Número de acidentes com navios pode disparar nos próximos anos

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Os riscos associados ao transporte marítimo de pessoas e mercadorias estão a aumentar e poderão conduzir a uma subida significativa do número de acidentes já nos próximos anos. A conclusão consta do relatório anual sobre segurança marítima da Allianz, divulgado no passado dia 24 de Março. De acordo com o Safety and Shipping Review 2015, elaborado pela Allianz Global Corporate e Speciality (AGCS), a redução do número de membros nas tripulações dos navios de transporte de passageiros, o crescimento do número de navios de grandes dimensões para o transporte de mercadorias em circulação por todo o mundo e a falta de capacidade das principais companhias para se defender contra ataques de hackers são alguns dos principais fatores de risco desta atividade.
De acordo com este estudo, os acidentes com navios de transporte de passageiros já representam cerca de 10 por cento do total de acidentes registados no sector do transporte marítimo. Ao todo, só em 2014, perderam-se sete navios de passageiros em todo o mundo, um número preocupante e que ficou evidenciado em casos como o Sewol e o Norman Atlantic. Três anos após a tragédia do Costa Concordia, os acidentes em que se envolveram estes navios voltaram a expor as fragilidades deste segmento no que diz respeito à preparação das tripulações e efetividade dos procedimentos de segurança em situações de emergência.
Segundo a AGCS, de uma forma geral, estas tragédias não se deveram a problemas de construção das embarcações, mas essencialmente à falta de resposta adequada por parte do pessoal de bordo. O recurso a tripulações cada vez mais pequenas – uma tendência generalizada e crescente no sector -, retira capacidade de resposta e implementação de mecanismos de segurança, conclui o relatório.

Navios maiores, riscos ainda maiores
E se a tendência no que diz respeito às tripulações nos navios de passageiros é para reduzir as dimensões, no que diz respeito ao transporte de mercadorias, o comportamento é exatamente o oposto. Em apenas 10 anos, a capacidade dos navios de contentores cresceu cerca de 80% e a inauguração, em janeiro passado, do MSC Oscar, o maior navio do mundo, com capacidade para 19 mil contentores, aliada à previsão da introdução de navios com capacidade para 22 mil contentores faz soar todos os alertas em termos de riscos, de acordo com o Safety and Shipping Review 2015.
Isto significa que um acidente com navios com estas caraterísticas terá inevitavelmente consequências bem mais graves, tanto no plano financeiro como ambiental, do que os acidentes com navios com as dimensões que habitualmente circulam nos nossos oceanos. Segundo as contas feitas pelo AGCS, as companhias que operem navios com estas dimensões devem preparar-se para perdas superiores a mil milhões de euros em caso de acidente.

Ciberataques vão ser mais frequentes
A generalização de sistemas eletrónicos de navegação, adotada com o intuito de reduzir os riscos de acidente e erro humano serão, igualmente, fatores de risco futuro na atividade deste sector. A AGCS sublinha que, embora o cibercrime e os ciberataques a operações de transporte marítimo não sejam ainda muito significativos, no futuro poderão vir a ser responsáveis por enormes perdas à escala mundial.
O Safety and Shipping Review 2015 refere que um ataque aos sistemas de controlo de bordo pode levar à perda da mercadoria e, em casos extremos, ao desvio de frotas inteiras de determinadas companhias. A tendência, revela também o relatório, passará ainda por um aumento do número de ataques aos sistemas informáticos dos portos, o que pode conduzir ao encerramento de terminais, ao acesso de informação confidencial sobre mercadoria transportada ou ao desvio de contentores.
Apesar dos riscos identificados, a AGCS reconhece que o número de acidentes que resultaram na perda total das embarcações registados no sector tem vindo a diminuir, de uma média de 127 acidentes por ano registada ao longo da última década, para 75 acidentes ocorridos em 2014. Em termos globais, em 2014, a Allianz identificou um total de 2.773 incidentes ocorridos em todo o mundo, com maior incidência nas regiões do leste do Mediterrâneo, do Mar Negro e do Mar do Norte.
Fonte: Allianz

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