Um rio fascinante
Não existe nada melhor para descobrir o estuário do rio Tejo do que num barco à vela e, se for um catamarã, ainda melhor…
Com a empresa StressLessSailing e a bordo do seu Lagoon 42 “Impossível” fomos descobrir um Tejo pouco visitado pelos nautas de Lisboa, a ilha do Rato junto ao canal de acesso ao Montijo. Zona tranquila com água a 26°C, a ilha é muito frequentada pelos proprietários de embarcações tradicionais do Tejo devido à proximidade de localidades como a Moita, Sarilhos-Pequenos e Gaio-Rosário.
O trajeto Doca de Alcântara, Terreiro do Paço, ilha do Rato, pilar Sul da Ponte 25 de Abril e regresso à doca é, também, um mergulhar no passado recente da importante atividade comercial que o rio Tejo teve. Uma paisagem industrial, as ruínas de edifícios e cais dedicados à pesca e ao bacalhau, os silos e as imponentes gruas são marcos importantes da nossa história recente. Contudo tarda a recuperação paisagística da margem Sul e do seu património que se degrada dia após dia…
Texto: Vasco de Melo Gonçalves e Luisa Dias Mendes Fotografia: Viver Com Gosto e Nicolas Claris
Por Onde Navegámos
Uma paisagem de contrastes
A interpretação de uma paisagem é algo de muito pessoal e está diretamente relacionada com as nossas vivências passadas. O nosso percurso a bordo do Lagoon 42 e segundo proposta da StressLessSailing levou-me aos meus tempos de adolescência onde, com o meu amigo Luís Miguel Correia, me dedicava a fotografar os paquetes que visitavam o porto de Lisboa bem como quase tudo o que flutuasse desde os rebocadores aos petroleiros passando pelos navios de carga a granel aos barcos de pesca.
O rio Tejo fervilhava de vida, o tráfego entre as duas margens era intenso e a paisagem da época era, marcadamente, comercial e industrial. Com o “afundar” da nossa Marinha Mercante, o desaparecimento da Lisnave e da Companhia Portuguesa de Pesca tudo mudou. Mais recentemente regressaram os grandes barcos de cruzeiro com as suas linhas “estranhas” mais parecendo hotéis flutuantes…
Estas alterações aprofundaram as desigualdades, que sempre existiram, entre as duas margens do rio. Lisboa cresceu, foi reconvertida e os seus espaços ribeirinhos ganharam uma nova “vida” em contrate com a margem Sul que vê os planos de reconversão serem sistematicamente adiados com, algumas pequenas exceções locais.
Oito horas a bordo do “Impossível” e não damos pelo tempo passar tal é o prazer de navegar
A nossa “estrada” é o Rio Tejo, o trajeto aconteceu entre a doca de Alcântara, Terreiro do Paço e a Ilha do Rato na entrada do Montijo com regresso pelo pilar Sul da Ponte 25 de abril, são apenas 18,7 milhas náuticas mas que valem pela paz e bem estar que se sente a velejar. Um segredo bem guardado e Lisboa aqui tão perto.
Recebidos com toda a simpatia pelos nossos anfitriões, Margarida Nolasco e José Sousa da StressLessSailing, começamos pelas 11h com uma bebida de Boas Vindas preparada com todo o rigor, seguida de visita ao barco.
Quando propusemos fazer esta experiência, já com a ideia de publicar nesta edição especial da revista Náutica Press, deixámos ao critério da StressLessSailing o programa para o dia. Para onde navegámos é um local menos conhecido e é bom que assim continue.
Segundo José Sousa, “tivemos as condições perfeitas para este passeio”.
Ventinho quanto baste, as duas velas içadas, temperatura excelente a convidar a um mergulho aquando da nossa paragem para almoço e, no regresso à base, apanhar a luz rasante da Golden Hour e ainda a oportunidade de vislumbrar as famílias de golfinhos que apareceram para a sua refeição mesmo no meio do Tejo junto à Rocha Conde de Óbidos. Nunca tinha visto golfinhos pequeninos.
A bordo do “Impossível” é possível usufruir de todas as condições de conforto. No nosso passeio éramos 4 pessoas a bordo mas o “Impossível” tem todas as condições para grupos até 10 pessoas tendo em conta as condicionantes do tempos que vivemos atualmente (a lotação do Lagoon 42 é de 16 pessoas a bordo). Os vários espaços de estar permitem escolher a melhor localização seja para uma amena conversa com família e amigos, apanhar sol, descansar ou relaxar.
O veleiro está preparado para ser usado em todas as condições, mesmo com chuva e frio pode ser fechado, mantendo todo o conforto e temperatura ideal a bordo.
O que muito me surpreendeu, não sou uma velejadora muito experimentada, foi a facilidade de manobra dum veleiro com esta dimensão. Todas as manobras feitas por Margarida Nolasco e José Sousa sem qualquer dificuldade.
