TES 678 BT: Um desconhecido que veio da Polónia

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Texto e Fotos Copyright © Lobo do Mar.

As embarcações do estaleiro polaco TES-YACHT acabam de chegar ao nosso mercado pelas mãos do importador ibérico. Até agora desconhecidos da generalidade das pessoas, o modelo em teste é um bom cartão de visita.

O seu nome é Tomasz Siwik e é o desenhador, construtor e fundador do estaleiro polaco, TES-YACHT. A actividade iniciou-se em 1980, então, com veleiros até sete metros. Actualmente a gama conta com três modelos – 550 MASTER; 678 BT e 32 DREAMER –, todos eles partilhando bons parâmetros de qualidade de construção e grandes quotas de habitalidade, comparativamente a outros veleiros do mesmo comprimento. Às quais devemos acrescentar nos dois modelos mais pequenos a característica de insumersibilidade, embora não esteja ainda homologado. A informação que recebemos do importador, foi a de que estava a decorrer o processo de homologação. A produção totalmente artesanal e a possibilidade de personalizar o veleiro de cada cliente, ajuda a diferenciá-los de outros que seguem a tendência de racionalizar ao máximo o processo de produção e, como tal, não dão hipótese do cliente fazer pedidos especiais. O modelo em teste foi lançado em 1997 e já foram postas na água 606 unidades. O que prova a satisfação de muitos clientes. Em fase de expansão de mercados e na gama, um novo projecto de oito metros está já em fase avançada e será lançado no início do próximo ano.


Interiores
Com um casco “gordo” desde das secções de proa e uma linha de costado elevada, este pequeno veleiro de cruzeiro, com 7,20 metros, oferece um volume interior impressionante, o que aliado a uma construção cuidada contribui para um bom nível de conforto.
O acesso ao interior do TES realiza-se através de dois degraus orientados transversalmente para EB – forma pouco convencional – que fazem um bom compromisso entre eficácia e racionalidade do espaço. Mesmo sem apresentar compartimentos fechados, à excepção do W.C., apresenta espaços bem diferenciados e inteligentemente aproveitados. A ventilação interior é assegurada por quatro escotilhas de albói. À proa, a antepara semi-aberta que separa a cama


(180x150cm), tem a vantagem dar alguma privacidade não encurtando a noção de espaço, mas por outro lado não permite estender a cama para os sofás do salão, como acontece nas versões totalmente abertas. Debaixo do colchão encontramos os depósitos de água (70 lts.) e das águas sujas (48 lts.), o que resume a capacidade de arrumação às prateleiras laterais. Embora esteja previsto, em opção, um armário colocado por cima da cama, roubando um pouco de espaço à enorme loca do ferro. O salão (173/155cm PD) apresenta os sofás em forma oval para maior espaço em redor da mesa de refeições que pode acolher até cinco pessoas. Esta é rebatível a EB, permitindo um corredor de passagem com um mínimo de 38 centímetros. Na versão de patilhão fixo, a caixa do sistema rebatível dá lugar a uma garrafeira suspensa, libertando espaço para esticar as pernas debaixo da mesa. Os espaços de arrumação distribuem-se pelo costado – naturalmente limitados em profundidade pela boca reduzida do casco – e por baixo dos sofás. Nesses cofres há a possibilidade de montar A cozinha colocada numa posição oblíqua a EB, permite montar uma bancada completa (105x45cm) com fogão de dois bicos (não basculante) e uma cuba, para além de espaços de arrumação por cima e por baixo. Essa disposição facilita ainda o acesso à cama de popa (198x93cm),


colocada por de detrás das escadas e por baixo do poço numa posição transversal. Com uma elevação de apenas 30 centímetros sobre os paneiros do salão, consegue oferecer uma altura mínima de 48 centímetros que dá para dobrar os joelhos e, à cabeça, os 84 centímetros permitem a uma pessoa estar sentada sem bater com a cabeça no tecto. O pequeno albói (de série), orientado para o poço, também ajuda a evitar a sensação de claustrofobia. Ainda nesta zona, através da antepara de ré, temos acesso ao depósito de combustível, ao motor interior – na versão com motor fora de bordo dá acesso à loca de ré no poço – e à caldeira quente quando está montada. O W.C. montado a BB, numa posição longitudinal, oferece largura suficiente (min. 70cm) para nos sentarmos na sanita química (marítima em opção). A opção de duche pareceu-nos ambiciosa demais devido ao curto espaço para movimentos.


Convés
Com as quotas de habitalidade interiores que encontramos neste veleiro, de apenas 7.20 por 2.50 de boca, é natural que o plano de convés sofresse algumas restrições, nomeadamente, nas passagens laterais, onde a mobilidade fica um pouco estorvada pela pouca largura (21cm). Nada de grave, tendo em conta o compromisso de alargar ao máximo a cabina para ganhar maior largura no interior. Mesmo o acesso à borda a partir do pontão não é fácil, com uma altura de costado (104cm) similar a barcos muito maiores. No triângulo de proa encontramos um balcão com um delfinário e uma estrutura para o ferro muito completa. O respectivo paiol surpreende pelas dimensões generosas, que até permite armazenar, numa zona independente, uma botija de gás. O poço com umas dimensões simpáticas (206x164cm) para receber confortavelmente em navegação quatro pessoas, está forrado de série com uma tela sintética chamada Flexiteek, que dá o aspecto de Teca sem os inconvenientes de manutenção e custos que esta implica. Entretanto, a posição do timoneiro é confortável com os molinetes da genoa ao seu alcance. Pena é que a cana de leme não


