Texto: Vasco de Melo Gonçalves Fotos: V.M.G. e estaleiro
No seguimento da linha dos Monte Carlo 27, 32 e 37, a Bénéteau lança agora um modelo 47 pés que irá estar disponível em duas versões, de duas ou três cabinas (opção única num barco de 47 pés nesta categoria). Esta oferta vem responder a uma grande procura por parte do público e confirma a vontade da Bénéteau de investir no segmento dos grandes Sport Cruiser.
O desenho do casco do Monte Carlo 47 foi desenvolvido em estreita colaboração com o responsável pela motorização, a Volvo Penta, a fim de incorporar o sistema IPS (Intelligent Propulsion System) e assim optimizar a potência dos PODs, assim como do comportamento do barco. A motorização proposta neste modelo é Volvo Penta IPS 600 2 x D6 de 435 CV.
O sistema de direcção proposto é eléctrico e o controlo dos comandos beneficia da utilização de um Joystick para as manobras no porto e na marina.
A polivalência é quase infinita tanto na coberta como no interior. O designer, amante da gama Monte Carlo, Pierangelo Andreani, assina uma belíssima unidade de estilo mediterrânico com interiores que vão ao encontro de todos os gostos.
A arquitectura geral deste Sport Cruiser beneficia de um Hard Top e de uma porta tripartida em acrílico, à popa. É um verdadeiro Open para os dias ensolarados
mas que sabe proteger os ocupantes quando a meteorologia o exige.
O poço imenso pode acolher toda a tripulação para os momentos de repouso. O teto de abrir e a extensão do toldo são eléctricos e o conforto uma constante em todo o exterior.
A grande plataforma de banhos é eficaz e segura para o acesso à água. A proa possui um solário king size (2×1,90 m) e beneficia das novas colecções de estofos exclusivas da Bénéteau para 2009.
A bordo todo foi pensado para simplificar a vida:
– Pé direito em todo o barco sempre muito elevado e bom, como em todo o conjunto da gama,
– Volumes generosos, especialmente na cabine do proprietário que ocupa toda a largura da boca do barco, inundada de luz pelas duas grandes escotilhas laterais.
– Espaços de circulação num só nível,
– Concepção da cozinha inspirada nas técnicas de distribuição contemporâneas (optimização dos espaços de arrumação, aumento de espaço geral
)
– Possibilidade de opção de duas versões de interiores: 2 ou 3 cabinas.
O Monte Carlo 47 é o primeiro também a ter os novos acabamentos com madeira de tons mais claros.
Construção e Equipamento
O casco do Monte Carlo 47, branco na versão standard, é construído com base de sandwich (resina de poliéster / fibra de vidro e a alma em balsa) com um contramolde de casco estratificado monolítico (resina poliéster e fibra de vidro). Ao longo do casco foram implantadas 8 vigias com a possibilidade de se abrirem. A composição da coberta possui as mesmas características das do casco.
A zona exterior do Monte Carlo 47 tem o seu ponto mais forte à popa. Trata-se de um espaço simples e funcional com o chão forrado a madeira que, ao nível do mobiliário é composto por um sofá em forma de C (com capacidade para 6 pessoas) que envolve uma mesa amovível. Descendo a mesa, o espaço é transformado em solário. A zona do poço pode ser coberta com um bimini rígido e eléctrico. A bombordo e junto à porta de correr que dá acesso ao interior temos um móvel com uma pequena cozinha de apoio equipado com lavatório, grelhador e frigorífico (opcional).
O acesso à plataforma de popa faz-se por ambos os lados da embarcação. O espaço é amplo e multifuncional, com cofres para arrumos e de onde temos acesso à garagem através de um comando eléctrico. A garagem tem dimensão para albergar uma embarcação auxiliar com 2,50 m de comprimento e com motor sendo que, a estibordo temos acesso à zona técnica.
Como já referi, o acesso à proa faz-se por ambos os lados da embarcação e de uma forma segura devido à largura da passagem e dos passa-mãos existentes.
À proa temos um amplo solário com 2,00 m x 1,90 m e uma zona de trabalho, coberta por madeira maciça, onde se encontra o ferro equipado com molinete eléctrico de 2000 W.
Motorização
A motorização do Monte Carlo 47 está a cargo de dois motores Volvo D6 de 435 Cv cada e com o sistema IPS. O compartimento onde se encontram os motores são isolados através de uma espuma e a evacuação do ar quente é forçada por através de dois ventiladores eléctricos. Ao nível da segurança temos um sistema contra incêndios cujos comandos se encontram junto ao posto de pilotagem. Os dois depósitos são rotomoldados e têm uma capacidade de 630 litros cada.
