Esta base de dados assume-se como um instrumento de pesquisa essencial, que torna possível não só acompanhar a evolução quantitativa dos navios da frota bacalhoeira ao longo dos últimos 170 anos, mas também identificar e analisar as suas características específicas. Estamos certos que representará uma fonte indispensável para futuros estudos relacionados com esta temática.A pesca do bacalhau foi, ao longo dos séculos, uma atividade onde se repercutiram as conjunturas internas e externas que foram assolando Portugal. Se, nos primórdios da “grande pesca”, as viagens de navios portugueses para o Atlântico Norte se tornaram mais regulares, apontando os registos existentes para uma intensa atividade pesqueira, na qual participaram, ao longo do século XVI, várias dezenas de embarcações dos portos de Aveiro/Ílhavo e Viana, nos séculos seguintes inúmeros obstáculos iriam originar uma inconstância desta actividade.
As frotas que partiam em direcção à Terra Nova enfrentavam a concorrência de outras nações bem como os riscos inerentes às condições meteorológicas próprias dessa zona do Atlântico. Ainda no decorrer do século XVI, as restrições impostas pela rainha Isabel I de Inglaterra provocam o afastamento de embarcações portuguesas dos bancos ricos em bacalhau, criando uma instabilidade que se prolonga até ao século XVII. Nesta centúria, a união das coroas ibéricas, estabelecida em 1580, chegaria ao fim, não sem antes provocar a aniquilação da frota portuguesa, arrastada para o fundo do oceano com a Invencível Armada. Depois de atravessar todo o século XVIII afastado das áreas de pesca e dominado pelos interesses comerciais britânicos, Portugal reiniciou a pesca na década de 1830, de forma irregular até aos finais do século. O ressurgimento paulatino, mas não constante, da pesca do bacalhau nos mares da Terra Nova a partir de meados do século XIX permite-nos classificar o grupo variável de veleiros que a partir de então demandam os bancos da Terra Nova como “frota bacalhoeira”, ponto central desta de investigação.
Elaborada a partir de um conjunto de fontes diversificadas, objecto de uma minuciosa pesquisa serial, esta Sinopse da Frota Bacalhoeira surge dividida em três eixos diferenciados. Num primeiro nível de registos é possível observar a composição da frota através da evolução do número efectivo de navios em actividade, agrupados por campanhas e subdivididos de acordo com os tipos de arte e de propulsão. A partir desses totais, poder-se-á identificar os navios que integraram cada campanha, também eles individualizados por arte e tipo de propulsão. Num último registo, é possível analisar as características técnicas (relativas ao tipo original do navio, anteriores a remodelações ou reconversões) que cada embarcação possuía, e aceder, caso tenha sido identificado, a um registo fotográfico da mesma, onde se reconheça a sua tipologia original e outras que posteriormente o navio tenha adoptado. Fonte: Museu Marítimo de Ílhavo.
Frota Bacalhoeira Portuguesa 1835-2005
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