tenha uma extensão para o timoneiro ter mais liberdade de movimentos, inclusive, alcançar o piano. Outro pormenor a melhorar é a possibilidade de montar uma régua no fundo do poço para apoiar os pés quando o barco adorna, já que a bancada de sotavento fica distante. Quando não estamos a navegar, pode receber em opção uma mesa que encaixa na ferragem da escota da VG, entretanto deslocada para outra ferragem na borda. O piano recebe toda a manobra do aparelho, excepto a afinação da esteira. Um detalhe que não gostámos foi o facto da manivela do molinete não conseguir trabalhar a 360º, quando a capuchana está em cima. De resto, o poleame pareceu-nos ajustado aos esforços exigidos e está previsto, em opção, um sistema de rebatimento do mastro que


permite efectuar a manobra com muita tranquilidade; aconselhável para aqueles que optarem pela versão patilhão retráctil e que pretendam rebocá-lo por estrada ou naveguem em canais com pontes baixas. Relativamente às locas, encontramos uma a EB de boas dimensões e outra enorme à ré. Na versão de motor interior, esse espaço destina-se a receber o motor. Para ter acesso à plataforma da popa, a bancada do poço abre simetricamente nas extremidades e permite uma passagem livre. Com a montagem do motor fora de bordo na plataforma esta perde espaço e a passagem de BB fica impraticável.


A navegar
Quem olha para o TES a navegar apercebe-se logo que a prioridade do arquitecto não foi criar um regateiro. E quem experimenta, comprova que foi concebido para oferecer conforto a navegar e facilidade de manobra, sem se tornar exigente.
Com um Norte já pouco característico para esta época do ano navegamos no Tejo com uma brisa de 8/9 nós. Ao leme, o TES 678 BT revelou-se extremamente equilibrado e bem compensado. Mesmo adornando com mais facilidade nesta versão de patilhão rebatível, mantêm sempre a estabilidade de rumo sem se tornar excessivamente ardente. O equilíbrio e as reacções progressivas que demonstra, quando carrega o vento, são um ponto a seu favor, porque é o que se


exige nesta filosofia de navegação. Mas para aqueles que considerem ser tranquilo demais, existe a possibilidade de encomendar um mastro com 9.5 metros de altura (mais 70cm e 2m²) para apimentar o seu carácter tranquilo. Esse upgrade só é possível com a versão de patilhão fixo com bolbo. Mais estável.
Do ponto de vista das performances o Tes mostrou-se modesto. A navegar para barlavento andámos sempre em redor dos 3.5/3.7 nós, consoante arribávamos um pouco ou conseguíamos endireitar mais o barco. A maior barriga das secções de proa faz com que não compense andar tão adornado. Com o vento pelo través e com o casco mais direito conseguimos chegar aos 4 nós. Nas mareações mais abertas sem balão, faltou-nos área vélica e, por isso, assistimos à quebra de velocidade, à medida que o vento aparente diminuía. A uma alheta (135º) o odómetro indicava 3.3 nós e a uma popa arrasada (180º), com as velas em borboleta, 3,6 nós.


A motor
A política do estaleiro no que diz respeito à motorização, passa por propor o preço base sem motor, e depois o proprietário definir se quer uma motorização interna ou externa. A nossa unidade estava equipada com um Yanmar 9cv e Sail-drive, o que nos fez questionar se num programa de cruzeiro habitualmente local, se justifica um investimento 4200€ superior a um fora de bordo. Com o referido motor alcançamos a velocidade de cruzeiro de 5.6 nós às 2800 rpm/min (consumos: 1.2 lt/h – dados do construtor) e uma velocidade máxima 6.6 nós às 3600 rpm/min (consumos: 2.25 lt/h – D.C). O pequeno Yanmar é conhecido pela sua robustez e economia, mas também pela vibração, pelo facto de ter apenas um cilindro e apresentar uma arquitectura antiga. Dentro da doca este pequeno veleiro manobra-se sem qualquer problema, desde que não se esqueçam de baixar o patilhão.


Ficha técnica
Modelo TES 678 BT
Origem Polónia
Comprimento 7,20 m
Boca 2,50 m
Área vélica 24,8 m²
Deslocamento leve 1460kg
Preço 35 180 € (c/IVA)
Inclui: preço à saída de fábrica, motor interior Yanmar 9cv, com VG e genoa equipada com enrolador; Lazy-bag; Flexiteek no poço; pré-instalação de rádio CD e VHF; instrumentação (odo.; sonda e bússola) e W.C. químico.
Não inclui: aparelho e vela balão; anemómetro; transporte da fábrica; montagem e preparação; antivegetativo; palamenta de segurança e registos.

Importador: TES-YACHT ESPAÑA Tel: Delegado Comercial Português – 966 824 346
Email: bmiranda@tes-yacht.com

Medições a navegar:
Rio Tejo; 8/9 nós Norte; mar chão. Sem balão.
Bolina 45º: 3.5 nós
Bolina folgada 60º: 3.7 nós
Través 90º: 4 nós
Alheta 135º: 3.4 nós
Popa arrasada 180º: 3.6 nós (Borboleta)

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