No que diz respeito à componente eléctrica, o Monte Carlo 47 vem equipado com 8 baterias de 12 V (4 baterias para o motor de 50 Ah mais 4 baterias para serviços de 140 Ah); três bombas de esgoto (duas bombas eléctricas e uma manual); dois extintores; conversor de 12 V / 24 V; carregador de baterias 24 V / 60 Ah; tomadas interiores de 220 V e tomada de porto de 220 V.
Opcionais
Um modelo com estas características já vem muito bem equipado de origem mas, o construtor francês propõe alguns extras para o Monte Carlo 47. Entre outros temos as máquinas de lavar loiça e roupa, fazedor de gelo, passarela hidráulica telescópica e retráctil (13 200 ) e ar condicionado (16 800 ) para além das cores de casco azul ou vermelho (3 200 ).
NAVEGAR
Uma parte significativa do sucesso do Monte Carlo 47 HT devesse à sua motorização e ao sistema IPS desenvolvido pela Volvo Penta. O modelo experimentado estava equipado com dois motores D6 de 435 Cv de potência cada. Trata-se de uma unidade com 5 500 cc de cilindrada e com 6 cilindros em linha.
Ao nível da aspiração temos um turbo com compressor.
Estas característica de motores aliadas a um casco especialmente concebido para a utilização de IPS formam um conjunto de referência e com uma qualidade de navegação assinalável.
Em Marselha, as condições de mar eram boas vaga larga e não muito vento – para experimentar um barco com estas dimensões e características. O sistema IPS veio trazer uma mais valia à náutica de recreio que está fora de questão. Os modelos de barcos, em geral, que utilizam este novo sistema são mais fáceis de conduzir e têm um comportamento dinâmico sem igual. O Monte Carlo 47 HT não foge à regra e tudo a bordo é fácil quer na manobra de desatracagem, graças à utilização do joystick (é um opcional) que nos permite um controlo sensível da embarcação e uma maior eficácia até às provas de velocidade e manobra. Apesar do sistema já ter alguns anos ainda é com alguma surpresa com que nos deparamos com o comportamento do conjunto nas provas dinâmicas.
O arranque e a capacidade de curvar são as performances mais relevantes no conjunto e que nos fazem esquecer que estamos num barco com 14,80 m de comprimento e que pesa 11 600 kg. Por outro lado, a entrega de potência é muito suave o que provoca a quem comanda a embarcação, uma sensação de segurança e conforto. Esta sensação acaba por corresponder à realidade mesmo quando navegámos nos regimes mais elevados. Em nenhum momento tivemos a impressão de desconforto ou de perigo eminente. Esta impressão também é compartilhada pelos ocupantes que consegue navegar confortáveis e à conversa entre eles.
INTERIOR
O acesso à embarcação faz-se por ambos os lados do barco. Uma vez no poço, acedemos ao interior do Monte Carlo 47 através de uma porta de correr em vidro.
O salão é muito luminoso graças ao alboi existente (equipado com cortina) e eléctrico, às amplas janelas laterais e ao pára-brisas. A altura máxima é de 1,98 m.
Numa análise ao lay-out e à decoração do salão temos um modelo bem conseguido. A bombordo temos um sofá (o interior é utilizado para arrumos) em forma de C que envolve uma mesa em vidro e é complementado por dois bancos de pé alto. A estibordo temos a televisão LCD amovível, leitor de DVDs e um armário para arrumos. Ainda neste lado da embarcação temos o posto de pilotagem equipado com banco duplo (um pouco curto para duas pessoas) com a possibilidade de afinação em altura. O painel de instrumentos é evoluído e com forte influência, ao nível do design, do fabricante italiano de barcos Pershing. Ao nível da informação temos tudo o que é necessário neste painel como a indicação de níveis de combustível, posição do leme e equipamento de ajuda à navegação multi-funções (Raymarine E-120). Quanto à posição de condução gostei mais da de pé pois temos uma visibilidade periférica.
A bombordo temos uma zona de transição para o espaço de cabinas que se encontra num nível inferior. O acesso faz-se através de 4 degraus dom corrimão. Nesta zona social temos uma sala de estar equipada com um sofá cómodo e funcional em L e uma mesa (muito baixa que acaba por interferir com as nossas pernas quando sentados). A envolvência deste espaço é composta por armários e, junto à escada, o quadro eléctrico. A luminosidade é boa e a circulação de ar é assegurada por uma vigia. A cozinha fica a bombordo, é muito completa ao nível do equipamento e possui um visual muito simples e profissional.
