As medições do satélite SMOS melhoram ao serem desligados alguns radares em terra

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Interferência de rádio / Créditos: ESA

Mais de uma dúzia de sinais de rádio que têm dificultado a recolha de dados da missão de água da ESA, SMOS, foram desligados. O esforço também beneficia satélites como o da missão Aquarius, da NASA, que mede a salinidade oceânica na mesma frequência.
Todos sabemos o que acontece quando colocamos um telemóvel muito perto de uma coluna: segundos antes de o telefone tocar, começa a ouvir-se um barulho irritante, a interromper a nossa canção favorita.
Isto é interferência – uma indesejada receção de sinais de rádio. O que não só interrompe a audição das músicas da aparelhagem, como também pode impedir a recolha de dados de satélites.
O satélite da ESA Soil Moisture and Ocean Salinity (SMOS) foi lançado em 2009, para melhorar a nossa compreensão do ciclo da água no planeta. Para o conseguir, mede as micro-ondas emitidas pela Terra nas frequências entre 1400 e 1427 MHz.
O SMOS revelou imediatamente que estavam a ser transmitidos, ilegalmente, muitos sinais nesta banda, em todo o mundo, fazendo com que parte das suas medições ficasse inutilizada para fins científicos.
Ao longo dos anos, a ESA tem estado a investigar de onde vinham exatamente as interferências.
A colaboração das autoridades nacionais com a ESA na deteção da origem das emissões ilegais permitiu desligá-las, diminuindo a interferência.
Uma das maiores áreas de contaminação no hemisfério norte fica por cima do Norte do Pacífico e do Oceano Atlântico, partindo, sobretudo, de radares militares.
Nos últimos anos, as autoridades do Canadá e da Gronelândia foram alertadas no sentido de tomarem medidas. O Canadá começou a renovar o seu equipamento no final de 2011, enquanto a Gronelândia desligou os seus transmissores em Março de 2011.
Pelo menos 13 fontes de interferência foram desligadas no hemisfério norte. Isto melhorou significativamente as observações do SMOS nas latitudes elevadas, que antes estavam tão contaminadas que não era possível fazer medições rigorosas da salinidade acima dos 45 graus de latitude, quando o satélite se dirigia para norte.
No entanto, as poucas fontes que restam podem contaminar áreas a 3 000 km de distância, especialmente quando o SMOS sobe para norte, em direção à América do Norte.
Os esforços para reduzir a interferência irão beneficiar outras missões, que transportem detetores semelhantes, tais como o satélite Aquarius da NASA, lançado no ano passado.
O Aquarius também observa a salinidade oceânica e, além disso, mede as irregularidades na superfície oceânica, para que se perceba de que forma é que estas afetam os valores da salinidade.
Uma característica única do SMOS é que este também mede a hidratação do solo. As leituras do SMOS e do Aquarius são complementares: o SMOS repete a cobertura mais rapidamente e com melhor detalhe, enquanto o Aquarius tem precisão pixel a pixel.
Os cientistas estão a tentar combinar os dois conjuntos de medições na melhor forma possível, para melhorar os mapas de salinidade.

O SMOS em órbita / Créditos: ESA/AOES Medialab

“A combinação das novas observações do SMOS e do Aquarius irá permitir-nos mapear a salinidade na superfície oceânica, com uma resolução espacial e temporal sem precedentes,” disse Nicolas Reul, do French Research Institute for Exploration of the Sea.
“Em particular, as frentes de salinidade e o movimento da água pelos oceanos tropicais e nas correntes fortes, como a Corrente do Golfo, serão detetadas e seguidas em melhores condições do que com a observação de um único sensor.”

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