
Blue Boats e Golden Sea são duas empresas que surgiram apenas há alguns meses no Algarve, mas Barbara Hamel, a alma que está por detrás do negócio, já é conhecida no meio pelas várias marcas que trouxe para o mercado português. A empresária alemã comercializa as embarcações italianas da Azimut, Cranchi e Rancraft em Vilamoura e vai abrir um novo espaço de venda em Lisboa já este ano. O negócio, que deverá ascender aos oito milhões de euros em Portugal, já está a ser alargado ao mercado angolano.
Bárbara Hamel iniciou um projecto próprio em Junho e, além das marcas de embarcações, trouxe uma equipa experiente e muitos clientes com quem trabalhava há mais de uma década. Consigo vão trabalhar três sócios em cada empresa mas, curiosamente, são pessoas de áreas tão distintas como a construção civil, advocacia, ramo automóvel e imobiliário. É uma mistura interessante. São pessoas que se interessam pela área dos barcos e que queriam entrar no negócio, explica Barbara Hamel. O investimento inicial ascendeu a seis milhões de euros, mas já está prevista a abertura de uma oficina para todas as marcas com que trabalha. As empresas dedicam-se sobretudo à venda de barcos novos e usados, mas decidi apostar no serviço pós-venda, porque em Portugal tem sido descurado, afirma. O objectivo é oferecer serviços de transporte em terra, na área da fibra de vidro e motores, entre outros.
A oficina deverá abrir em Março, mas a empresária quer abrir em Abril/Maio um espaço de dez mil metros quadrados na saída de Vilamoura. Vamos ter um local para a exposição de barcos, sobretudo para as marcas Cranchi e Porsche. Mas também servirá para o negócio de barcos em segunda mão.
O alargamento dos espaços comerciais faz também parte da estratégia de Barbara Hamel. Daqui a três ou quatro meses vamos abrir uma nova loja em Lisboa, perto das docas, onde vamos apostar na marca Azimut, revela. Para já estão a colaborar nove pessoas nas empresas, mas em breve o quadro será alargado a 12. Questionada sobre uma possível loja no Norte, afirmou que já teve um espaço no Porto, mas não está prevista a reabertura. Os clientes preferem deslocar-se ao Algarve e, sempre que for necessário, os nossos técnicos dirigem-se lá.
Marcas comercializadas respondem a diferentes gostos.
Barbara Hamel, que decidiu enveredar pelo negócio há 15 anos e abandonar o interior da Alemanha, calcula que no primeiro ano o volume de vendas alcance os oito milhões de euros. Devemos vender entre 40 a 50 barcos, um pouco abaixo das 60 que vendemos no ano passado, refere. O negócio vai continuar a focar-se nas três marcas. Não vou introduzir mais marcas, porque estas têm bons produtos. Já trabalho com a Cranchi há doze anos. É a marca com melhor relação preço-qualidade e por isso não tem concorrência. Os barcos, que vão até aos 50 pés, têm um design excelente. A Azimut, com barcos com mais de 50 pés, foi um aposta que fiz há três anos para completar a oferta. Têm um estilo moderno, design italiano e grande prestígio a nível mundial. Vendo sobretudo barcos entre 62 e 68 pés, com hardtop e flybridge, explica.
A Rancraft foi a última marca a entrar no portfolio e em que a empresária apostou porque reconheceu grandes esforços na construção de barcos maiores. No entanto, decidiu concentrar-se nos mais pequenos, entre 18 e 27 pés, com proa aberta, cabine alta e que são uma boa escolha para quem quer aprender a andar de barco. São ideais para quem quer passear, já que dá para ir à praia e têm um óptimo comportamento dentro de água.
Nauticampo é a grande aposta em ano de lançamento
As feiras são uma parte essencial do negócio anual das empresas do sector náutico, à semelhança de outros países. A Nauticampo, agendada para 11 a 19 de Fevereiro, será a plataforma ideal para apresentar as novas empresas e o negócio recém-criado. Barbara Hamel vai ter dois stands no espaço da FIL, onde vai apresentar dois modelos novos da Cranchi e um da Azimut. A feira vai ser muito importante para pós-venda e para criar contactos. Normalmente, 40% das vendas do ano vêm da feira, afirma. Outro trunfo estratégico, aliado ao investimento em publicidade, será a conquista de clientes novos, mesmo provenientes do ramo automóvel. Queremos atrair clientes que queiram experimentar, por isso estamos a dar aulas para que possam aprender a conduzir.
No futuro, Barbara tenciona explorar o mercado africano, onde já está presente em Angola através da Longcoast, projecto do irmão. A empresa é importadora da Cranchi, Azimut e Rancraft, mas os clientes também gostam muita da Windy, uma marca norueguesa. Já vendemos cinco Cranchi, três Windy e um Azimut em 2006, por isso estou optimista. A longo prazo, a empresária quer testar outros mercados africanos. Um novo projecto e um novo desafio.