Paolo Lombardi, Presidente da Feira de Génova, era um homem feliz no passado dia 12 de Outubro quando o Salão de Génova fechou as suas portas. Mais de 315 mil visitantes e muitos negócios fechados premiaram o investimento feito no recinto com a criação do pavilhão B, desenhado por Jean Nouvel. Paolo Lombardi acredita que a situação do local de exibição no centro da cidade de Génova é uma mais valia em relação aos seus competidores (na nossa opinião é muito agradável ter um salão náutico no centro da cidade e junto à água mas, do ponto de vista das acessibilidades é caótico devido a trânsito intenso).
O futuro é encarado com optimismo mas, será necessário investir ainda mais para que os desenvolvimentos sejam sustentável e isso, passa, entre outras iniciativas, pela construção de um hotel junto às instalações da Feira de Génova.
Anton Albertoni, Presidente da UCINA, fez uma análise mais ao sector da náutica referindo-se que durante os nove dias de certame foram realizados diverso contractos por parte dos operadores o que demonstra uma realidade positiva tendo em conta a crise financeira que assolou toda a Europa.
Em crise ou não?
Esta é uma pergunta fácil com uma resposta difícil de dar. A náutica de recreio, como a maioria dos sectores económicos, é muito sensível às crises de confiança do consumidor. Nos Estados Unidos a palavra de ordem é fechar unidades de produção ou despedir pessoas. Na Europa já se começa a sentir o efeito da crise financeira com o abrandamento da produção em algumas fábricas e despedimentos noutras.
Génova redobrou de interesse com uma mostra superior às anteriores edições devido à inauguração de um novo pavilhão com três pisos de exposição. Estas melhorias proporcionaram uma melhor disposição dos sectores com especial destaque para a área dos motores fora de borda que ocuparam o emblemático pavilhão circular.
Mas, em Génova, foi interessante de observar a procura por embarcações de grande porte por parte dos clientes oriundos das economias emergentes. A Náutica e as embarcações de luxo continuam a ser um status e, os principais estaleiros aproveitam esta onda para ampliarem fábricas e anunciarem novos lançamentos. Apesar da crise financeira, algumas das principais empresas de leasing estavam presentes para realizarem prioritariamente negócios com embarcações de grande porte sendo que, os negócios com pequenas embarcações são menos interessantes devido ao maior risco de incumprimento.
Ao nível dos expositores é sempre interessante assistir ao duelo entre o Grupo Azimut / Benetti e o Grupo Ferretti. É impressionante a vitalidade destes dois grupos que acabam por eclipsar qualquer outra marca devido ao espaço de exposição e ao número de embarcações que apresentam.
Nesta batalha pela conquista de um cliente estão centenas de construtores italianos com menor ou maior expressão que apresentaram propostas de barcos com muito interesse e com um design cada vez mais arrojado. O sector da pesca desportiva ganha uma nova dimensão em Génova com a presença das principais marcas norte-americanas a exporem directamente e via distribuidor os seus principal modelos.
Os principais construtores ingleses estão atentos e apresentam-se cada vez com maiores áreas e com mais modelos. Sunseeker, Princess, Fairline e Sealine não deixam os seus créditos por mãos alheias e apresentam algumas das novidades que iram marcar o ano de 2009.
A indústria francesa há muito que aposta em Génova e, em especial, o Grupo Bénéteau. As marcas Bénéteau, Jeanneau e Lagoon expõem a grande maioria dos seus modelos a motor e à vela (nesta zona de exposição na água é impressionante o impacto visual que criam devido a uma exposição com sentido estético assinalável). Quanto aos restantes franceses, uma nota de destaque para a Dufour que apresentou praticamente toda a sua gama e a marca de catamarãs Catana que se ficou pelo seu modelo de 65 pés.
Espanha esteve bem representada sendo que o principal destaque vai para as marcas Rodman / Muse e para a Astondoa num segmento de mercado mais alto e Starfisher com os seus modelos para pesca/passeio.
A Elan reforça a sua oferta de modelos à vela e, em Génova, apresentou o competitivo 380 enquanto que a Bavaria começou já a desvendar as suas novidades para 2009.
A evolução
As tendências do mercado em Itália a partir de números do ano de 2007 fornecidos pela Ucina (Associação Italiana do sector) dão uma percentagem de crescimento na produção de embarcações na ordem dos 12%, mais 3.3 biliões de Euros em relação ao ano anterior (em 2006 este número era de 2.9 biliões), confirmando aqui o papel fundamental das exportações que são mais de 50% da produção (45% para a Europa).
A receita total do sector da indústria náutica italiana foi em 2007 (barcos, motores e acessórios) de quase 6 biliões de Euros, comparativamente com os 5.2 biliões de 2006.
Quanto ao número de postos de trabalho directos no sector é de 25,000.
Em Itália esta indústria mantém-se em alta, os mercados emergentes continuam a ser um factor decisivo bem como a cada vez maior dimensão dos barcos.
A próxima edição do Boat Show de Génova terá lugar de 3 a 11 de Outubro de 2009.
BREVES
Festa de gala
A UCINA ofereceu a todos os expositores participantes no salão de Génova, jornalistas de todo o Mundo e a convidados uma festa gala no centro da cidade de Génova (Praça Ferrari) que culminou num espectáculo de bailado e num fogo de artifício de grande dimensão.
O maior veleiro
O Heritage 45 sloop, desenhado Ron Holland e construído pelo estaleiro italiano Perini Navi, com 45,30 m de comprimento foi o maior veleiro em exposição no salão de Génova. Um barco de sonho com bandeira portuguesa.
Números
O site do salão de Génova teve aproximadamente 415 mil visitas oriundas de 183 países que despenderam uma média de 6 minutos no site. O Press Center acreditou 1 607 jornalistas dos quais, 167 eram estrangeiros.
Tall ships
Em Génova foi anunciada para 2010 a Garibaldi Tall Ships Regata numa organização da Sailing Training Association. A regata tem como finalidade celebrar os 150 anos sobre o nascimento de Giuseppe Garibaldi.