– Um mês depois da sua vitória, José Carlos Prista, armador e skipper do “Xekmatt”, conta-nos as peripécias desta aventura organizada pelo Monte Real Club de Yates e por o Angra Iate Clube.
– “Uma aventura única”, assim qualifica a sua participação na Baiona-Angra Atlantic Race
– José Carlos Prista, de 68 anos e com uma média de 30 regatas anuais, e um vasto curriculum de vitorias em grandes troféus como o Príncipe de Astúrias
As aventuras e desventuras dos grandes navegantes vão sempre lado-a-lado. José Carlos Prista, com um invejável curriculum náutico, não podia ter faltado a esta prova única. “Estou muito ligado aos Açores, participei em duas edições da Atlantis Cup, e passei grande parte da minha juventude na ilha de São Miguel, a praticar mergulho e caça submarina”, afirma o armador do Xekmatt, embarcação vencedora da primeira edição da Baiona – Angra Atlantic Race . “Além de que não podia perder uma regata oceânica, organizada por estes dois grandes clubes”, acrescenta.
A preparação durou vários meses, desde a obtenção dos certificados necessários, à compra dos mais diversos equipamentos de segurança, atualizar a eletrónica a bordo….. Tudo para ter a postos uma tripulação e um barco, o Xekmatt, e poder competir em segurança. Mas, o projeto quase acabou antes de começar devido a um forte temporal, com ventos de mais de 50 nós que provocaram alguns danos a bordo. Porém, em nenhum momento pensamos em desistir, e após reparar os danos causados estivemos presentes na linha de largada em Baiona.
As previsões para os primeiros dias eram complicadas: uma baixa pressão a norte do cabo Finisterra, com ventos superiores a 30 nós e mar muito alterado. Navegaram segundo a rota estrategicamente planeada, e com calma evitaram danos e avarias. “Os dois primeiros dias foram muito duros, quase sem tempo para comer e descansar”, comentou o armador. Mas como se diz. depois da tempestade vem a bonança, a tripulação soube recompor-se, com muita perícia e uma reparação do motor regressaram a 100% à competição.
O vento abrandou, o que lhes permitiu navegar a todo o pano e recuperar a distancia para a restante frota. No dia seguinte já se encontravam ao lado do vencedor da primeira etapa, o Saint Maxime. Contudo, nos dois dias seguintes o vento voltou a fazer das suas aos tripulantes do Xekmatt, que já sonhavam com a vitória em Angra do Heroísmo. O Saint Maxime continuou ao ataque e chegou em primeiro lugar, entretanto o barco português ficou sem a vela grande a 150 milhas da Terceira, e mesmo assim conseguiram um excelente segundo lugar.
Depois de uma escala de luxo, uma segunda etapa vitoriosa
A segunda etapa, em comparação com a primeira não teve grandes contratempos. Algumas alterações na tripulação, com a saída do armador e dois experimentados velejadores, e a chegada de dois novatos, fez-lhes ter duvidas das suas capacidades, mas a estratégia funcionou na perfeição.
De novo, uma baixa pressão no cabo Finisterra condicionou a hora da tripulação, forçando-os a separar-se da restante frota. Tiveram que rumar mais a sul do que o previsto, algo que lhes podia ter custado a vitória, ao afasta-los 100 milhas dos seus mais diretos rivais, o Cleópatra, pois o Saint Maxime já tinha desistido. Durante quatro dias pensaram que estavam fora do pódio.
Com a chegada dos ventos frescos de noroeste penúltimo dia, permitiu-lhes navegar a cerca de 10 nós. “Recuperamos a distancia perdida durante os primeiros dias da regata e graças a isto podemos ser o primeiro barco a cruzar a linha de chegada na Galiza, com a distância necessária para vencer em tempo compensado”, comentava José Carlos Prista.
Feitas as contas, a tripulação do cascalense José Carlos Prista, armador e skipper do barco durante a primeira etapa, conseguiu apesar das adversidades completar as duas etapas entra Baiona e Angra do Heroísmo, graças a uma sensacional estratégia.
“Dentro de dois anos há mais”, comentava entusiasmado José Carlos Prista. Os dois clubes têm previsto organizar a segunda edição de esta extraordinária regata, em 2018 , e com isto assumiram o seu compromisso o Monte Real Club de Yates e o Angra Iate Clube, organizadores desta primeira edição, durante a entrega de prémios, com o objetivo de converter a Baiona-Angra numa referência da vela em Espanha e Portugal.