Erosão do litoral na Costa da Caparica

Os órgãos de comunicação social dedicaram, ao longo dos últimos dias, especial atenção às conclusões de um trabalho elaborado por investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa no âmbito do projeto “Change”, relativo ao estudo dos impactos sociais, ambientais e territoriais das alterações climáticas.Segundo as conclusões dos investigadores, é previsível que o mar galgue o cordão dunar na Costa da Caparica em toda a extensão entre a Cova do Vapor e a Fonte da Telha no ano de 2025. Os especialistas que elaboraram os cenários relativos à evolução desta realidade preveem, igualmente, que até ao ano 2100 haverá inundações que atingirão a cota dos 4,1 metros, sendo que a localidade da Cova do Vapor ficará submersa quando a água do mar atingir a cota dos três metros.
A avaliação científica divulgada centra-se no diagnóstico das consequências que as alterações climáticas implicarão em alguns pontos do território, em função do previsível aumento do nível médio das águas do mar. Trata-se de um diagnóstico, sem dúvida importante, que ajudará a consolidar o conhecimento e a consciência sobre os complexos problemas que se colocam ao nível da gestão do território.
Mas trata-se, também, de um diagnóstico que deve ser lido, entendido e assumido com plena responsabilidade pelas entidades do Estado Português, primeiras responsáveis pela defesa e salvaguarda da integridade do território nacional, que por essa razão diretamente detêm as competências para definir e aplicar as medidas adequadas de contenção e mitigação destes problemas.
A Câmara Municipal de Almada entende que a nomeação, pelo Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, do principal responsável científico pelo estudo agora divulgado para coordenar o “Grupo de Trabalho Litoral”, que tem como missão produzir “uma avaliação da Estratégia de ‘Gestão da Zona Costeira Nacional’ e levar a cabo uma reflexão sobre a problemática das zonas costeiras vulneráveis à erosão”, corresponde a essa assunção de responsabilidades face a uma situação descrita, ao nível do diagnóstico, como “muito preocupante”, e se traduzirá na necessária definição das medidas de contenção dos efeitos das alterações climáticas sobre o território.
Com a mesma convicção, a Câmara Municipal de Almada sublinha, de novo, a absoluta necessidade de serem concretizados no terreno com a maior celeridade e em toda a sua extensão, os compromissos assumidos pelo Ministro do Ambiente relativos ao reforço das proteções aderentes e reposição de areias nas praias da Costa da Caparica há muito identificadas e previstas, em particular nas praias localizadas a norte (São João) e frente urbana.
Para além do diagnóstico que agora nos é apresentado, importa clarificar as opções e caminhos concretos que o Governo pretende trilhar para minorar os efeitos das alterações climáticas. É essa a consequência e o sentido mais profundos que as populações esperam que sejam conferidos às previsões que o diagnóstico agora apresentado revela perante todos nós.
Fonte: C.M. de Almada