Descobreventos – O segredo está em diversificar

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A empresa Descobreventos dedica-se, essencialmente, à comercialização de barcos à vela. Em 2012 aumentou o seu portefólio de marcas com a introdução da Bavaria (vela e motor) e da GreenLine (barcos a motor híbridos). Os serviços e venda de produtos e equipamentos também fazem parte da sua oferta enquanto empresa. Desta forma diversificaram a oferta de produtos aos seus clientes.
Na ronda de entrevistas que a Náutica Press está a fazer pelos principais agentes do setor da Náutica de Recreio fomos conversar com Miguel Guimarães, um dos sócios da Descobreventos.

Náutica Press (NP) – Começaríamos por fazer um balanço do ano de 2012.
Miguel Guimarães (MG) – 2012 foi um ano muito difícil para a Descobreventos e penso que para todas as empresas em geral. Até aqui tínhamos feito um caminho muito bom vendendo sempre entre 10 a 12 barcos por ano. Apesar de mau, conseguimos minimizar um pouco através de um esforço em arranjar outros meios de subsistência como a angariação de outras marcas. Até à data a Descobreventos era conhecida por ser o importador da marca Dufour mas, na última edição da Boot Düsseldorf, introduzimos a Bavaria no nosso portfólio de marcas. Com as marcas Dufour, Grand Soleil e Bavaria passámos a ter uma grande gama de oferta em todos os segmentos. A Bavaria é uma marca mais comercial, a Dufour destina-se ao velejador mais exigente que pretende um barco com qualidade e a um preço acessível e, por fim, a Grand Soleil que é uma marca topo de gama com grande incremento de tecnologia e onde são empregues materiais nobres no seu processo de fabrico.
Ficámos também representantes da marca Greenline. Esta marca produz barcos muito interessantes com boa habitabilidade e com um conceito de propulsão híbrido. É uma marca que está à frente no que diz respeito a este tipo de barcos. Eles são produzidos pela SeaWay, uma empresa Eslovena que é responsável pelo fabrico de barcos para as grandes marcas europeias e que produz também com marca própria como é o caso da Greenline e da Shipman.
Não ficámos só por aqui. Fomos também procurar marcas de acessórios e equipamentos e passámos a representar a Elvstrom Sails (Dinamarca), os motores de proa e popa Exturmando e as bicicletas Mobiky.
Mesmo com estas marcas todas 2012 foi um ano difícil onde vendemos dois modelos da Dufour, um da Bavaria e dois da Greenline.

NP – A que se deve esta quebra de vendas? Desinteresse pela náutica ou apenas crise económica.
MG – Eu penso que há um adiar de projetos por parte das pessoas devido à atual situação económica e ao conjunto de notícias. Sinto que as pessoas são conservadoras e querem ver como é que as coisas vão ficar…Há muita incerteza!
Mesmo assim vejo uma evolução positiva no turismo com as pessoas a comprarem barcos para formarem empresas de charter. Penso que é uma área que tem espaço para crescer em Portugal. Os dois modelos da Greenline que vendemos vão operar no rio Douro. Foi um projeto interessante desenvolvido em conjunto pelo estaleiro e a empresa operadora.

NP – Como é que as marcas estão a viver esta situação na Europa?
MG – Todas têm menos número de unidades fabricadas.
A Bavaria é uma marca muito comercial com preços competitivos e que fizeram um grande investimento no aumento de qualidade de fabrico.
A Dufour é uma marca mais “complicada” pois oferece ao cliente um misto de desenho sofisticado, qualidade de construção e isto a um preço controlado. É um produto que nesta época sofre mais…A marca continua a apostar em novos modelos e o mais recente foi o Dufour 500, um barco inovador e que teve uma boa aceitação aquando da sua apresentação no Salão de Paris. A marca lançou também o Dufour 410 com a mesma filosofia do 500 e, pela primeira vez, a Dufour fez remodelações nos seus modelos (380 e 450). Desta forma foram ao encontro das exigências e necessidades dos clientes.

NP – Vamos agora perspetivar 2013.
MG –Vamos continuar a diversificar num meio que é muito difícil como é o caso da Náutica. Vamos tentar aproximar as necessidades dos clientes aos estaleiros de forma a tornar a experiência o mais agradável possível para o cliente. Não ficarmos ligados a uma só marca para podermos oferecer mais diversidade de escolha ao cliente, independentemente da sua experiência ou necessidade.
Temos também produtos e serviços para oferecer. Somos agentes de eletrónica, comercializamos velas e motores de proa, prestamos serviços manutenção e reparação.
Vai ser um ano com as mesmas características de 2012 onde, felizmente já temos mais perspetivas de negócios do que no início de 2012.

NP – Com a entrada da Bavaria abre-se um novo leque de clientes. Como é que os vão cativar?
MG – O facto de a nossa empresa ser muito jovem colocou-nos um problema com a comunicação. Ficou para segundo plano nos nossos investimentos pois estávamos focados apenas nas vendas. Pensamos que tem de haver um equilíbrio entre o investimento nas vendas e a comunicação. Não temos o volume de vendas suficiente para fazer uma comunicação mais agressiva. A marca Bavaria é muito competitiva e fácil e, isso irá funcionar a nosso favor.

NP – Para finalizar, as feiras são importantes para a Descobreventos?
MG – Muito importantes. A Descobreventos sempre participou na Nauticampo no entanto, pensamos que a organização deixou de ouvir as empresas. Ao deixarem de ouvir e não tendo a dinâmica suficiente para responderem aos novos desafios ficaram para trás. Desta forma abriram-se novas oportunidades a outras iniciativas. Pensamos que é no seio da APICAN / ACAP que deverá sair a organização de uma Feira. As Feiras são importantes e há que pensar em que moldes e com que periodicidade. Tem que ser uma Feira forte e que chame a atenção do público, deverá ter lugar na Doca de Pedrouços e com datas mais próximas do Verão ou no final do mesmo.
Temos que pensar em novas formas de fazer Feiras e com uma organização ligada às empresas ou associações que as representem.

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A redacção da Náutica Press prepara artigos e notícias do seu interesse, mantendo-o ao corrente do que se passa no universo da náutica de recreio e da náutica em geral, em Portugal e no Mundo.

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