Francisco Lobato Vencedor da Transat 6.5 2009

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No entanto, o português, que venceu a primeira tirada, entre La Rochelle e Funchal, registou menor tempo do que Dalin no total das duas etapas, terminando a prova com 26 dias, 19 horas, 39 minutos e 18 segundos, enquanto o francês concluiu a Transat 6.5 em 27 dias, 07 horas, 28 minutos e 10 segundos.
Com esta prestação, Francisco Lobato logrou um dos melhores resultados de sempre da vela portuguesa.
Recordamos que os grandes nomes mundiais da vela oceânica passaram por esta competição, um verdadeiro teste de resistência física e psicológica. O velejador luso ultrapassou todas as adversidades próprias deste tipo de competição e conquistou o título de vencedor para Portugal.
À sua chegada à Baía de Todos-os-Santos, velejadores e amigos reuniram-se no clube para felicitarem Francisco e ouvirem-no relatar os pormenores da regata.
À volta da tradicional caipirinha e de um prato de comida quente, Francisco foi contando a sua aventura.


«O balanço geral é muito positivo, atingi o meu objectivo. Ganhei a Transat. Depois, consegui usufruir dos prazeres da vida a bordo. Há dois anos foi tudo muito violento, estragou-se muito material. Este ano, tudo estava muito bem programado e preparado. Desta vez, não parti nada a bordo, tudo estava muito bem preparado, consegui controlar tudo. Mas deixem-me contar a regata desde a largada: estava muito cansado no Funchal, tive muitas actividades sociais. As crianças a bordo, que foi engraçadíssimo, as acções com os jornalistas, os almoços e jantares…, mas tudo isto não me deixou preparar muito bem a parte física ».

« Uma das minhas preocupações era não partir nada. Imaginem se, a 30 milhas aqui da costa brasileira, se parte o mastro. Seria uma desilusão. Tive alguns problemas com as comunicações, o meu VHF só comunicava com um dos barcos acompanhantes e, por isso, não sabia muito bem o que estava a acontecer com os outros », acrescentou Lobato.


«Nas Canárias, entrei bem, mas, depois, tive de me desviar. Até lá, estava na rota que tinha programado, só que, entretanto, os ventos de sudoeste rondaram para Oeste. Eu sabia que tinha uma boa vantagem de horas, mas, mesmo assim, consegui recuperar um bom número de posições na costa africana. Foi díficil, mas recuperei. Nos Doldrums, não tive problemas, andei mais para Oeste, preferi ‘pagar’ mais caminho, mas para não parar e não perder a regata. Nesta fase, acusei muito cansaço, estava moído e com uma enorme vontade de chegar », disse, prosseguindo :
«Faltavam ainda muitas milhas, mas tudo estava a correr bem. Adorei passar ao lado de Fernando de Noronha, mesmo ao lado, é muito bonito. No Recife, decidi ir para fora, não podia correr o risco da divergência de ventos que há por vezes. Perante a hipótese de haver muitas calmarias, baixei o Spi, saí da calmaria e acabei por ganhar vento. Quando tomei esta decisão, não sabia muito bem o que ia acontecer, mas era, sem dúvida, mais seguro. Ao chegar, tive a sensação de missão cumprida. Quando, há cino anos, me meti nesta aventura da Transat, não sabia como tudo ia acabar. Consegui. Atingi o meu objectivo. Sou vencedor da Transat ».


Francisco Lobato recordou ainda: « Em termos de sono, houve alturas em que dormi um pouco mais, tive a companhia de golfinhos e muitos peixes voadores, um deles até me bateu na cabeça. Houve alturas em que tinha a bordo oito ou nove peixes. Ao longo dos meses, aprendi imenso. Está provado que tenho uma boa equipa de trabalho, nada se estragou, tudo funcionou a bordo. Só a música é que teve problemas e o VHF, todo o resto do material não. Esta história da Transat já está resolvida e da melhor maneira – no pódio».

Depois de ter contado um pouco da sua vivência a bordo nestes últimos 20 dias e de ter recebido muitos abraços e telefonemas da família e amigos, Francisco Lobato recuperou algumas das muitas horas de sono em atraso, não antes de deixar o recado que havia muita a coisa a bordo para tratar e arrumar.
Deste modo, Francisco Lobato é o grande vencedor da Transat 2009, o único português que, até à data, cumpriu a mítica regata em solitário, num total de 4.200 milhas e com o merecido lugar no pódio.
A 17ª edição da Transat 2009, que ligou a cidade francesa de La Rochelle ao Funchal e a S. Salvador da Bahia, cumpriu-se em 20 dias.

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