A equipa suíça que persegue o recorde mundial de velocidade à vela alcançou um novo marco. A treinar desde o final de 2023 em Leucate (Sul de França), a equipa registou no verão passado uma nova velocidade máxima de mais de 40 nós (74 km/h) com o seu barco movido a kite. Embora não exista um recorde oficial para este tipo de embarcação (kiteboat), a SP80 é agora o kiteboat mais rápido do mundo. O próximo passo: aproximar-se do recorde absoluto de velocidade à vela até ao final do ano, para uma tentativa oficial em 2025.
Após uma primeira campanha de afinações logísticas no inverno e vários meses no estaleiro, a equipa relançou o barco em meados de junho, com o objetivo de realizar as primeiras corridas em alta velocidade até ao final do verão. Missão cumprida: os pilotos estão agora a atingir uma velocidade média de cerca de 30 nós (55 km/h), com um pico registado de 40,652 nós (74 km/h) e uma média de 35,280 nós ao longo de 500 metros, a distância oficial para uma tentativa de recorde mundial.
Embora o recorde mundial, atualmente detido pelo Vestas Sailrocket II (65,45 nós, ou 121 km/h de velocidade média em 500 metros), ainda esteja distante, esta campanha permitiu à equipa recolher dados valiosos e compreender melhor o comportamento do barco em alta velocidade. Essas informações são cruciais para finalizar o design do foil que irá quebrar o recorde. Atualmente, a SP80 está a usar um foil de treino, projetado para suportar uma velocidade máxima de cerca de 45 nós.
“O foil é a chave para bater o recorde“, explica Benoît Gaudiot, COO e piloto de kite da SP80. “Queríamos testar rapidamente uma versão simplificada na água e aprender o máximo possível antes de finalizar o design do foil de recorde, que é mais complexo e caro de produzir. Agora que temos dados do barco a altas velocidades, podemos refinar as nossas simulações e avançar para a produção do foil final com muito mais informação do que há alguns meses!”
Graças às lições aprendidas no verão, o barco regressou ao estaleiro em setembro para melhorar os sistemas de segurança dos pilotos e integrar o novo foil.
“Este é um passo crucial para nós“, enfatiza Xavier Lepercq, CTO da SP80. “No mundo da vela, os barcos mais rápidos enfrentam todos um fenómeno físico subaquático: a cavitação. Isto é comparável à barreira do som na aviação. Para ultrapassar os 60 nós, precisamos de formatos de foil muito diferentes dos que vemos hoje na America’s Cup e no mundo da vela; as exigências não são as mesmas. Se o nosso barco conseguir superar esta barreira, não só podemos rivalizar com o Vestas Sailrocket II, como também ultrapassá-lo.”
A equipa pretende realizar uma primeira tentativa oficial de recorde antes do verão de 2025.
“Os resultados dos últimos meses são muito positivos para a equipa“, conclui Mayeul van den Broek, CEO e piloto do barco SP80. “Aprendemos muito e estamos convencidos de que o barco pode ir muito mais rápido: tivemos de o abrandar para não ultrapassar o limite do nosso foil de treino! O objetivo dos últimos meses foi fazer corridas seguras, treinar em condições controladas e ganhar confiança no barco — e isso foi conseguido! Agora, queremos aproximar-nos gradualmente das velocidades de Paul Larsen, o atual recordista. Claro, dependemos muito das condições meteorológicas… esperamos que o vento Tramontana esteja connosco este inverno!”
