Bénéteau Antarès 11: A Bénéteau aposta forte – A renovação aliada à evolução

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Copyright © Texto e Fotos: Lobo do Mar.

Em Marselha tive a oportunidade de experimentar uma das novidades para 2009 do construtor francês Bénéteau, a Antarès 11. Este estaleiro encetou uma verdadeira «revolução» na gama Antarès ao criar modelos com um visual e uma concepção de interior mais modernos mas, sem esquecer as suas origens e respeitando um nome com história.
O modelo Antarès 11 é um bom exemplo do que acabo de referir, as linhas exteriores são elegantes sem uma rotura com o passado. O interior não deve nada aos modelos cruzeiristas puros quer, ao nível da decoração como do lay-out. No aspecto da organização faltam alguns elementos que poderão ser úteis em navegação como é o caso dos passa-mãos no tecto do salão ou cofres no poço para guardar peixe, por exemplo. O acesso aos motores não é um dos mais fáceis e, a colocação por debaixo da cabina, aumenta o nível de ruído no interior da embarcação quando navegamos.


No que diz respeito às acomodações, a Antarès 11 encontra-se num patamar elevado devido a uma boa concepção dos espaços, a uma decoração sóbria e elegante bem como, uma grande preocupação com a qualidade dos pormenores e com acabamentos.
Quanto às capacidades marinheiras do modelo, a gama evoluiu bastante graças a novas concepções de desenhos do casco. Essas modificações, como é caso da criação de túneis para os hélices, veio criar um melhor contacto com a água e melhorar a performance do conjunto.


Ao nível da motorização, o Antarès 11 estava equipado com uma motorização dupla da Volvo Penta com 260 Cv cada. Pareceu-me que era suficiente pois, experimentámos o modelo com mar e vento e com 7 adultos a bordo e o comportamento foi irrepreensível. Um senão, os níveis sonoros dentro da cabina que tornam uma conversa difícil de seguir quando navegamos.

Interior
Salão com uma concepção clássica e no qual o acesso é feito através de uma porta de correr com três secções e totalmente transparente.
Temos uma zona de estibordo com uma mesa em madeira com aba e um sofá em forma de L. Este espaço tem a capacidade para albergar 4 pessoas mas é, um tanto mal concebido devido ao encurtamento do espaço. O tampo da mesa está muito chegado ao topo do sofá, o que dificulta o acesso. O sofá é forrado a pele artificial.


No lado oposto, temos um pequeno sofá composto por dois bancos independentes que poderão ser deslocados para junto da mesa de refeições. Este espaço é completado com um pequeno móvel em madeira e com uma televisão na parte superior. Ainda a bombordo temos uma cozinha muito completa equipada com fogão de dois bicos, frigorífico e lavatório. Ao nível da arrumação temos um armário colocado por debaixo do lavatório. Para assegurar uma boa ventilação e abundância de luz natural temos uma pequena vigia. A estibordo temos o posto de pilotagem ergonomicamente bem


concebido onde, piloto e co-piloto, estão à vontade. Este espaço possui um banco duplo com a possibilidade de um ajuste longitudinal e ainda, com a possibilidade de afinação para uma condução em pé devido ao banco possuir uma extremidade articulável. O salão possui um pé-direito com cerca de 1,90 m de atura, a luz natural é abundante, a circulação do ar é boa mas, com o barco em movimento nota-se a falta de um passa-mãos no tecto para uma maior segurança na circulação. O acesso ao compartimento dos motores faz-se através do salão e de uma forma pouco prática pois, temos que retirar grande parte do mobiliário. É certo que não estamos sempre a aceder aos motores mas, esta solução é pouco prática.
Numa zona inferior temos os dois camarotes e a casa de banho com acesso através de uma escada com três degraus. A passagem tem uma largura normal e é segura. Neste espaço temos, a estibordo, um quadro com informação do estado das baterias que deveria estar nais protegido pois, na passagem, é fácil alguém desligar um dos interruptores.


A cabina da proa possui um lay-out e uma decoração tradicional com uma cama ao centro com gavetas por debaixo e armários laterais. A luz natural é abundante devido às duas vigias laterais e um alboi. A circulação na cabina é boa, o acesso à cama faz-se por ambos os lados e o pé-direito é de cerca de 1,90m.
A segunda cabina fica situada a estibordo e é composta por uma cama dupla, com um armário junto à entrada. A luz natural não é má devido às duas vigias existentes. Através desta cabina temos acesso rápido a diversas partes do interior do barco. A completar a zona reservada aos alojamentos temos a casa de banho cuja porta, só abre completamente se a porta da cabina da proa estiver aberta. Caso contrário temos um bater constante das portas. A casa de banho é agradável e bem iluminada através de uma vigia. Ao nível do lay-out temos um espaço para duche e WC separados do resto da casa de banho que é composta por um lavatório e um armário de espelhos.


