelas populações é trocado por dinheiro, bens e serviços e também possibilita aos empresários locais que cobrem os seus produtos em plástico, promovendo a sua reciclagem e reutilização contínua. O trabalho desenvolvido pela Plastic Bank tem vindo a ser premiado, tendo, inclusive, sido destacado no filme A Plastic Ocean, com produção de Leonardo Di Caprio.
Waste2Wear: Criação de tecidos a partir de plástico já utilizado
A Waste2Wear encara o plástico como um material base que serve como recurso para criar algo novo. A empresa foi uma das primeiras a utilizar a tecnologia para criar tecidos e produtos têxteis a partir de plástico já utilizado proveniente dos oceanos. A Waste2Wear apresentou este mês a primeira coleção de tecidos criados a partir de plástico recolhido nos oceanos que é totalmente rastreável, utilizando a tecnologia blockchain, o que permite ter acesso a todos os passos da criação dos produtos. A palestra decorre no dia 15 de novembro.
Declarar guerra ao plástico com soluções concretas
A SB Oceans vai dar a conhecer uma nova tecnologia criada pelo Centre of Regenerative Design and Collaboration (CRDC) que permite transformar o plástico encarado como lixo num novo produto que pode ser utilizado no setor da construção, estimulando a economia. Este produto, apelidado de EcoArena, já foi testado e está a ser usado comercialmente na Costa Rica. Donald Thomson, CEO da CRDC, vai anunciar, em primeira-mão, no dia 15 de novembro, no SB Oceans, o lançamento de uma solução global e de um fundo de investimento que vai facilitar a guerra contra o plástico.
Jornalista da CNN passa dos campos de batalha para a luta ambiental
Arwa Damon é jornalista da CNN. Ao longo da sua carreira, tem vindo a fazer reportagens em cenários de guerra, como o Iraque ou a Síria, ou revoluções políticas, como a Primavera Árabe. Contudo, o seu fascínio por outro tipo de batalhas – as ambientais – tem conduzido Arwa Damon até à Antártida e Ártico, com a Greenpeace. Na SB Oceans falará sobre o seu percurso. A conversa está agendada para dia 15 de novembro.
84 quilos de plástico por cada participante serão retirados dos oceanos
Só por assistir ao evento, os participantes já estarão a ajudar os oceanos. Através da parceria com a Plastic Bank, a SB Oceans irá retirar dos oceanos 84 quilos de plástico por cada pessoa que marcar presença na conferência, o que é o equivalente à quantidade de plástico que cada um de nós utiliza e descarta anualmente. Os participantes vão receber um certificado personalizado e ainda ter acesso a um link que lhes permite perceber em que local do mundo a sua quantidade de plástico vai ser retirada, além de dicas sobre práticas sustentáveis.
A Sustainable Brands reúne a visão de gestores, investigadores, designers, responsáveis de marketing e comunicação, entre outros players. A comunidade acredita que através da partilha de boas práticas é possível que cada uma das marcas e entidades envolvidas melhore o seu contributo para um mundo mais sustentável. Os bilhetes para SB Oceans podem ser adquiridos através do site do evento: https://events.sustainablebrands.com/sb19oceans/registration/