Ao nível das acomodações temos mais duas cabinas com a da proa a demonstrar um bom nível devido a uma decoração cuidada e de muito bom gosto. No que diz respeito à concepção estamos perante um lay-out clássico sendo que a diferença faz-se através da decoração e da conjugação das madeiras claras e escura. A cabina do proprietário é à proa e ocupa toda a largura da embarcação e possui um bom pé-direito com as alturas a variarem entre os 2,15 m e os 1,60 m.
A NOSSA OPINIÃO
O modelo Monte Carlo 47 HT insere-se num segmento de mercado muito concorrido onde os construtores italianos são muitos fortes. O estaleiro francês Bénéteau está ciente desta realidade e foi para a guerra com argumentos fortes quer ao nível da concepção, design e motorização.
No que diz respeito à concepção, estamos perante uma lancha do tipo Opem equipada com um hard-top rígido e tecto de abrir.
O lay-out do poço e zona social são interessantes tendo o arquitecto criado quase uma área comum entre exterior e interior, quase não existindo divisória. Como é do conhecimento geral, este tipo de barco é muito utilizado no Mediterrâneo onde as condições atmosféricas são potenciadores da vida ao ar livre. Num nível inferior da embarcação temos os espaços reservados às cabinas, cozinha e sala. Um facto comum a estes espaços é o volume interior que todos eles possuem e que proporcionam uma sensação de grande conforto. A cabina do proprietário, situada à popa, ocupa toda a largura da embarcação e, na sua concepção, foram utilizados conceitos de aproveitamento dos espaços só vistos em modelos de maior dimensão.
Na vertente de design e decoração este modelo encontra-se num bom patamar. A visão externa não é inovadora e o construtor francês não arriscou na apresenta soluções diferenciadas. As linhas sendo contemporâneas são clássicas para este tipo de embarcação. Para mim, as grandes diferenças encontram-se no design do mobiliário interior e na decoração utilizada. Esta conjugação de conceitos resultou num modelo elegante, muito luminoso e funcional. A navegar não nos tivemos que preocupar com o mobiliário, como acontece em alguns modelos, que parecem que ganham vida própria e andam aos trambolhões.
O coração deste modelo é composto por dois motores Volvo D6 com IPS e 435 Cv de potência cada. Esta solução é de grande qualidade e assegura ao conjunto uma boa performance e uma navegação segura e confortável. Mas estas qualidades não se devem exclusivamente à motorização e sua transmissão, na concepção do casco o arquitecto trabalhou com o fabricante sueco na concepção de um casco com um V profundo à proa para, desta forma, aumentar o rendimento do conjunto. Na navegação, não há nada a apontar de negativo ao conjunto. Com qualquer tipo de mareação temos sempre um controlo completo da embarcação e a potência é facilmente colocada na água. Ao nível da posição de condução estamos a um nível superior pois, o posto de pilotagem é ergonómico e dele temos uma visão periférica de todo o barco.
No que diz respeito à evolução desta linha da Bénéteau falou-se, na possibilidade da gama se tornar independente. Com a crise que se instalou no mercado ainda não existe a confirmação desta estratégia mas, seja qual for o cenário futuro, a gama Monte Carlo é cada vez mais uma referência.
Ficha técnica
Modelo Monte Carlo 47 HT
Origem França
Construtor Bénéteau
Comprimento total 14,80 m
Comprimento do casco 14,22 m
Boca 4,33 m
Calado 0,85 m
Peso 11 600 kg
Motorização 2 x 435 Cv
Preço na fábrica s/impostos 445 000
Designer P. Andreani
Comercialização Francisco Ramada, Lda.
Ficha motor
Modelo D6 IPS
Origem Suécia
Fabricante Volvo Penta
Cilindrada 5 500cc
Cilindros 6 em linha
Potência 435 Cv
Peso 901 kg
Medições
Ralenti 600 rpm / 4,6 nós / 1,6 L-Hora
1000 rpm / 5,4 nós / 4,3 L-hora
1500 rpm / 8,5 nós / 11 L-Hora
2000 rpm / 11,5 nós / 25 L-Hora
2500 rpm / 17,6 nós / 41 L-Hora
3000 rpm / 25 nós / 57 L-Hora
3200 rpm / 26,7 nós / 61 L-Hora
3400 rpm / 31,2 nós / 83 L-Hora