Exterior
Podemos considerar três zonas distintas no Antarès 11: proa, poço e flybridge. A proa é uma boa zona de trabalho quer pelo espaço existente como pela segurança que possui. A âncora possui um guincho eléctrico e um amplo cofre para o cabo. Ainda no espaço da proa temos a possibilidade de colocar um colchão para transformar o espaço numa zona de estar. O acesso à proa faz-se de ambos os



lados da embarcação, a partir do poço. As passagem têm, na zona mais estreita, cerca de 25 cm de largura e temos dois passa-mãos em inox que asseguram a segurança da passagem.
Ao nível do poço o construtor apresenta diferentes opções em função do tipo de utilização que o futuro proprietário quer dar ao seu barco. A versão que tivemos a oportunidade de experimentar em Marselha estava preparada para uma utilização em cruzeiro o que pressupõem mais mobiliário e mordomias a bordo como é o caso do bimini sobre o poço ou o sofá em forma de L. No caso de o barco vir a ser utilizado mais para a pesca desportiva, tudo isto desaparece e ficamos com um poço amplo e muito prático para a actividade da pesca. A borda é ampla e com uma altura sensivelmente ao nível da anca. O acesso à plataforma de popa faz-se através de uma porta a estibordo que possui um espaço, no seu interior, para colocar cabos outros objectos. É também do poço que temos acesso ao flybridge através de uma escada verical implantada a estibordo. Ergonomicamente e ao nível da segurança, a escada está a um bom nível. O flybridge possui uma porta de acesso com fecho que aumenta a segurança quando estamos neste espaço. A concepção do solário é ambiciosa ao querer colocar muito mobiliário num espaço que não é tão grande assim. O segundo posto de pilotagem fica situado no enfiamento da escada e, é bem concebido e funcional. A bombordo temos um sofá e nesa e um amplo solário que dificulta o acesso ao espaço de estar. Ao nível da visibilidade, o flybridge é um espaço privilegiado.


Navegar
Em Marselha, com vento fresco e mar com pequena vaga ou seja, as condições ideais para experimentar a Antarès 11 equipada com dois motores Volvo com 260 Cv de potência cada.
Como já referi, o posto de pilotagem é ergonómico e equipado com um painel de instrumentos bastante completo (faltando a informação sobre o consumo dos motores). A posição de condução é boa tanto sentado como de pé e, em ambas, temos uma ampla visão em nosso redor devido às amplas janelas e à porta em vidro.


A condução da Antarès 11 é extremamente simples devido a um casco de grande qualidade que não necessita do recurso aos flaps para equilibrar o barco mesmo com o mar mexido. O arranque é suave e não muito rápido devido à relação peso / potência mas, não é velocidade de arranque que se procura numa embarcação com estas características.
O conjunto tem um comportamento muito bom quando navegamos contra a vaga a qualquer velocidade. A uma velocidade de cruzeiro de 20 nós a 2300 rpm navegámos em conforto, o mesmo aconteceu quando colocámos a embarcação a apanhar a ondulação lateralmente com a progressão a ser efectiva e sem grandes balanços. A curvar, na velocidade de cruzeiro ou superior, mantém-se a estabilidade e um comportamento muito neutro.





Ficha técnica barco
Modelo Antarès 11
Origem França
Construtor Bénéteau
Comprimento total 11,35 m
Comprimento do casco 10,35 m
Boca 3,80 m
Calado 1,00 m
Deslocamento 6 540 kg
Combustível 640 L
Água 320 L
Motorização 2 x 260 Cv Volvo
Motorização máx. 640 Cv
Preço s/impostos 175 500€
Comercialização Francisco Ramada

Ficha técnica motor
Modelo D4-260
Origem Suécia
Fabricante Volvo Penta
Cilindrada 3,7 L
Potência 260 Cv
Peso 558 kg

Medições
Ralenti às 700 RPM / 4,6 nós / 2 L/h
1000 rpm / 5,9 nós / 5 L/h
1500 rpm / 7,7 nós / 11,12 L/h
2000 rpm / 10,2 nós / 31,14 L/h
2500 rpm / 16,5 nós / 53 L/h
3000 rpm / 22,4 nós / 71,68 L/h
3400 rpm / 26,2 nós / 96,02 L/h

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Acerca do Autor

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