Algarvia alba, Babakina anadoni e Felimare picta: são estas as três lesmas do Mar que os CTT apresentaram na terça-feira, dia 24 de setembro, numa emissão filatélica, de entre 150 espécies que são conhecidas em Portugal.
Esta emissão, em etiquetas autocolantes, pretende dar a conhecer as lesmas do mar, de que fazem parte os nudibrânquios ou as lebres do mar. Têm muitas vezes cores berrantes e formas extravagantes a que poucos se sentem indiferentes. A sua beleza e graciosidade dentro de água só são comparáveis às das borboletas no meio terrestre. As lesmas do mar são moluscos, tais como os polvos ou as ameijoas, mas são mais aparentadas com os búzios, os caracóis e as lesmas terrestres que são gastrópodes.
A Algarvia alba com pouco mais de um centímetro de comprimento, está entre as espécies menos conhecidas e observadas em todo o mundo. Em 1988, durante uma expedição internacional ao Algarve, foram recolhidos em Sagres dois exemplares que revelaram mais tarde serem de uma espécie nova para a Ciência, a qual foi descrita em 1989. O seu nome alude ao local da descoberta (Algarvia) e à sua cor predominante, o branco (alba).
A Babakina anadoni, tem cores exuberantes e contrastantes, Sobre o corpo cor-de-rosa, estendem-se os cerata (estruturas que servem para aumentar a superfície de contacto com a água para absorção de oxigénio e também para estender o aparelho digestivo) cobertas por azul e amarelo. Na parte anterior, destacam-se os rinóforos púrpura (um par de estruturas sensoriais usadas para detetar alimento e potenciais parceiros sexuais), com uma destacada linha branca ou amarela que se estende até à ponta. Embora raramente atinja mais do que dois centímetros de comprimento, as suas cores não deixam indiferente quem quer que se depare com esta pequena lesma. Encontrada pela primeira vez nas Astúrias em 1973, foi descrita para a Ciência apenas em 1979.
A Felimare picta está entre as lesmas do mar que podem ser vistas em Portugal, e é das mais fáceis de encontrar pelas suas cores, frequência com que ocorre e as suas grandes dimensões. Embora a maior parte dos nudibrânquios meçam poucos centímetros de comprimento, a Felimare picta é das maiores espécies da nossa costa e não são raros os indivíduos com mais de dez centímetros de comprimento, havendo mesmo o registo de um indivíduo medindo vinte centímetros de comprimento. É uma espécie particularmente comum na costa algarvia, embora seja relativamente frequente mais para norte até ao Cabo Espichel, e a sua distribuição estende-se dos limites orientais do Mediterrâneo até às costas americanas do Atlântico. Nos Açores, está presente a subespécie local, Felimare picta azorica, de dimensões mais reduzidas e de corpo azul escuro.
As ilustrações das etiquetas, estiveram a cargo de Fernando Correia.