O velejador luso cumpriu as 1157,4 milhas que ligam a costa francesa à ilha da Madeira, em apenas 6 dias, 1 hora e 38 minutos, deixando para trás uma frota de 81 barcos que têm ao leme alguns dos melhores velejadores do mundo e com grande experiência.
O vento não ajudou, esteve sempre muito fraco nos últimos dois dias e obrigou Francisco a uma atenção redobrada para que o pequeno veleiro tivesse o rumo certo afim das velas apanharem a melhor brisa.
Além da organização, muitos velejadores e amigos foram ter com Francisco Lobato à Ponta de S. Lourenço dando assim as boas vindas ao único português presente nesta competição e que se coloca com grande mérito na 1ª posição.
Foi ao som da música de Brandy Carlile The Story que Francisco cortou a linha de chegada montada no molhe, contando ainda com muitas palmas de quem estava em terra e gritava pelo seu nome. Foi altura para lançar um foguete em sua honra.
No cais de honra jornalistas e amigos abraçaram Lobato e claro como não podia deixar ser o velejador luso abriu a garrafa de champanhe da vitória.
Isto não foi uma Transat normal mas sim um Sprint. Até Lisboa só dormi apenas 1hora, estava bom vento. Depois no Cabo Finisterra entrou uma enorme tempestade mas deu para descansar um pouco. Os últimos dois dias foram, muito complicados porque não havia vento, por vezes estavam 2 nós, 1,8 estas últimas horas foram muito difíceis contava Francisco cansado mas muito sorridente com a sua vitória que o coloca entre os melhores velejadores do mundo e o favorito para vencer a Transat.
Na Madeira, o descanso
Algumas horas de sono numa cama confortável, comida quente e um bom banho era tudo o que o velejador solitário Francisco Lobato precisava para se recuperar dos 6 dias de competição em que ligou, com o seu ROFF TMN, a vila de La Rochelle à cidade do Funchal, um total de 1157,4 milhas marítimas.
Diário de Bordo da regata La Rochelle – Funchal por Francisco Lobato:
A largada em La Rochelle foi muito confusa. Quem esteve com atenção às comunicações do júri percebeu qual era a bóia de desmarque mas cerca de 2/3 da frota viu uma bóia laranja muito próximo e fez rumo a ela. Houve alguma hesitação das outras embarcações, afinal toda a frota estava em sentido contrário. De qualquer forma eu sabia qual era a bóia e fiz o rumo certo, rondei em segundo ou terceiro, quase à frente de todos. Cruzei a frota e comecei a ter logo um bom andamento, todos foram ficando para traz. Quando a noite caiu comecei a passar muitos barcos e a desaparecer no horizonte. Tudo correu como planeado. Tinha picos de 20 nós e conseguia fazer cerca de 13/14 nós, e isso foi muito importante.
Ao largo do Cabo Finisterra com ventos de mais de 40 nós e ondas a rebentar no casco tive encontros com navios de carga que não desviaram apesar de os tentar contactar. Temos sempre que ter muito cuidado com as altas velocidades no mar, acaba por ser muito perigoso, explicava o velejador luso já com um ar mais descansado na Marina do Funchal mas sempre preocupado com o que tem que fazer no barco para a próxima largada.
No Cabo Finisterra Lobato apanhou alguma tempestade mas no entanto ainda conseguiu descansar: No Finisterra consegui ter ainda algum tempo de sono. Tentei manter o ritmo mas sempre em sprint. Só fazia o que era urgente, o vento era bom, estava a andar muito bem. Na chegada à Madeira é que tudo se complicou. Não havia vento, não podia descansar, havia que manter sempre as velas cheias, qualquer distracção era o suficiente para não fazer qualquer progressão. É muito aborrecido ter apenas ½ nós. Para mim estar sozinho ao longo de 6 dias não foi um problema, a regata não foi desconfortável estive sempre seco. Um senão foi o rasgão que fiz no Spi, prendeu-se. Tirando isso tudo correu bem, não parti nada e cheguei bem comentava Lobato mais à frente.
Claro que a bordo não falamos com ninguém, apenas ouvimos as posições do director da regata e a meteorologia. Não sabia por onde andavam os outros concorrentes, estive sempre focado na minha regata. Na aproximação ao Funchal fiquei surpreendido com as muitas embarcações que me esperavam. Fiquei muito contente por ter tanta gente à espera. É sempre emocionante dizia Francisco já em terra firme no pontão de honra preparado pelo Clube Naval do Funchal para receber o único velejador português presente na Transat e vencedor da etapa. Claro que também não faltou o tradicional banho de champanhe Codorníu, oferecido amavelmente por Pedro Rodrigues da Sousa, com que se comemora sempre as grandes vitórias.