Salão Náutico Internacional de Cannes: Luxo, um sector em crescimento

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Copyright © Texto e fotos: Lobo do Mar.

Trinta anos de actividade foram celebrados com a realização de um certame de excepção onde os mega-iates e os principais estaleiros europeus marcaram presença.

Jacqueline Bourey, Presidente do Salão Náutico de Cannes, era uma pessoa contente com os resultados obtidos ao longo destes 30 anos de actividade. Este actual sucesso deve-se, em grande medida, à entrada em 2001 da nova equipa da Reed Expositions France que conseguiu atrair os grandes construtores e criar um salão de dimensão internacional. Para Jacqueline e outro factor de sucesso é o trabalho desenvolvido pela Fédération des Industries Nautiques no sentido de dotar a França de um importante salão na água. E, o resultado está em 550 barcos expostos na água, 250 unidades em terra e 460 expositores. A presidente do salão reforçou a posição deste certame num segmento de mercado cada vez mais forte que é o do charter. Desta forma reservou, pelo segundo ano consecutivo, um amplo espaço no Porto Pierre Canto para as empresas que desenvolvem esta actividade mas com mega iates.

Os grandes parceiros desta edição foram as marcas Audi e Blancpain que estão inseridas neste segmento do luxo e que quiseram aproveitar este evento para se afirmarem ainda mais junto do seu segmento de mercado alvo.

Ao percorrer o recinto do Salão de Cannes mais parece que estamos em Itália pois, é tão esmagadora a presença das principais marcas italianas neste certame. Esta presença maciça dos italianos é explicada, de certa forma, pela proximidade geográfica e pelo elevado potencial económico desta região de França. Nesta edição notou-se um aumento de interesse por parte dos construtores ingleses em estar presente com as marcas mais relevantes – Sunseeker, Fairline, Princess, Sealine e Pearl – a apostarem na imagem e a realizarem apresentações mundiais como foi o caso do modelo SC35 da Sealine.

Apesar de todo este sucesso, o Salão de Cannes debatesse com o grave problema do espaço de exposição. Os barcos na água, que são a grande maioria, são difíceis de ver e obrigam a uma logística complicada. Génova conseguiu resolver o problema com uma nova marina que devido às suas características proporciona uma mostra mais “limpa” e funcional mas, Cannes não tem espaço para crescer.
Ainda ao nível do impacto criado ao visitante não podemos deixar de salientar o Grupo Bénéteau que através das suas marcas Bénéteaux, Jeanneau, Lagoon, Wauquiez, Bordeaux e CNB é um caso sério no que diz respeito de oferta de barcos. O grupo está bem estruturado e está apostado numa estratégia de crescimento e de conquista de mercado (vela e motor) que já está a dar frutos e que num curto e médio prazo irá surpreender muita gente.

O Salão de Cannes está mais vocacionado para as embarcações de grande porte mas, mesmo assim, conseguimos apurar junto de alguns construtores norte-americanos uma certa tendência de quebra de vendas nos barcos de menor dimensão destinados à classe média, um pouco à imagem do que sucede na Europa do Sul. A falta de capacidade económica aliada à falta de lugares de marina explica, de certa forma, esta atitude por parte do consumidor. Consumidor este que é o alvo das maiores atenções por arte dos grandes construtores mundiais que apostam muito forte no serviço de após venda e de tentarem manter um diálogo permanente com o utilizador final. Se por um lado afirmam que têm uma total confiança nos seus distribuidores não se inibem de criar mecanismos próprios de aferição da satisfação do cliente final.

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