As primeiras décadas da indústria do turismo de cruzeiros

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Segundo Dickinson e Vladimir (2008), a ideia de deixar para trás a rotina do dia-a-dia com a realização de um cruzeiro é uma fantasia partilhada por muitos. Por sua vez para Edmunds e Lomine (2007), a indústria de cruzeiros é uma das atividades que tem registado maior crescimento na área do turismo.
Segundo Cunha (2007), o barco foi durante muito tempo o meio privilegiado, e quase exclusivo, no que concerne ao transporte intercontinental. No entanto, nos últimos tempos, o paradigma de utilização deste meio de transporte tem vindo a alterar-se, sendo hoje em dia utilizado praticamente apenas como produto turístico e não como meio de transporte.
Segundo Edmunds e Lomine (2007), conceptualmente um cruzeiro incorpora três elementos do turismo: acomodação, transporte e entretenimento, tudo combinado num navio.
Dickinson e Vladimir (2008) salientam que o navio já foi utilizado unicamente como meio de transporte, sendo o melhor e muitas vezes o único disponível. Estes autores apresentam uma evolução do navio a vapor enquanto transporte até ao cruzeiro como forma de fazer férias, referindo um momento crucial no que se relaciona com a travessia de passageiros a nível transatlântico, lembrando Samuel Cunard que em 1840 inaugurou uma linha regular de transporte de correio e passageiros entre a Inglaterra e a América do Norte. Com a criação desta linha regular deu-se a formação da “British and North American Royal Mail Steam Packet Company”, que mais tarde adquiriu o nome do seu fundador “Cunard Line”.
Ward (2010) refere que o primeiro avião comercial a jacto atravessou o Atlântico, em Junho de 1958, alterando a economia das viagens transatlânticas. Este autor salienta que esse ano foi precisamente o último em que mais pessoas atravessaram o Atlântico-Norte em navio do que por avião. Devido ao impacte do desenvolvimento do transporte aéreo na indústria dos cruzeiros observou-se, a partir desta data, uma diminuição significativa do número de passageiros na travessia do Atlântico-Norte por mar.
Até meados da década de 60, era mais barato atravessar o Atlântico de navio do que de avião, mas com o surgimento do avião comercial a jacto isso mudou rapidamente, especialmente com a introdução do “Boeing 747” no início dos anos 70 (Ward, 2010).
Segundo Ward (2010), em 1962, mais de um milhão de pessoas atravessaram o Atlântico Norte em navio, tendo, em 1970, esse número diminuído para 250 mil. Em consequência desta diminuição na procura, muitos navios foram vendidos por um montante inferior ao seu valor real e muitas empresas acabaram por encerrar.
As empresas que sobreviveram a esta crise no sector alargaram o âmbito das suas viagens, integrando navegações transatlânticas com circuitos mais para Sul, para destinos mais quentes (Ward, 2010).
As Caraíbas tornaram-se apelativas, e uma nova indústria nascia com a formação de novas linhas criadas exclusivamente para cruzeiros. Em consequência destas alterações, começaram a surgir no mercado navios mais pequenos e especializados, capazes de realizarem escalas em pequenos portos das ilhas das Caraíbas.
A década de 1980 assinalou o início da expansão das grandes companhias de cruzeiros (Amaral, 2006).
Margarida Rocha / Porto Cruzeiros http://portocruzeiros.blogspot.pt/

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