A Fountaine Pajot é uma referência mundial no que diz respeito à construção de embarcações catamarãs à vela ou a motor. O modelo Cumberland 44 que tivemos a oportunidade de experimentar em Oeiras é um dos exemplos de excelência.
A adesão ao conceito de embarcação catamarã está a chegar a Portugal, um pouco à imagem do acontece no resto do Mundo. O primeiro contacto que tivemos com o Cumberland 44 foi durante a realização da Nauticampo onde este Trawler da Fountaine Pajot esteve exposto e, a sensação que deixou foi muito positiva. Trata-se sem dúvida de um conceito muito interessante pois privilegia o conforto a bordo, a habitabilidade, a economia de combustível e o recurso a motorizações menos potentes. Um dos pontos mais sensíveis com que se têm debatido os futuros proprietários tem sido o custo do parqueamento nas marinas mas, também aí tem havido uma evolução positiva com as autoridades portuárias e administrações das marinas a criarem novas regras de cálculo para que o agravamento de preços não seja um factor impeditivo à aquisição. Por outro lado, os sistemas de financiamento têm vindo a possibilitar o aumento de vendas,.
A construção
A qualidade e controlo de produção são factores essenciais para o sucesso de um estaleiro. A Trawler Catamarãs está há muito ciente destas questões e foi um dos primeiros estaleiros a implementar o controlo de produção em todas as etapas da construção.
Este controlo possui diferentes etapas conforme a norma ISO 9001 V2000. Os tecidos utilizados no fabrico do casco e convés são verificados antes de serem aplicados e cada etapa da estratificação dá lugar a um controlo. A pressão das colagens é, constantemente, controladas através de um manómetro e a qualidade do resultado sistematicamente controlada em toda a superfície da colagem. A dureza do compósito é medida sobre cada elemento depois da desmoldagem pelo processo Barcol bem como é medida a resistência de cada barco à hidrólise do gel-coat e dos estratificados.
Uma vez terminado o processo de fabrico, o barco vai para uma piscina para testes e controlo: todos os equipamentos são testados e ensaiados e verificado a perfeita estanquicidade do barco.
No sentido de preservar o futuro, os serviços técnicos do estaleiro conservam um dossier extremamente completo de cada barco saído do estaleiro com as mais diferentes informações que passam pelo tipo de materiais utilizados na construção e um registo de todos os equipamentos utilizados.
Os arquitectos
O Cumberland 44 foi concebido por arquitectos de renome mundial. A dupla Michel Joubert & Bernard Nivelt iniciaram a colaboração com o estaleiro em 1983 e até hoje já desenharam diversos modelos de catamarãs dois quais os modelos Mahé 36 e Orana 44. Estimasse que estão a navegar mais de 16000 embarcações baseadas em desenhos destes projectistas.
Olivier Flahault colabora desde 1989 sendo o seu primeiro desenho o modelo Venezia 42 e também esteve envolvido nos projectos do Lavezzi 40 e Mahé 36.
Exterior
Num catamarã a vida a bordo desenvolvesse tanto no interior como no exterior e, no caso do Cumberland 44, não existe qualquer impedimento para que isto aconteça.
No exterior podemos considerar três zonas distintas para estar: o poço, o flybrige e a proa. O poço é uma zona de estar que funciona como plataforma de ligação aos múltiplos espaços a bordo. Temos acesso através de passagens laterais que fazem ligação às escadas implantadas na extremidade dos flutuadores. Neste espaço que é coberto pelo flybridge podemos tomar uma refeição (junto ao painel de popa tem um banco para 5 pessoas e ainda uma kitchnete de apoio com frigorífico e lavatório) abrigados do sol sendo que é através dele que podemos aceder ao interior da embarcação, ao flybridge e às passagens laterais para a proa. Para além do compartimento de acesso aos dois motores que se encontram separados e devidamente insonorizados e com uma luz néon.
À proa temos uma zona de estar simples pensada para apanhar banhos de sol e ainda um amplo cofre separado em três compartimentos e, ainda, dois púlpitos nas extremidades de cada casco. O acesso a esta zona é realizado pelas duas passagens laterais (amplas e seguras).
