Corrico ligeiro no mar

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OLYMPUS DIGITAL CAMERA“A pesca ao corrico consiste em fazer rebocar, uma ou mais linhas com iscas naturais ou artificiais, por uma embarcação com seguimento”.

O corrico que como sabemos, só pode ser praticado a partir de uma embarcação com seguimento, isto é, em movimento, desperta justificadamente o interesse de muitos pescadores. Pode até ser uma boa forma de animar um passeio de barco com a família.
Todos os possuidores de embarcação a motor, à vela e kayak, podem praticar a pesca ao corrico.
O corrico ligeiro, nas nossas águas continentais, é praticado geralmente próximo da costa com equipamentos ligeiros, tendo por objectivo a captura de predadores como o robalo, a cavala, a anchova, o pargo, a corvina, entre outras espécies. Os iscos mais utilizados são sem dúvida os artificiais – as amostras.
A extensão da área que pode ser prospectada num curto intervalo de tempo pela nossa embarcação quando corricamos é enorme, pelo que a probabilidade de detetar peixe é grande.
A técnica de pesca denominada corrico, que é o trolling dos ingleses ou a traîne dos franceses, pode assumir outros aspetos técnicos, como a sua versão pesada, o Big Game ou o corrico de fundo com downrigger, que no entanto não abordaremos neste artigo.

OLYMPUS DIGITAL CAMERAA embarcação
Para o corrico ligeiro praticamente qualquer tipo de embarcação é apropriada. No entanto, as exigências dos tempos modernos, a evolução tecnológica e os atuais padrões de segurança na náutica de recreio, levam-nos a utilizar embarcações cada vez mais adequadas do que aquelas que há algumas dezenas de anos atrás eram usadas.
Sendo o corrico feito sempre com a embarcação em movimento, há que possuir condições a bordo para fixar as nossas linhas, se trabalharmos com linhas de mão, ou as nossas canas, em ação de pesca.
Nas pequenas embarcações uma boa colocação das canas é decisiva na ação de pesca. Consideramos que a fixação de dois porta-canas na posição horizontal, perpendicularmente às amuras da embarcação, são essenciais. Permitem alargar a nossa esteira de pesca, autorizando ainda que a partir da popa possamos colocar mais linhas na água. Os porta-canas podem ser colocados, por exemplo, a partir da consola central, à frente desta, o que permite maior controlo das canas pelo timoneiro.

SondaA electrónica
Atualmente a utilização de equipamentos GPS e de sondas, é indispensável para pescarmos.
Saber onde estamos no mar é fundamental. Poder ter uma perspectiva dos fundos, das manchas de comedia e da presença de peixe é decisivo.
No que diz respeito às sondas, a evolução tem sido enorme, proporcionando ao pescador informação e imagens muito detalhadas e fiáveis, determinantes para o êxito de muitas saídas de pesca. É o caso das tecnologias Chirp e SideVü que algumas marcas já comercializam.
O Chartplotter/GPS tem na pesca ao corrico muita importância, pois é vantajoso traçarmos o nosso percurso e marcarmos os pontos onde tivemos toques ou ferrámos peixe, para podermos com facilidade fazer novas passagens com as nossas amostras.

03As amostras
Atualmente a enorme variedade de amostras e as suas diferentes tipologias cobrem praticamente todas as necessidades da pesca ao corrico. Um dos aspetos a observar na escolha das amostras, é a profundidade que podem atingir quando rebocadas pela embarcação.
De forma mais ou menos generalizada, os pescadores desportivos que praticam o corrico ligeiro, trazem a bordo das suas embarcações grande quantidade de amostras, que satisfazem as exigências mais comuns: coloração, dimensão, vibração e profundidade de trabalho.
Contudo, não obstante possuirmos um leque muito alargado de amostras, nem sempre é possível alcançar os nossos objectivos que é a captura de peixe.
Para que possam cumprir a sua tarefa as amostras têm de estar afinadas. Certamente que todos nós já observámos amostras que, quando rebocadas não “nadam” em linha recta, saem da esteira deixada pelo nosso barco, saltam, enfim, não é possível mantê-las dentro de água em ação de pesca. Outras vezes, no seu funcionamento mostram demasiadamente um dos flancos no seu movimento oscilatório, como que “nadam de lado” (como é vulgarmente referido pelos pescadores) o que pode ser indício de má afinação.
Na esmagadora maioria das situações a solução é simples, basta munirmo-nos de um afinador de amostras ou de um alicate e procedermos adequadamente.