Fundeámos junto à tal Ilha do Rato, mais conhecida pelos proprietários dos barcos tradicionais do Tejo e pelos pescadores mais experientes. Foi o momento de degustar o excelente almoço preparado com todo o cuidado.
No final de um dia praticamente perfeito, propomos uma consulta aos vários programas que a marca tem para oferecer a bordo do Catamaran Lagoon 42 e agradecer aos nosso anfitriões que têm verdadeira paixão pelo mar.
StressLessSailing
Somos como as criaturas marinhas que demonstram leveza, agilidade, emoção, aventura, que se agarram à vida com toda a força e paixão. Somos assim todos os amantes do mar.
Este é o mote da StressLessSailing
A StressLessSailing é a empresa que nos levou a conhecer parte deste fabuloso rio Tejo. No final do nosso passeio quisemos saber um pouco mais sobre o projeto.
Contactos
Doca de Alcântara, Lisboa – Portugal
(+351) 916 190 213 / (+351) 917 217 882 / info@stresslesssailing.com / https://www.stresslesssailing.com/index.html
O BARCO
A nova geração de catamarãs
O Lagoon 42, lançado em 2016, veio posicionar-se entre o Lagoon 400 e o Lagoon 450 F&S e, vem substituir o Lagoon 421.
Um design moderno e elegante
Este membro da família Lagoon possui muito estilo e uma forte personalidade. Dotado das principais características da última geração e de linhas que denotam claramente a sua ligação à família Lagoon, o 42 aponta-nos um novo caminho na engenharia de catamarãs de cruzeiro: uma esmerada evolução, uma abordagem “orgânica” inédita, que privilegia a harmonia entre o espaço habitável e o homem.
Uma silhueta elegante e curvas fluidas que, graças à suavidade do traçado das proas e ao novo design do roof, destacam a eficácia e o dinamismo deste novo modelo. O layout concebido pelos arquitetos da VPLP garante um bom desempenho à vela.
Ao nível da construção temos moldagem por infusão e injeção que permite uma redução do peso, estrutura otimizada e maior proteção do ambiente.
Exterior
Um plano de convés inteligente com um conjunto de fatores garantem um bom desempenho à vela e facilidade de utilização, o mastro recuado e a vela de proa autovirante permitem concentrar todas as manobras no mesmo lugar.
O posto de pilotagem é ergonómica e fica situado a um nível superior e oferece uma série de vantagens nomeadamente, comunicação direta com o cockpit e a área de estar; um acesso direto ao roof para facilitar o acesso à retranca e um bimini em material compósito com painel deslizante para garantir uma boa visibilidade das velas.
Um cockpit aconchegante, projetado com curvas suaves e elegantes. O nível único desde a plataforma traseira até à área de estar representa uma verdadeira revolução estrutural!
A ergonomia inovadora garante uma excelente organização do espaço e uma circulação fluida a bordo.
Uma ampla janela de vidro da largura do roof permite assegurar a ligação ótima com o interior.
Interior
A influência da arquitetura orgânica reflete-se nos volumes interiores. Belas madeiras moldadas realçam as curvas delicadas da marcenaria interior, desenhada com esmero pela Nauta. Mais uma vez, a firma de design italiana aliou elegância e funcionalidade para nos oferecer duas versões neste novo modelo: 3 ou 4 cabinas duplas.
As cabinas são espaçosas e com muitos espaços para arrumos e, todas elas, equipadas com casa de banho.
As imensas vigias das cabinas oferecem uma bela luminosidade natural e uma vista magnífica do exterior.
Os vidros verticais do roof iluminam a área de estar e o ambiente claro e suave é perfeitamente equilibrado entre a cozinha e a sala de estar.
Voltada para o cockpit exterior, a cozinha em “U” está equipada com amplas superfícies de trabalho e generoso espaço de armazenamento.
A atenção ao detalhe e o aproveitamento dos volumes transformam o novo interior num espaço excecional, onde é extremamente agradável viver.
Ficha técnica
Modelo: Lagoon 42 | Arquiteto naval: Van Peteghem-Lauriot Prévost | Designer de exterior: Patrick Le Quément / VPLP | Designer de interior: Nauta Design | Comprimento total: 12,80 m |
Comprimento na linha de água: 12,50 m | Boca: 7,70 m | Calado: 1,25 m | Deslocamento ligeiro: 12 t | Motores: 2 x 45 CV da Yanmar | Combustível: 300 L | Área vélica: 98m² |Vela grande Full batten: 55m² | Self-tacking furling genoa: 36.8m² | Água: 300 L | Camas: 6 a 12 | Categoria CE: A :12 / B :14 / C :20 / D :30 | Comercialização: Sea Way.