Com o objetivo de divulgar o trabalho ligado à conservação dos oceanos e ecossistemas marinhos que a Mirpuri Foundation tem desenvolvido, o seu presidente, Paulo Mirpuri, lança-se pela primeira vez numa rota transatlântica e já anuncia esforços para inscrever a primeira equipa portuguesa num importante evento náutico internacional em 2020.
Para marcar o início do ciclo de atividades do triénio 2017-2019, a Mirpuri Foundation organiza esta expedição transatlântica desde a ilha de S. Vicente, Cabo Verde, até Barbados, nas Caraíbas, a bordo de um veleiro de alta competição batizado Mirpuri Foundation (um modelo VOR70, com 21 metros de comprimento, ex-Green Dragon) tripulado por uma equipa de velejadores profissionais comandados pelo skipper Paulo Mirpuri, que vai levar o projeto adiante em nome da fundação.
Assente em valores muito importantes à Mirpuri Foundation – coragem, ética, espírito de equipa, inovação, tecnologia e profissionalismo -, o skipper Paulo Mirpuri pretende com esta primeira travessia oceânica lançar as bases do projeto para a participação de uma tripulação portuguesa na Volvo Ocean Race 2020, cujos velejadores selecionados serão os embaixadores da Mirpuri Foundation, levando aos quatro cantos do mundo a sua mensagem “for a better world”.
Apesar de esta ser a sua primeira travessia oceânica, o presidente da Mirpuri Foundation é velejador desde os 14 anos de idade a bordo de diversos tipos de embarcações à vela – de monocascos a multicascos, entre os 3 e os 50 metros, em rotas costeiras e a solo no Atlântico, Mediterrâneo, Índico e Pacífico.
Paulo Mirpuri teve a oportunidade de velejar num veleiro VOR70 no mar Adriático em outubro de 2016, ao lado do proprietário e armador austríaco Johannes Schwarz. “Fiquei muito impressionado com a complexidade e performance do veleiro, capaz de igualar ou mesmo superar a velocidade do próprio vento.”
Apesar de esta ser sua primeira travessia oceânica, Paulo Mirpuri reuniu uma equipa sólida e muito profissional, que o ajudará a minimizar os riscos e maximizar as possibilidades de sucesso. “Na navegação oceânica, abandonamos o nosso porto de abrigo, partimos para o desconhecido, ficamos por nossa conta e risco durante dias, semanas e às vezes até meses. Contamos connosco para resolver as dificuldades que surgem, com o empenho a que a sobrevivência nos obriga.”
Serão 2.300 milhas náuticas de percurso entre Cabo Verde e Barbados, e o skipper português ressalta que estarão representados nesta saga oceânica os valores da Mirpuri Foundation no que respeita à integridade, ética, coragem, tenacidade, esperança, espírito de equipa, inovação e tecnologia. “Estarmos a bordo de um veleiro de alta competição – pequeno e frágil se comparado com a vastidão do oceano – ajuda-nos a consciencializar que é mesmo possível concretizar o nosso sonho de lutar e tornar este mundo melhor para as gerações futuras.”
Esperando que os ventos alísios de nordeste estejam bem estabelecidos nesta época do ano, com velocidades a rondar os 15 a 20 nós, o velejador português prevê uma navegação ao largo durante boa parte do percurso. “Mas numa viagem tão longa através de um oceano, é de esperar desde as calmarias até às tempestades tropicais, as quais tentaremos evitar. Nos últimos anos, os alísios têm-se mostrado atípicos, sem um padrão bem definido, provavelmente fruto das alterações climáticas que se têm vindo a sentir em todo o planeta.”
O projeto português
Esta viagem oceânica será assim o mote para o projeto de participação da primeira equipa num evento náutico internacional como a Volvo Ocean Race. “O meu primeiro contacto com a Volvo Ocean Race ocorreu em Lisboa durante a escala do evento em 2014-2015. Tive a oportunidade de conhecer bem os barcos, a avançada tecnologia aplicada, a exigência física necessária ao seu manejo e toda a história deste formidável evento.”
“As tripulações são homens e mulheres invulgarmente corajosos, fortes, inteligentes e destemidos a enfrentarem os sucessivos desafios – mares revoltos, tempestades ou avarias a bordo. Só o carácter forte, a perseverança, o espírito de equipa e a determinação destes velejadores faz com que continuem meses a fio nas mais agrestes condições a tentar ultrapassar todas as adversidades.”
“Vi neste perfil o mesmo espírito e os mesmos princípios que norteiam o trabalho da Mirpuri Foundation. Pensei que se conseguir reunir em torno de mim e da fundação uma equipa com os mesmos valores, poderemos desenvolver um trabalho muito interessante em prol de um mundo melhor. E acredito que uma jornada de mil milhas começa sempre com um simples passo.”