“A afinação das amostras está para a pesca como a afinação de instrumentos musicais está para a música”

Com a devida distância, só avalia que o piano está bem afinado quem sabe tocar ou quem tem o ouvido educado para a música.
Na pesca com amostras a aprendizagem não é obviamente tão erudita, faz-se sobretudo de forma empírica, ao longo dos anos, errando umas vezes e acertando outras.
Perceber se a amostra está a trabalhar bem, com a afinação correta, é indispensável.
Cada tipo de amostra tem a sua própria forma de funcionamento e de ser trabalhada.
Mesmo as amostras novas, carecem por vezes de afinação quando da sua primeira utilização.
Afinar as amostras é algo tão natural como substituir os anzóis triplos quando estão enferrujados, refazer os nós ou substituir os terminais de linha.
Como todos sabemos é comum corricar-se simultaneamente com duas ou mais linhas, a que corresponde igual número de amostras. Cada amostra tem o seu lugar no spread, não devendo desviar-se da sua posição relativamente às outras, para que não possam ocorrer embaraços. Para tanto é necessário que estejam devidamente afinadas.
Se a amostra “nada” tendencialmente para um dos lados, a correção deve ser efectuada movendo ligeira e cuidadosamente a argola onde prendemos a linha para o lado contrário.

OLYMPUS DIGITAL CAMERAAs canas e os carretos
A escolha das canas tem a ver com a posição em que são colocadas na embarcação quando em ação de pesca.
Canas com comprimentos entre os 2,00 m e 2,50 m e com ação semi-parabólica, cumprem genericamente as exigências para pescar na posição vertical. As canas mais compridas, 3,00 m ou até um pouco mais, com ação de ponteira, devem ser colocadas nos porta-canas horizontais, afastando assim as linhas da borda da embarcação. Ao colocarmos canas na posição horizontal e na posição vertical, podemos mesmo, numa pequena embarcação pescar tranquilamente com quatro canas.
No corrico podem ser utilizados carretos de bobina fixa ou bobina móvel. Cada um destes tipos de carreto tem os seus atributos, as suas vantagens e desvantagens. Em nossa opinião, para o corrico ligeiro, utilizando linhas mono ou multifilares, os carretos de bobina fixa são mais práticos.
Em ação de pesca o drag deve estar bem regulado, para que a linha não saia do carreto com a força de tração da amostra, mas que possa correr facilmente quando ocorrer qualquer aumento de resistência, como o ataque de um peixe. A velocidade de recuperação não necessita de ser muito elevada, devendo privilegiar-se a força do carreto.

OLYMPUS DIGITAL CAMERAAs linhas
Na escolha das linhas no corrico, a primeira decisão a tomar é se devemos usar monofilamentos ou multifilamento.
Em nossa opinião ambas as linhas são adequadas ao corrico. No entanto, qualquer decisão a este respeito deve ter em conta a espessura da linha e a sua resistência.
Pescar com linhas finas é muito importante para que o atrito do fio na água seja o menor possível, não prejudicando assim o afundamento das amostras e o seu funcionamento. No caso do uso de multifilamentos, convirá fazer uma ponta em monofilamento onde será ligada a amostra. Como referência parece-nos que monofilamentos 0,30 mm ou 0,35 mm são perfeitamente adequados ao corrico ligeiro.

01Ação de pesca
A velocidade de corrico é um factor importante. Não há padrão fixo para estabelecer a velocidade de corrico. É habitual começarmos a corricar a cerca de dois ou três nós. Aumentar ou diminuir a velocidade de corrico, deve ser feito em função, das amostras que utilizamos, do estado do mar, da luminosidade, da transparência da água e da força e sentido da aguagem, (corrente).
Se pescamos em águas em que a visibilidade é boa, o contacto visual do peixe com a amostra está facilitado, sendo conveniente que tudo se passe mais rapidamente.
Se pelo contrário pescamos em águas mais sujas, menos transparentes, devemos ser comedidos na velocidade pois a visibilidade é fraca prevalecendo o efeito vibratório da amostra.
A captura da corvina que se pode ver no vídeo, foi feita em águas quase sem visibilidade o que ilustra o que acabámos de referir, a amostra foi rebocada a baixa velocidade, tirando partido da sua ação vibratória.
Verificar com frequência se as amostras agarraram algas ou lixo é obrigatório. As amostras com algas ou lixo agarrado, dependendo da quantidade, tornam-se menos eficazes ou mesmo completamente ineficazes.

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Notas finais

O corrico é uma das mais antigas técnicas de pesca embarcada em que são utilizadas amostras. Conhecer todas as técnicas de pesca com amostras nas suas diferentes vertentes, é algo de muito estimulante para o pescador. Atualmente assiste-se a um crescimento da pesca em kayak, o que permite praticar o corrico ligeiro com um mínimo de meios mas com muita técnica.

Texto: J.B.

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