Conferência no Padrão dos Descobrimentos – Açores e aventuras transoceânicas

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A quarta conferência inserida no ciclo “Memórias do Mar – Aventuras Transoceânicas”, vai debater o tema “Os Açores na encruzilhada da rota da prata e das riquezas dos novos mundos”, dia 3 de Novembro, às 10h30, no Padrão dos Descobrimentos. A sessão conta com a participação do arqueólogo Paulo Alexandre Monteiro.
Situadas a meio caminho entre a Europa e o Novo Mundo, no centro de confluência dos ventos dominantes do Atlântico Norte, as ilhas dos Açores constituíram desde o final da Idade Média uma base de apoio à navegação europeia.Autênticas sentinelas atlânticas – lugar de abrigo e de passagem obrigatória de navios e frotas de comércio ou guerra, ajoujadas sob o peso dos canhões, da pimenta indiana ou da prata peruana – as nove ilhas do arquipélago português foram frequentemente as testemunhas imperturbáveis do fim trágico de várias dessas viagens, em que mercadoria, vida e honra se perdiam por entre a imprevisibilidade do mar e os actos de guerra próprios de uma nova ordem geopolítica mundial que então se anunciava.
Durante mais de 400 anos ancoraram nos portos açorianos navios à vela de todo o tipo – as pequenas caravelas dos exploradores ibéricos, as naus portuguesas da Carreira das Índias com têxteis, porcelanas e especiarias da Ásia, os galeões espanhóis com ouro, prata e outros bens das Américas e os navios mercantes de todas as nações marítimas da Europa.
A riqueza que escalou estas ilhas atraiu também corsários e piratas – grande número das suas presas constituem hoje um santuário intemporal do património cultural subaquático. Contudo, se o potencial arqueológico é excepcional, excepcionais são também os interesses que alguns destes naufrágios suscitam nos meios da caça ao tesouro: com efeito, estima-se terem ocorrido em águas dos Açores cerca de 250 naufrágios de navios com cargas preciosas a bordo, uma parte substancial das cerca de oito centenas de naufrágios recenseados até hoje no arquipélago.
Ao longo da conferência o investigador irá abordar alguns naufrágios paradigmáticos, num leque temporal que irá desde os primórdios da colonização até à II Grande Guerra Mundial – “A batalha entre a frota da prata de 1591 e o corsário inglês Sir Richard Grenvile”, “As naus portuguesas Madre Deus e Chagas”, “O naufrágio do galeão português São Pantaleão” e o “ O submarino alemão U-581”, são exemplos, entre muitos outros.
Paulo Alexandre Monteiro é licenciado em Engenharia Zootécnica, pela Universidade dos Açores, Pólo de Angra do Heroísmo. Responsável e autor de vários projectos de arqueologia, destaca-se na elaboração da Carta Arqueológica Subaquática dos Açores; pela participação na qualidade de co-responsável operacional nos programas de Intervenção Arqueológica Subaquática de Emergência na baía de Angra do Heroísmo; na identificação e caracterização dos sítios arqueológicos correspondentes aos naufrágios da nau da Índia Nossa Senhora da Luz (1615, ilha do Faial) e da fragata inglesa HMS Pallas (1782, Calheta de São Jorge); na investigação documental relativa ao naufrágio da galera portuguesa Correio d’Ásia (1816, um projecto arqueológico do Western Australia Museum) e na caracterização arqueológica do sítio submerso da Baixa do Broeiro, Cabo da Roca.
O Padrão dos Descobrimentos apresenta ainda, todas as segundas-feiras até final de Novembro, às 10h30, um ciclo destinado a grupos escolares do ensino secundário, subordinado ao tema “Um Mergulho na História – Enigmas e Descobertas da Arqueologia Subaquática”, uma acção integrada no Serviço Educativo do Padrão dos Descobrimentos. Dia 5 de Novembro, decorre a conferência “A História de um Naufrágio do Séc. XV em Câmara Lenta” da responsabilidade de Patrícia Carvalho e José Bettencourt .
“Memórias do Mar – Aventuras Transoceânicas”
3 de Novembro – “Os Açores na encruzilhada da rota da prata e das riquezas dos novos mundos”, Paulo Alexandre Monteiro
10 de Novembro – “Arqueologia dos navios portugueses da expansão e as fontes eruditas da arquitectura naval portuguesa”, Vanessa Loureiro
17 de Novembro – “Astrolábios e Serendipidade”, António Estácio dos Reis

Horários: sábados I Outubro e Novembro I 10h30
Bilhetes : 10 € I 50% de desconto para sócios da Academia de Marinha, Sociedade de Geografia de Lisboa, associações de defesa do património, professores, mergulhadores certificados, funcionários do Ministério da Cultura e estudantes universitários.
Inscrições: T 213 031 950 F 213 031 957 | padraodosdescobrimentos@egeac.pt

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