Apesar de referir algum sucesso na recuperação de espécies europeias como o urso-pardo (Ursus arctos arctos), o documento revela uma imagem particularmente desfavorável da actual situação da biodiversidade europeia. Das mais de 1150 espécies e 200 tipos de habitats protegidos pela legislação comunitária avaliados no relatório, apenas cerca de 20% apresentam estados de conservação favoráveis. Um número demonstrativo do débil estado de conservação da biodiversidade europeia, e do fraco investimento na implementação das principais Directivas europeias, monitorização das medidas implementadas e esforço de fiscalização
O relatório põe em evidência a fragilidade dos ecossistemas na Europa e o preocupante grau de desconhecimento da real situação de muitas espécies e habitats em extensas áreas da Europa, em particular nos países Mediterrânicos, entre os quais se incluem Portugal, Espanha, Grécia e Chipre. Nestes países o nível de desconhecimento relativamente ao estado de conservação das espécies protegidas é superior a 50%.
O relatório identifica claramente os habitats em pior estado de conservação (prados, zonas húmidas e zonas costeiras), demonstrando ainda que os factores de ameaça à conservação da Natureza se mantêm da escala nacional à europeia e incluem a destruição e fragmentação dos habitats, alterações do uso do solo (nas quais se incluem a intensificação agrícola por um lado e o abandono de algumas práticas agrícolas favoráveis, por outro), o desenvolvimento turístico desregrado, o desordenamento do território e as alterações climáticas, entre outros.
É urgente inverter a situação. É urgente, para o bem comum, recuperar habitats e espécies protegidas. É urgente que a Europa e Portugal assumam como uma prioridade a conservação da Natureza. É sobretudo urgente que as politicas europeias de todos os sectores assumam este objectivo.
É essencial compreender que a destruição dos ecossistemas também coloca em risco as populações humanas, uma vez que todos dependemos de bens e serviços essenciais por eles fornecidos. Os ecossistemas são responsáveis pela purificação da água, a recarga dos aquíferos, a regulação do clima, a polinização, o controlo de doenças e parasitas, a regulação dos ciclos dos nutrientes e por inúmeros outros serviços sobre os quais montámos a nossa sociedade e a nossa economia.