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A empresa Limatla, sediada em Braga, apostou em novas instalações e apanhou pela frente uma tempestade como não há memória.
Texto e foto: Vasco de Melo Gonçalves
A Limatla, empresa representante em Portugal das marcas de barcos Monterey, Sessa e Starfisher, investiu forte em novas instalações para melhor servir os seus clientes e para uma melhor organização interna da empresa.
Rui Ferreira, o responsável da Limatla, estava longe de imaginar a dimensão da crise económica que se iria atravessar na sua frente. Mas, não é pessoa para desistir antes pelo contrário, gosta de desafios.
Durante a minha passagem por Braga, tive a oportunidade de conversar um pouco sobre como vai o negócio, a estratégia dos fabricantes e sobre a APICAN.
Náutica Press (NP) – Que balanço faz desta época?
Limatla (LM) – Não posso dizer para já que o balanço seja positivo. A meteorologia, aqui no norte, também não tem ajudado e, só em meados de Julho, é que começou o bom tempo!
A conjuntura económica do pais é aquela que todos nós conhecemos mas, felizmente, a Limatla tem conseguido fazer algumas vendas para o mercado interno e externo. As vendas para o estrangeiro têm sido, na sua grande maioria, para Angola. Por isso mesmo estou convicto que chegaremos ao fim da época com um saldo positivo.
NP Angola é uma alternativa estratégica?
LM Já trabalhamos o mercado de Angola há muitos anos e, normalmente, fazem-se vendas todos os anos. Em 2011 / 12 e face à conjuntura económica nacional decidimos apostar com mais intensidade neste mercado preferencial.
NP Com a criação de uma estrutura em Angola?
LM Não. Temos diversos parceiros ao nível da assistência para resolver os problemas que sempre surgem com um barco e as vendas são feitas através de contactos pessoais.
NP Isso obriga a visitas constantes a Angola.
LM Em 2012 já lá estive por duas vezes com estadas prolongadas e, conto lá voltar, em Setembro ou Outubro.
NP Que tipo de barco está a consumir Angola?
LM No portfólio de marcas da Limatla consome barcos com uma média de comprimento situada nos 30 pés e preferencialmente com motorização fora de borda. A escolha de motores fora de borda tem a ver com a morfologia da costa, o tipo de programa de navegação e a facilidade de manutenção. Ao nível do tipo de barco nota-se uma preferência por modelos que possam ser utilizados na pesca desportiva.
NP Nesta época de crise como tem sido a relação com as suas representadas?
LM A pressão sobre o representante é muito menor em relação às épocas anteriores. A pressão que exercem é no sentido da satisfação total do cliente pois sabem que é raro e é conveniente preservá-lo.
As marcas estão a fazer um esforço em apresentar novos modelos para, desta forma, tentarem despertar um pouco o mercado.
Na Monterey e na Sessa noto que existe um investimento na conceção de modelos de barcos com dimensões mais reduzidos. Por exemplo, pela primeira vez a Monterey vai lançar uma nova gama de barcos com motor fora de borda.
Penso que depois destes anos difíceis vamos começar tudo de novo e vai haver muito cliente a comprar o primeiro barco e que será um modelo pequeno de entrada na marca.
Temos que agilizar os processos e respetivos custos para podermos avançar.
NP Mudando um pouco o rumo à nossa conversa. Tem conhecimento da renovada APICAN que possui uma nova direção. Na sua perspetiva quais deveriam ser as primeiras medidas a tomar por esta direção?
LM Eu confio e apoio a APICAN (Associação Portuguesa da Indústria Comércio Actividades Náuticas) e tudo que se faça pela Náutica. Infelizmente, neste país, é tudo muito difícil e demorado sendo que as curas para as doenças chegam tardiamente e por vezes, o paciente já morreu. Acho que esta direção tem competência para dar a volta ao setor.
O que sinto sobre o setor está relacionado com a minha experiência como empresário e com o que os clientes me transmitem, é necessário redimensionar os custos da Náutica. Além dos custos temos os entraves burocráticos e legislativos que prejudicam o bom funcionamento das empresas e uma utilização fácil das embarcações por parte dos proprietários.
Assim de repente vem-me à cabeça os problemas com a colocação e permanência dos barcos na água. As cartas de navegação a preços exorbitantes e sem qualquer justificação plausível para a prática desses preços (comparemos com as escolas de condução em que é preciso ter viaturas) e categorias que não servem para quase nada (Carta de Marinheiro). A necessidade de massificação da Náutica com forte investimento na juventude. Os preços exagerados dos seguros. As vistorias a seco são pagas a um preço elevado e existem poucos locais com a capacidade para as fazer. Os registos também são caros
Temos que agilizar os processos e respetivos custos para podermos avançar.