Contar aves marinhas pelo som

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Novo projeto vai usar o som para estudar aves marinhas dos Açores e da Madeira

©Carlos Mendes

No ano em que se comemora o Ano Internacional do Som, a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) lança o projeto LIFE4BEST Seabird Macaronesian Sound. Neste projeto, os investigadores vão usar os sons produzidos pelas aves marinhas para determinar quantas são e onde estão.

Estapagado ©Tânia Pipa / SPEA

O projeto, coordenado pela SPEA e financiado pelo programa LIFE da União Europeia, pretende fazer um ponto de situação das populações de roque-de-castro (conhecido como painho-da-madeira nos Açores), painho-de-monteiro (endémico dos Açores), pardela-do-atlântico (conhecida como estapagado nos Açores e patagarro na Madeira) e frulho (ou pintainho, na Madeira). A informação recolhida será essencial para definir planos de ação para a conservação destas espécies nos arquipélagos dos Açores e da Madeira.

Frulho ©Tânia Pipa / SPEA

Estas aves muitas vezes fazem colónias em escarpas inacessíveis, onde dificilmente conseguimos contá-las,” diz Cátia Gouveia, coordenadora da SPEA Madeira. “Mas o som de um painho ouve-se a 200m, e o de um estapagado ou de um frulho a 700m! Gravando os sons, um investigador experiente consegue estimar quantas aves estão numa colónia, sem as perturbar.
Neste projeto, os investigadores da SPEA irão usar amplificadores de som e gravadores para registar as vocalizações das aves marinhas. Assim conseguirão verificar que espécies estão presentes e, com base na frequência dessas vocalizações, fazer estimativas do número de aves na colónia. Este método permite estudar as colónias inacessíveis de forma mais rápida, segura e barata.
Para conseguir contar aves pelo som, é necessário treino e experiência, pelo que o Seabirds Macaronesian Sound tem também uma forte componente de capacitação e formação, para que mais técnicos e investigadores fiquem aptos a conduzir este tipo de contagem.
Este método foi utilizado pelo investigador Luís Monteiro nos anos 90 para fazer as únicas estimativas que existem para estas espécies nos Açores”, diz Azucena Martin, coordenadora da SPEA Açores. “Ao repetir a metodologia, conseguimos atualizar essa informação, para continuar a sua missão de conservar as aves marinhas.
Na Madeira, os investigadores contam obter novos dados relativos às populações de aves marinhas menos comuns. O projeto contribuirá assim com dados valiosos para o desenvolvimento de planos de ação para a conservação destas espécies, e para informar diretivas europeias como a Directiva Aves e Directiva Quadro de Estratégia Marinha.
Para partilhar informação sobre o progresso do projeto e as aves que são o seu foco, a SPEA criou o grupo de facebook Aves Marinhas da Macaronésia: www.facebook.com/groups/aves.marinhas.macaronesia.spea/

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