A Volvo Ocean Race lançou, na primeira das sete cimeiras que organiza em todo o mundo, um programa que reúne dados de zonas dos oceanos que estão inacessíveis aos cientistas – isto enquanto o governo espanhol anunciou o seu apoio à campanha ambiental das Nações Unidas Clean Seas.
A cimeira da passada quarta-feira (18.10) em Alicante – realizada a quatro dias da largada da edição de 2017-2018 da regata que tem 45 anos de história – juntou políticos, cientistas, empresários e desportistas numa discussão sobre os problemas ambientais dos oceanos, em especial a poluição de plástico.
Espanha é a 14ª economia mundial e declarou o seu importante apoio à campanha das Nações Unidas, que soma agora 32 estados membros e o objetivo de “mudar a maré do plástico” através de ações de governos, empresas e população.
“Nos últimos seis anos temos vindo a desenvolver a nova estratégia marítima de Espanha, e uma das nossas metas é reduzir a poluição”, afirmou Raquel Orts Nebot, Diretora Geral para Sustentabilidade da Costa e do Mar, “No seguimento dessa política, confirmo que Espanha vai juntar-se à campanha ambiental das Nações Unidas Clean Seas, com o propósito firme de apoiar esta campanha global e reforçar o seu impacto a nível global.”
O responsável das Nações Unidas para o Ambiente, Erik Solheim referiu: “O comprometimento de Espanha é uma mensagem importante para toda região mediterrânica e para o mundo. Os oceanos são fundamentais para a nossa sobrevivência e temos de fazer tudo para os proteger.”
O Presidente da Câmara Municipal de Alicante, Gabriel Echávarri, prometeu que não haverá garrafas de plástico em eventos oficiais em que esteja presente. Anunciou também uma campanha educativa sobre o plástico em todas as escolas da cidade.
Wendy Schmidt, Presidente da Fundação Família Schmidt e cofundadora da 11th Hour Racing, disse os oceanos “estão a ser atacados”
“A 11th Hour Racing está, desde 2011, a trabalhar para juntar velejadores e a indústria naval para que se tornem advogados para os oceanos saudáveis e temos vitos em várias conferências que as pessoas trocam conhecimentos sobre o tema”
“Esta cimeira da Volvo Ocean Race torna-se especial porque está cheia de gente criativa. E todos procuram respostas. Temos grandes empresas, pequenas start-ups, ONG e filantropos, e todos querem intervir e com visões inovadoras.”
“Temos de criar uma nova economia do plástico. Desenvolver novas estratégias, novas tecnologias e novas indústrias. O nosso objetivo é que este tema seja abordado em todo lado. Não importa quem seja ou que faça, os oceanos são o nosso suporte de vida.”
Este sentimento foi repetido por Kerstin Stranimaier, Diretora da Planet Possible for AkzoNobel: “Temos de abrir os olhos para novas oportunidades.”
O Programa Científico é a chave para atacar a poluição do plástico de forma criativa e com base em dados precisos.
O Programa – tornado possível graças ao apoio da Volvo Cars, e de um consórcio que inclui NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration), JCOMMOPS (UNESCO-IOC), GEOMAR e SubCtech – é composto por três elementos.
Todos os barcos participantes na edição 2017-2018 vão recolher, a cada 10 segundos, dados dos oceanos – registando temperatura, pressão barométrica, velocidade e direção do vento. Estes dados serão fornecidos à NOAA e ao ECMWF (European Centre for Medium Range Weather Forecasts) e vão contribuir para previsões meteorológicas mais precisas e criar modelos climáticos.
Em segundo lugar, durante as 4 etapas em locais mais inóspitos, os barcos transportarão bóias equipadas com satélites para transmitirem informação sobre a composição do oceano e as correntes.
Finalmente, o Turn the Tide on Plastic da skipper britânica Dee Caffari, levará a bordo instrumentos para testar, na água do mar, a salinidade, CO2 dissolvido, clorofila a (algas), e pela primeira vez, microplásticos.
Estes dados chave para a saúde dos oceanos serão registados, por forma a criar uma imagem completa de partes dos oceanos que os cientistas, raramente ou praticamente nunca, conseguem estudar.
“A Volvo Cars, orgulha-se de apoiar o Programa Científico da Volvo Ocean Race que ajudará à compreensão da saúde dos oceanos”, referiu Niklas Kilberg, Responsável para a Sustentabilidade da Volvo Cars Senior: “Este projeto inovador significa que os barcos, além de participarem numa competição desportiva ao mais alto nível, estão igualmente a fazer pesquisas científicas.”
“Ao recolherem dados dos lugares mais remotos dos oceanos, estarão a coletar informação vital que poderá melhorar a saúde marinha, atacando o crescente problema da poluição do plástico.”
Paulo Mirpuri, fundador da Fundação Mirpuri comentou: “A Volvo Ocean Race, além de ser uma competição desportiva, atrai a atenção de muitas pessoas para o problema da sustentabilidade. A Fundação Mirpuri sente orgulho de ser um parceiro principal do programa de sustentabilidade da Volvo Ocean Race.”
“Acreditamos que a regata é uma plataforma global que nos permite transmitir, simultaneamente, a nossa mensagem a mensagem das Cimeiras dos Oceanos a milhões de pessoas em todo o mundo. As Cimeiras dos Oceanos da Volvo Ocean Race são uma ferramenta poderosa para a Fundação Mirpuri e todos os parceiros aqui presentes.”
A próxima Cimeira dos Oceanos está agendada para 7 de Dezembro, na Cidade do Cabo.
“Esta parceria com a Volvo Ocean Race é uma grande oportunidade para acelerar o nosso conhecimento sobre os oceanos, através do desporto, da ciência e da inovação”, concluiu Schmidt: “Nesta regata que percorre 45 mil milhas náuticas e faz escala em doze cidade icónicas, os velejadores podem contar histórias sobre os oceanos, dando-nos uma plataforma que nos permita conquistar novas audiências em todo o mundo.”