Durante a Nauticampo tomei o primeiro contacto com a marca Marian que trabalha em parceria com o fabricante de motores Yamaha e, por isso, está integrada na estratégia de comercialização deste fabricante japonês.
A impressão que me deixou é que estamos perante uma marca que aposta na concepção e fabrico de embarcações com custos controlados para um segmento de mercado que não possui muito dinheiro para gastar numa embarcação. O responsável pelo estaleiro tem como principais objectivos para a marca, a criação de modelos de barcos diferenciados (cores e decoração podem ser escolhidos pelos clientes) com qualidades marinheiras e com uma construção cuidada. Contudo estamos perante uma marca que irá competir num segmento de mercado já muito concorrido quer através da presença de marcas nacionais como estrangeiras. Em Portugal continuamos a apostar em fazer mais do mesmo sem criar algo diferenciado e que poça trazer algo de novo ao mercado. Mantemos a estratégia de criar produtos de baixo custo.
Depois de ter experimentado dois modelos da Marian a minha opinião não se alterou substancialmente sobre a marca. Este modelo possui um design atractivo e com uma cor pouco utilizada pelos construtores. Ao nível da concepção estamos perante um barco bem conseguido ao nível do lay-out interior onde a sua consola central e a estrutura do hard-top lhe conferem um aspecto robusto e um visual moderno. A associação aos motores Yamaha permite criar um conjunto homogéneo e muito eficaz.
Ao nível do motor, o F60 da Yamaha é uma referência no seu segmento. Como principais características temos: EFI – Sistema de Injecção Multiponto (Injecção Electrónica de Combustível) para uma performance mais ecológica e eficiência do combustível;
Microcomputador ECM (Módulo de Controlo do Motor) garante a máxima fiabilidade:
Sistema de arranque sem botão do ar PrimeStart, tão fácil como ligar o seu carro; Power Trim & Tilt de grande amplitude para permitir um controlo suave com um simples botão; Ajuste variável de RPM e protecção anticorrosão ideal Yamaha.
No geral o modelo teve uma prestação positiva quer quando navegámos no rio quer quando saímos para o mar. Estamos perante um modelo que tem como principal objectivo a pesca desportiva mas que não descarta a possibilidade de ser utilizado em simples passeio. Ao nível do preço o conjunto é muito competitivo e com a possibilidade de conquistar mercado.
A NAVEGAR
A Marian Boats é uma marca praticamente desconhecida para a grande maioria dos nautas e pouco se sabe sobre a qualidade ou não dos seus barcos. Era este o meu espírito quando rumava à Figueira da Foz para experimentar o modelo 570 Açor, um barco com 5,63 m de comprimento.
Tive a oportunidade de ver barco ainda no atrelado e fiquei com a sensação de um barco equilibrado possuindo um casco em V. Já aos comandos da embarcação, as minhas sensações foram confirmadas pois estamos perante um modelo agradável mas sem deslumbrar. Este conjunto é ideal para quem se quer iniciar na actividade da náutica de recreio com um orçamento controlado. O 570 Açor é um modelo para os mais variados programas de utilização e, está preparado para navegar num rio ou no mar.
Quando analisamos um barco, a componente motor (potência, montagem, hélice) é muito importante pois uma motorização menos adequada irá influenciar significativamente a prestação do barco. Neste caso, o conjunto mostrou grande homogeneidade e equilíbrio. A manobra dentro da marina é fácil de realizar quer pela capacidade do conjunto quer pelo lay-out interior do barco (o piloto tem um acesso fácil a qualquer parte da embarcação). O posto de pilotagem está inserido na consola central que é muito envolvente e que protege bem os ocupantes. A estrutura metálica do hard-top (é um equipamento opcional que custa cerca de 1 450,00 euros) cria diversos pontos de apoio para piloto e co-piloto. Gostei mais da posição de condução de pé pois, o controlo da embarcação é maior e mais confortável.
Em relação à parte dinâmica do nosso contacto, conseguimos atingir de velocidade máxima os 24,9 nós às 5600 rpm com um estado da água completamente lisa e sem vento. A capacidade de manobra é boa, bem como a condução. Curva com segurança mesmo adornando um pouco. Com as medições de velocidade feitas rumámos à foz do rio Mondego para navegar um pouco em mar. A ondulação era largar e sem vento e o comportamento do conjunto está num bom nível quer quando navegamos contra a ondulação ou a favor. Ao nível da segurança e se o barco não está equipado com torre em inox parece-me que não existe muito espaço na consola para colocar pega-mãos.
INTERIOR
O interior é um aspecto bem conseguido no 570 Açor. Os responsáveis pelo estaleiro decidiram criar um barco limpo ao nível do lay-out mas com uma grande capacidade de carga e muito espaço de estar para os ocupantes.
À proa temos um cofre para a âncora sendo que a área é suficientemente ampla para proporcionar uma passagem segura à proa. A zona de estar é composta por um banco estofado em semi-círculo e com espaços para arrumos no seu interior. Toda a zona de proa é envolta por um varandim em inox.
A consola central é bem conseguida pois, protege bem os ocupantes. O banco é duplo e com mais um cofre no seu interior.
Já no poço temos mais um porão e, no interior do banco principal junto ao painel de popa, temos o espaço reservado ao depósito de combustível. De ambos os lados da embarcação temos bancos amovíveis. Em todo o painel de popa temos um varandim em inox para uma maior segurança.
Junto ao motor temos a estibordo uma escada extensível e, a bombordo uma pequena plataforma que facilita o acesso ao motor.
A borda da embarcação possui uma dimensão generosa.
Ficha técnica
Modelo 570 Açor
Origem Portugal
Construtor Marian Boats
Comprimento 5,63 m
Boca 2,39 m
Calado 0,28 m
Peso s/ motor 640 kg
Motor Yamaha F60
Preço conjunto testado 19 900,00
Comercialização Marian Boats
Ficha motor
Modelo F60CETL
Origem Japão
Fabricante Yamaha
Potência 60 Cv
Cilindrada 996 cc
Cilindros 4 em linha
Peso 110 kg
Medições
Mínimo a planar 3 500 rpm / 11,2 nós
4000 rpm / 14,9 nós
4500 rpm / 19,6 nós
5000 rpm / 22 nós
5600 rpm / 24,9 nós