O flybridge é um espaço amplo e bem conseguido no qual temos o segundo posto de pilotagem com um banco triplo, zona social logo por detrás com um banco em forma de C e mesa e, no sentido da popa uma autêntica praia para banhos de sol. O acesso a esta zona é realizado por uma escada em poliéster ergonómica e com diversos pontos de apoio. A parte superior pode ser fechada com um acrílico translúcido pivotante, uma solução inteligente e muito segura. No que diz respeito à condução a partir deste segundo posto de pilotagem é excelente e com um bom campo visual o que permite controlar todas as zonas da embarcação. Ao nível da consola ela é espaçosa tendo capacidade para alojar diversos equipamentos de ajuda à navegação.
Interior
O construtor francês propõe dois lay-out interiores diferentes: a versão Maestro com uma suite proprietário a bombordo e duas cabinas a estibordo e, uma versão de quatro cabinas e quatro casas de banho.
As diferenças situam-se ao nível dos cascos pois a parte social composta por uma cozinha, salão e posto de pilotagem principal é idêntica nas duas versões.
É muito agradável a sensação que temos quando entramos a bordo do Cumberland 44 provocada pela noção de espaço que um pé direito alto (cerca de 2 m) e por um mobiliário com uma disposição inteligente e abundância de luz natural que as inúmeras vigias e albois proporcionam. A tendência da decoração nos catamarãs tem sido no
sentido de criar ambientes leves recorrendo, desta forma, a tons suaves para os tecidos e a madeiras claras para o mobiliário. Este modelo segue esta tendência e, para além disso, o construtor implementou um lay-out interior muito simples mas eficaz. A bombordo e junto à entrada temos uma cozinha em U muito bem equipada (fogão, frigorífico, micro-ondas, etc.), com amplo espaço de trabalho e muitos armários. A estibordo temos uma zona de estar e para refeições composto por um sofá e uma mesa. Ainda no salão e sensivelmente a meio temos o acesso aos cascos e respectivas cabinas que se encontram num plano inferior. Esta zona marca também uma transição no salão para o posto de pilotagem principal com banco duplo e uma consola de instrumentos ampla e bem equipada, mesa de navegação de boas dimensões e um sofá a bombordo. De salientar a qualidade dos acabamentos e as formas arredondadas dos móveis que em navegação se revelam muito úteis em caso de impacto.
A navegar
Grande suavidade no arranque e grande estabilidade permite que a vida a bordo se desenrole com normalidade mesmo em navegação.
A grande imponência do Cumberland 44 faz pensar que é uma embarcação lenta ou pouco manobrável. Totalmente errado! A capacidade de manobra é elevada e ficou logo demonstrada nas manobras de saída do pontão no porto de Oeiras. A conjugação dos dois motores torna a manobra relativamente fácil (exigindo, como em tudo, uma certa prática) e sem a necessidade de aplicação de um motor de proa.
No nosso contacto de navegação utilizamos apenas o posto de pilotagem situado no flybridge que como já referimos permite um controlo total de todas as zonas da embarcação permitindo, desta forma, uma maior segurança na navegação. O que mais nos surpreendeu foi a capacidade de colocar os cavalos na água e rapidamente o
catamarã arrancar e atingir a velocidade máxima. O pouco calado e os dois cascos são parte da explicação e que nos permitiu atingir de velocidade máxima os 26,7 nós às 3600 rpm e, isto com dois motores Volvo de 310 Cv cada. Não nos devemos esquecer que estamos a falar de uma embarcação com 14 toneladas de deslocamento e com uma obras mortas muito expostas ao ar.
Testadas as velocidades concentramos a nossa atenção na capacidade de manobra. Optámos por realizar círculos cada vez mais apertados e a uma velocidade moderada e a resposta do Cumberland 44 foi muito positiva. Também nesta situação a conjugação marcha à vante e à ré entre os dois motores é muito importante visto que ajuda de sobremaneira a capacidade de curvar do conjunto.
Ficha técnica
Modelo Cumberland 44
Origem França
Construtor Foutaine Pajot
Comprimento 13,40 m
Boca 6,55 m
Calado 1,20 m
Capacidade de água 600 L
Capacidade de combustível 2 x 800 L
Motores 2 x 310 Cv da Volvo
Deslocamento 14 Ton
Cabinas 4
Altura da linha de água 3,60 m
Arquitectos O. Flahault / Joubert-Nivelt
Preço 600 000
Comercialização Marítima (Tel. 213649815)