“Foi assim que surgiu a ideia de lançar este primeiro projeto náutico, cujo simbolismo vai muito para além da simples travessia oceânica, mas traduz uma atitude da Mirpuri Foundation, uma forma de estar, de sonhar, de analisar, de concretizar e ultrapassar as dificuldades com que nos deparamos, por muito grandes que possam parecer, com a certeza que depois da tempestade chegará a bonança.”
Sendo a fundação de matriz portuguesa, Paulo Mirpuri pretende honrar o País e a sua longa tradição e história ligadas aos oceanos, às descobertas de novos mundos e ao desenvolvimento científico e tecnológico. “Por isso decidimos que o veleiro Mirpuri Foundation terá uma tripulação 100% portuguesa e teremos três anos para a criar e treinar ao nível da mais alta competição oceânica”.
O projeto náutico Mirpuri Foundation já conta com dezenas de candidaturas espontâneas de atletas de alto nível da vela nacional, com títulos europeus, mundiais e participações em Jogos Olímpicos, mas o processo de seleção só estará concluído em meados de 2017. Em função dos talentos que forem angariados de entre os velejadores portugueses, ficará decidido se a tripulação que irá participar na regata será masculina, feminina ou mista.
“Não é suficiente terem muito bom nível técnico. É fundamental que, como futuros embaixadores da Mirpuri Foundation, partilhem dos seus valores. O nosso principal objetivo será divulgar a nível mundial o trabalho da fundação ligado à sensibilização e conservação dos oceanos e ecossistemas marinhos.”
“A Fundação Mirpuri apoia projetos que ajudam a determinar qual a melhor forma de proteger os oceanos e as espécies marinhas e seus ecossistemas, procurando também sensibilizar o público e as autoridades para a criação de leis e políticas de conservação. A campanha “Save the Ocean” centraliza a atenção neste ponto – incrementar a consciência do público e naquilo que todos podem fazer para proteger os oceanos -, desde ações de limpeza das praias até alertas relativos a formas de limitar nosso impacto no ambiente marinho. O conhecimento sobre os oceanos e a vida marinha é muito importante para motivar e educar o público.”
A confirmação da participação de uma equipa portuguesa num evento náutico internacional será anunciada em junho de 2017. Até o final de 2017 estará concluída a seleção final da equipa de velejadores e terão início os treinos de mar que decorrerão durante quase três anos até ao início da regata à volta do mundo em 2020.
“Estarei presente em todo o processo e em todas as escalas da rota, sendo que estarei a bordo do veleiro Mirpuri Foundation na última etapa da regata. Uma regata oceânica é uma competição duríssima e deve ser deixada a profissionais de altíssimo nível competitivo. Sonho naturalmente com a vitória da nossa equipa, mas o objetivo principal é participar e concluir a regata, levando a mensagem da Mirpuri Foundation a todos os continentes e sensibilizar algumas dezenas de milhões de pessoas para a nossa causa.”
Rota Transatlântica
Cabo Verde a Barbados num total de 2 300 milhas (4.140 km)
A rota transatlântica entre o porto de Mindelo, S. Vicente, Cabo Verde e Bridgetown, Barbados, Caraíbas, soma 2.300 milhas (4.140 km) e deverá ser percorrida em cerca de seis dias, dependendo das condições meteorológicas.
A tática da equipa a bordo do veleiro Mirpuri Foundation será a de encontrar uma rota ao longo dos ventos alísios – o fluxo constante e estável de vento a soprar de nordeste com força entre os 15 e 20 nós no Atlântico Norte.
Se os alísios estiverem bem estabelecidos nesta altura do ano (finais de janeiro e inícios de fevereiro), será possível manter uma navegação ao largo durante boa parte do percurso.
Isto permitirá que o veleiro Mirpuri Foundation navegue com boa velocidade e em ângulos otimizados com o vento a favor, o que significaria que a travessia seria completada sem necessidade de realizar mudanças de bordo (cambadelas ou bordos).
No entanto, numa travessia transatlântica é de esperar que também ocorram calmarias ou tempestades tropicais, as quais deverão ser evitadas. Nos últimos anos, por exemplo, os alísios têm-se mostrado atípicos, sem um padrão bem definido, provavelmente fruto das alterações climatéricas que se têm vindo a sentir em todo o planeta. Tudo isto acrescenta desafios à navegação e a equipa deverá estar preparada para enfrentar condições variáveis ao longo da rota.
Largada – 29 de janeiro – Mindelo, Cabo Verde.
Chegada – ETA 4 de fevereiro – Bridgetown, Barbados.
Características Técnicas
Comprimento – 21,5 metros (70,5 pés) | Boca – 5,7 metros | Calado/quilha pivotante – 4,5 metros | Mastro – 31,5 metros | Deslocamento – 14 toneladas | Tanque de lastro de água – 7,4 toneladas | Área da vela grande – 175 metros quadrados | Área da vela de proa – 94 metros quadrados | Áreas das velas-balão (spinnakers) – 350 a 500 metros quadrados | Área vélica à bolina – 269 metros quadrados | Área vélica à popa – 525 a 675 metros quadrados.